Distorcem-se fatos para
satisfazer
teorias, e não o contrário.
Sherlock Holmes
Depois do experimento da Microsoft com
o Tay, um bot que
interagia com usuários pelo Twitter e que acabou sendo transformado em um robô
nazista e ignorante no
início deste ano, muita gente começou a questionar como que a tecnologia
tem o poder de criar uma máquina capaz de aprender novas coisas e interagir com
outras pessoas sem ser controlada por qualquer indivíduo. Bom, trata-se de um
bot e chegou a hora de explicar, de uma vez por todas, o que é isso.
Primeiro, é preciso entender que um
bot é um programa de computador que foi fabricado para automatizar procedimentos,
geralmente repetitivos, em ordem de ajudar as pessoas. A palavra “bot” vem de
“robot”, que, em inglês, significa “robô”. Ou seja, um bot nada mais é do que
um robô, mas que existe apenas em formato digital.
Os bots não são exatamente uma novidade
tecnológica. Jogadores de videogame e computador estão acostumados a encontrar
bots principalmente em jogos clássicos como “Counter-Strike” e
"StarCraft", por exemplo.
Não é apenas a Microsoft que está
apostando nessa inovação para tentar dominar o mercado na próxima década, outros
gigantes do ramo também estão de olho nas novidades para ingressarem em peso no
setor.
Google e Facebook, por exemplo, já
trabalham com bots há algum tempo. Quando você busca algo na internet e essa
busca aparece em sua rede social, foi porque um bot a posicionou para você. Geralmente
isso acontece com a pesquisa por artigos comerciais.
Os Bots sem que uma grande maioria
soubesse, já tiveram papel importante nas eleições presidenciais de 2014, foram
fundamentais para o impeachment e agora, mais sofisticados, decidirão os rumos
da eleição de 2018.
O ano de 2014 foi um marco na política
brasileira. Pela primeira vez, a disputa eleitoral aconteceu em grande parte na
internet. É claro que, em 2010, a rede já existia, mas seu papel na tomada de
decisão dos eleitores era outro. Naquela época, predominavam os veículos
impressos, os portais e o SMS, todos com possibilidades de interação limitadas.
Em 2014 o engajamento foi aprimorado: o Whatsapp tomaria o país; o Orkut daria
lugar ao Facebook, uma rede social com base e conversações muito maiores, e a
sensação de insatisfação, que antes ficava oculta a comentários na internet, se
amplificaria em debates online e protestos.
Na época das eleições, enquanto Dilma
Rousseff e Aécio Neves se digladiavam em debates, discursos e programas de TV,
a força oculta da internet era usada como impulso extra. Um novo fenômeno
aparecia na campanha virtual: os robôs programados para replicar conteúdo, os
sociais bots.
Ainda que não tenha aparecido no mainstream
(conceito que expressa uma tendência ou moda principal e dominante, a tradução
literal de mainstream é "corrente principal" ou "fluxo
principal". Em inglês, main significa principal enquanto stream significa
um fluxo ou corrente). O pesquisador Daniel Arnaudo, da Universidade de
Washington, nos EUA, e do Instituto Igarapé, no RJ, mostrou em
estudo publicado em junho, que a ferramenta foi fundamental no processo
eleitoral e, também, no processo que culminou no impeachment de Dilma. "A
propaganda computacional em formas tais como redes de bot, notícias falsas e
manipulação algorítmica desempenham papéis fundamentais no sistema político na
maior democracia da América Latina", disse ao Motherboard.
Uma grande parte dos usuários replica
essas notícias mentirosas que ganham uma multiplicação sem precedentes e acabam
virando verdades para muitos incautos. [Se no Brasil já temos problemas demais
com corrupção, mentiras por parte dos governantes, com os Bots sendo utilizados
por estas pessoas bem remuneradas pelos partidos nas redes sociais, tornam-se
uma temeridade].
Hoje as redes de bots estão mais
fortes do que nunca. Os dados revelam que a atividade continuou, e ao mesmo
tempo, existe uma linha entre a campanha de 2014 e o processo de impeachment. A
campanha online nunca acabou, continuou depois da eleição de 2014, e só vem
crescendo até os dias atuais. As redes têm a prova desse fio entre o processo
de impeachment e a campanha eleitoral de 2014.
E não é só no Brasil que os Bots estão
aparecendo em campanhas eleitorais. O governo americano descobriu que a
propaganda eletrônica patrocinada pela Rússia teve papel importante nas
eleições de 2016. Essa afirmação veio diretamente do diretor
de inteligência nacional. Segundo ele, as táticas incluíram a distribuição
de notícias
falsas. O Facebook disse que seus dados internos não contradizem
essa afirmação.
Os robôs eleitorais saíram do armário
principalmente durante os debates de 2014. Após 15 minutos que o programa havia
começado hashtags relacionadas a Aécio Neves triplicavam. "Esse tipo de
aumento anormal é um forte indicador de que robôs estavam sendo usados,
especialmente quando hashtags rivais apoiando a presidenta Rousseff não
aumentaram numa proporção equivalente", diz o relatório.
E, de fato, foi possível provar a
ligação entre alguns robôs e simpatizantes da campanha de Aécio Neves. A
maioria dos retweets feitos pelos bots pró-Aécio tinha como fonte um
publicitário que
trabalhava para a campanha do tucano nas redes sociais. O PT usou das mesmas
táticas, embora em menor escala. E com eficiência menor. Um
documento de 2015 da
Presidência da República revelou que o partido da então presidenta também
possuía seu exército virtual, embora tenha causado menos estrago que a
oposição. Segundo o documento, foram gastos R$ 10 milhões para manter a
estrutura robótica mobilizada na campanha de 2014 funcionando entre novembro e
março.
É preciso que o cidadão comum, o
eleitor, ou aquele que apenas é usuário das redes sociais fique atento aquilo
que é postado nas redes e que antes de compartilhar algo, pesquise, saiba que
não está sendo usado por um partido ou por pessoas interessadas em algo que
nada tem a ver com ideologia nem campanha política, mas sim muito dinheiro as
suas custas.
https://g1.globo.com/politica/noticia/investigacao-revela-exercito-de-perfis-falsos-usados-para-influenciar-eleicoes-no-brasil.ghtml
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
Nenhum comentário:
Postar um comentário