O
libertário Alejandro Chafuen, argentino-americano, passou sua vida adulta se
dedicando a combater os regimes de esquerda e os movimentos sociais na América
do Sul e Central na tentativa de substituí-los por empresários do chamado
libertarianismo. O libertarismo, algumas vezes traduzido do inglês
como libertarianismo, é uma filosofia política que possui a liberdade como
seu núcleo. Libertários buscam maximizar a autonomia e liberdade de escolha,
enfatizando as liberdades políticas, associações voluntárias, e a primazia do
julgamento individual.
Estes grupos patrocinados pela Atlas
Economic Research Foundation, uma organização sem fim lucrativo conhecida como
Atlas Network (Rede Atlas), que Chafuen dirige desde 1991 festejou vitórias
recentes na América do Sul.
Recentemente esteve no Latin America
Liberty Forum, uma reunião internacional de ativistas libertários que a Rede
Atlas banca financeiramente.
A falta de recursos financeiros
aliados aos crescentes casos de corrupção na América Latina, fizeram com que
alguns governos de esquerda tivessem problemas para se manter no poder. Estes
libertários vislumbraram então o surgimento de uma oportunidade e uma demanda
por mudanças, e tinham pessoas treinadas para pressionar por certas políticas.
Com isso, diversos líderes ligados à Rede
Atlas conseguiram ganhar notoriedade: ministros do governo conservador
argentino, senadores bolivianos e líderes
do Movimento Brasil Livre (MBL), que ajudaram a derrubar a presidente Dilma
Rousseff.
Um exemplo vivo dos frutos do trabalho
da rede Atlas, que Chafuen testemunhou em primeira mão. Ele inclusive esteve
nas manifestações no Brasil e pensou: “Nossa, aquele cara tinha uns 17 anos
quando o conheci, e agora está ali no trio elétrico liderando o protesto” diz,
empolgado.
É a mesma animação de membros da Atlas
quando o encontram em Buenos Aires; a tietagem é constante no saguão do hotel.
Para muitos deles, Chafuen é uma mistura de mentor, patrocinador fiscal e
verdadeiro símbolo da luta por um novo paradigma político em seus países.
Uma profunda guinada a direita está em
marcha na política latino-americana, destronando os governos socialistas que
foram a marca do continente durante boa parte do século XXI – de Cristina
Kirchner, na Argentina, ao defensor da reforma agrária e populista Manuel
Zelaya, em Honduras –, que implementaram políticas a favor dos pobres,
nacionalizaram empresas e desafiaram a hegemonia dos EUA no continente.
Essa alteração pode parecer apenas
parte de um reequilíbrio regional causado pela conjuntura econômica, porém a
Atlas Network parece estar sempre presente, tentando influenciar o curso das
mudanças políticas.
A história da Atlas Network e seu
profundo impacto na ideologia e no poder político nunca foi contada na íntegra.
Mas os registros de suas atividades em três continentes, bem como as
entrevistas com líderes libertários na América Latina, revelam o alcance de sua
influência. A rede libertária, que conseguiu alterar o poder político em
diversos países, também é uma extensão tácita da política externa dos EUA, associados à Atlas que são discretamente financiados pelo Departamento de Estado e
o National Endowment for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia – NED),
braço crucial do soft power norte-americano.
Isso nos mostra que por trás de falsos
discursos pseudos moralistas contra a corrupção e os grupos de esquerda, o que
temos na verdade são grupos organizados com muitos recursos e disponibilidade
para ajudar políticos e empresários que não estão no poder a conquistá-los.
Essa mudança visa colocar no topo das
negociações o governo americano, obviamente o grande defensor da liberdade
(Deles) e a democracia dos outros.
Ao longo dos anos, a Atlas e suas
fundações caritativas associadas, realizaram centenas de doações para grupos
conservadores e defensores do livre mercado na América Latina, inclusive a rede
que apoiou o Movimento Brasil Livre
(MBL) e organizações que participaram da ofensiva libertária na Argentina,
como a Fundação Pensar, um grupo
da Atlas que se incorporou ao partido criado por Mauricio Macri, um homem de
negócios e atual presidente do país. Os líderes do MBL e o fundador da Fundação
Eléutera – um grupo neoliberal extremamente influente no cenário
pós-golpe hondurenho receberam financiamento da Atlas e fazem parte da nova
geração de atores políticos que já passaram pelos seus seminários de
treinamento.
No ano de 2018, teremos eleições no
Brasil, é preciso que nos informemos muito bem e saibamos quem está por trás de
cada candidatura. Que grupos apoiam segmentos de esquerda e direita. E quanto
dinheiro está sendo colocado em jogo para que podemos saber o que se
dará em troca deste apoio para eleger simpatizantes deste ou daquele segmento
político ou organizações como a Rede Atlas.
Fonte
de pesquisa realizada por Danielle Mackey
Nenhum comentário:
Postar um comentário