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19 de novembro de 2024

A lógica da dominação capitalista simbólica!

É necessário estudarmos as modificações que aconteceram a partir da dominação simbólica do capitalismo nos EUA. Afinal, foram do solo americano que vieram as estratégias de dominação política nos últimos cem anos pelo menos.

Começando com a transformação do cidadão em consumidor, criação do Estado social, o caminho para a nova extrema direita mundial e, por fim, o ideário identitário neoliberal que o Partido Democrata abraçou desde 1990. Isso foi criado nos EUA antes de ser disseminado pelo mundo inteiro.

O grande império americano, colocou de lado a dominação política e militar em favor da influência econômica e cultural, logo após o término da segunda guerra mundial. Desenvolvendo durante séculos o imperialismo para dentro, recebendo estrangeiros, comprando ou conquistando países ao redor, como o México.

No final do século XIX, com a Revolução Industrial, os Estados Unidos passaram de uma economia predominantemente agrícola para uma das mais industrializadas do mundo. Fatores que contribuíram:

Inovação tecnológica: A invenção de novas tecnologias e a melhoria das infraestruturas (ferrovias, eletricidade, etc.).

Exploração de recursos naturais: Os EUA tinham vastos recursos naturais, o que possibilitou uma rápida industrialização.

Concentração de capital: Grandes corporações começaram a dominar setores como ferro, petróleo, e aço, com magnatas como John D. Rockefeller e Andrew Carnegie. Isso levou os EUA a se tornarem a maior economia industrial do mundo, com uma grande influência nas práticas capitalistas globais.

A partir do século XX, com o crescimento de grandes bancos e instituições financeiras, os EUA consolidaram sua posição como líder no sistema financeiro global. O dólar se tornou a moeda de reserva internacional, e o Federal Reserve, o banco central dos EUA, assumiu um papel fundamental na regulação da economia mundial.

Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA lideraram a criação de instituições financeiras internacionais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, que ajudaram a estabelecer a ordem econômica capitalista global. A ascensão do neoliberalismo nos anos 1980, com políticas de privatização, desregulamentação e liberalização do comércio, reforçou ainda mais o domínio do capitalismo baseado no modelo econômico dos EUA.

O domínio do capitalismo dos EUA também foi apoiado por seu poderio militar e geopolítico. Após 1945, os EUA se tornaram a principal potência militar e política do mundo. A Guerra Fria e a luta contra o socialismo e o comunismo (representado pela URSS) ajudaram a expandir o sistema capitalista para várias regiões do mundo, através de intervenções militares, apoio a regimes autoritários e políticas econômicas orientadas para o livre mercado.

O Plano Marshall, por exemplo, foi uma forma dos americanos ajudarem a reconstruir a Europa após a guerra, incentivando a adoção de práticas capitalistas e criando mercados para suas indústrias.

Além do domínio econômico e militar, os EUA também exerceram um grande impacto através do seu soft power, ou seja, sua influência cultural. A indústria do entretenimento, incluindo o cinema de Hollywood, a música (como o rock, o jazz e, posteriormente, o hip-hop), a moda e a tecnologia, contribuiu para a difusão de valores capitalistas em todo o mundo.

A ideia do "sonho americano", que sugere que qualquer pessoa pode alcançar o sucesso por meio de trabalho árduo e inovação, tornou-se um símbolo da promessa capitalista.

Nos últimos 40 anos, com o avanço da globalização, o capitalismo dos EUA se expandiu ainda mais, promovendo a liberalização do comércio e a interconexão dos mercados financeiros. As empresas multinacionais dos EUA, como Apple, Microsoft, Google, Amazon, e outras, dominaram setores globais como tecnologia, internet, e-commerce e mídia.

Essas empresas não apenas lideraram a inovação, mas também moldaram o modo de vida global, criando uma economia cada vez mais interdependente e centrada nas grandes corporações, muitas das quais têm uma influência maior do que muitos governos.

Embora os EUA tenham sido uma potência dominante do capitalismo global, o sistema tem enfrentado crescentes críticas, especialmente após a crise financeira de 2008. A crescente desigualdade econômica, a desindustrialização e a crítica ao modelo de capitalismo neoliberal têm gerado debates sobre a sustentabilidade do modelo econômico baseado nas grandes corporações, no consumismo e no mercado financeiro desregulamentado.

Além disso, com o surgimento de novas potências econômicas, como a China, o domínio dos EUA tem sido questionado, e há um crescente debate sobre os futuros paradigmas econômicos globais.

O domínio do capitalismo dos EUA foi uma construção histórica e multifacetada, envolvendo fatores econômicos, políticos, militares e culturais. No entanto, em um mundo cada vez mais multipolar e interconectado, o papel dos EUA no capitalismo global está sendo desafiado, embora ainda mantenham uma posição de liderança significativa em muitas áreas. O futuro do capitalismo, portanto, dependerá das respostas a questões como desigualdade, sustentabilidade e as dinâmicas do poder global.

Esse suposto declínio do império americanos passa diretamente pelo dólar e a sua importância para os americanos. Rússia, China e Índia, começam a fazer grandes negócios de importação e exportação com suas próprias moedas, derrubando e muito a circulação da moeda americana nas grandes transações de petróleo, gás e outros negócios. É o começo de uma enorme dor de cabeça para os Ianques.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Bombas de ‘Tio França’ não são caso isolado, são terrorismo bolsonarista!

Foto de Gabriela Biló da Folhapress.

Extremismo bolsonarista volta à Praça dos Três Poderes para espalhar terror e bombas. Mas, quem explode mesmo são as chances da anistia aos seus colegas do 8 de janeiro. Quase 2 anos após o atentado contra a democracia do 8 de janeiro, o bolsonarista Francisco Wanderley Luiz, o “Tio França”, planejou um atentado a bomba no Supremo Tribunal Federal, o STF. Levou explosivos ao prédio do tribunal, mas não conseguiu entrar.

Jogou alguns rojões na direção do prédio e, ao ser confrontado pelos seguranças, resolveu cometer o suicídio em frente à estátua da justiça, na praça dos Poderes. Embriagado pela ideologia bolsonarista, Francisco quis fazer do seu suicídio um ato político.

A polícia ainda investiga se há outras pessoas relacionadas diretamente ao atentado. Mas as circunstâncias políticas já estão dadas. É possível dizer com absoluta convicção que não se trata de um episódio isolado ou ocorrido no vácuo. 

Ao contrário do que afirmou Jair Bolsonaro no X, Francisco não era um lobo solitário, um maluco qualquer, mas um fanático forjado pelas paranoias produzidas pelos gabinetes do ódio e pelos discursos bélicos do ex-presidente contra a democracia, especialmente contra o STF. 

Assim como tantos outros golpistas do 8 de janeiro, o catarinense foi candidato a vereador pelo PL e era um militante bolsonarista ativo nas redes sociais. Pelo teor das mensagens publicadas por ele, trata-se, sem dúvida, de um perturbado mental teleguiado pelas narrativas fabricadas pelo bolsonarismo. 

Em uma mensagem publicada no Facebook, Francisco antecipou o ato terrorista que faria no STF: “Vamos jogar??? Polícia Federal, vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Geraldo Alckmin, Fernando Henrique Cardoso… Vocês 4 são VELHOS CEBÔSOS nojentos”, escreveu.

Perceba que a linguagem do texto segue à risca os padrões delirantes da militância bolsonarista: tem uma provocação à Polícia Federal, um prazo de 72 horas e chama de “comunista” qualquer direitista que não siga a cartilha bolsonarista. O palavreado é muito parecido com o utilizado por Carluxo em seus tweets e poderia ter sido escrito por qualquer militante bolsonarista. 

Em outras mensagens, Francisco deixa claro que fará do seu suicídio um ato político que terá consequências positivas ao país: “Vamos brindar?? Não chores por mim! Sorria!! Entrego minha vida para que as crianças cresçam com liberdade. Que o coração de pedra dos homens maus e injustos derreta igual açúcar. Assim os novos governantes terão atitudes mais doses (doces). Aqui de cima posso ver claramente as cores do nosso lindo e amado Brasil, verde, amarelo, azul e branco. SOMOS UMA NAÇÃO ABENÇOADA!”.

O tom messiânico do texto mostra que ele se vê como um mártir da causa bolsonarista. 

O passado recente nos mostra que há uma alcateia de lobos dispostos a usar violência e praticar atos terroristas para atingir seus propósitos. Tivemos o episódio do caminhão-tanque que bolsonaristas planejaram explodir no aeroporto de Brasília após a eleição de Lula.

Um pouco antes, tivemos o “Acampamento dos 300”, um grupo paramilitar liderado por Sarah Winter que se instalou em Brasília em 2020 e marchou em direção ao STF com tochas de fogo. Depois de presa, Winter admitiu que as ameaças ao tribunal eram orientadas pelo Planalto. Isso para não falar no plano dos militares para fazer uma emboscada contra Alexandre de Moraes para sequestrá-lo ou do plano de golpistas de 8 de janeiro para enforcá-lo na praça dos Três Poderes.

Não, Francisco não era um lobo solitário. Além desses e do 8 de janeiro, há muitos outros episódios de violência liderados por extremistas lobotomizados. O flerte com o terrorismo é uma constante nas narrativas bolsonaristas.

Como se vê, o terrorista não surgiu do nada. Ele é fruto claro e inequívoco da visão de mundo lisérgica e doentia do bolsonarismo e sua campanha permanente contra a democracia. Jair Bolsonaro passou boa parte dos 4 anos do seu mandato ameaçando o STF e incentivando a população a se armar.

Em 2021, durante um ato golpista na Av. Paulista, o então presidente afirmou: “Quero dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”.

Em diversos outros momentos, o então presidente incentivou o povo a se armar para se preparar para uma guerra civil: “Povo armado jamais será escravizado. Comprem suas armas”. Ainda não se sabe se havia mais pessoas por trás do ataque terrorista, mas não há dúvidas de quem forneceu o combustível ideológico. O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros líderes do bolsonarismo são politicamente responsáveis por mais esse atentado.

Com as bombas de Tio França, as chances da anistia foram pelos ares

Se a eleição de Trump nos EUA serviu para animar a tropa e fazer o bolsonarismo a estufar ainda mais o peito contra o STF, as novas explosões em Brasília caem como um balde de água fria para seus propósitos. Políticos bolsonaristas já admitem que, se as chances de anistia já eram remotas, agora são nulas.  A Folha teve acesso a conversas entre bolsonaristas do Partido Liberal, o PL, no WhatsApp e constatou o clima de velório.

“Parece que foi esse cara mesmo. Agora vão enterrar a anistia. Pqp”, escreveu Gustavo Gayer (PL-GO). O deputado Capitão Alden (PL-BA) respondeu dizendo que “lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia”. Em outra mensagem, o deputado Eli Borges (PL-TO) escreveu “se tentou ajudar, atrapalhou”. 

O sonho da anistia para os golpistas foi enterrado de vez com as explosões em Brasília. A relação do atentado com o inquérito do 8 de janeiro é evidente e a Polícia Federal já informou que enviará a investigação para o relator Alexandre de Moraes. 

O ato terrorista reforça o óbvio: o 8 de janeiro “não foi um domingo no parque” como o bolsonarismo insiste em querer fazer parecer. Ele continua no imaginário bolsonarista e seus atos violentos seguem inspirando parte da militância. É fundamental e urgente que o país puna exemplarmente todos mentores políticos desses atos terroristas. Anistia nunca mais!

Autor: João Filho – Publicado no Site Intercept_Brasil.

15 de novembro de 2024

Uma sociedade que não luta por seus direitos!

 

Temos no Brasil uma parcela significativa da nossa sociedade demonstrando dissociação e discordância de suas funções psíquicas, perda de unidade da personalidade e ruptura de contato com a realidade.

São sintomas de esquizofrenia em processo acelerado. Não reagem as pautas impostas pelo Congresso Nacional, cuja extrema-direita tolhe benefícios da classe trabalhadora como se estivessem se vingando dos partidos de esquerda. Não fiscaliza, não cobra e nem se dá ao trabalho de se interessar pelo que são direitos comuns de todos.

Uma pequena parcela dos políticos de direita e extrema-direita querem impor coisas que não são espelhadas no chamado primeiro mundo, ao contrário, estamos cada vez mais andando para a direção da Idade Média. Estes são políticos desconectados com os desejos do povo, trabalhando em prol de uma elite gananciosa, preconceituosa tanto quando alhures da nossa realidade.

A grande mídia que deveria exercer um papel determinante fica tergiversando e apoiando tacitamente essa escória que é improdutiva, não constrói nada, apenas atrasa nosso desenvolvimento em nome de um vazio que eles pensam ser ideologia.

Claro que eles foram eleitos e reeleitos pelos nossos eleitores, que são parte comum da sociedade brasileira. Pessoas que acreditam em absurdos que fariam corar um europeu. Como por exemplo, o comunismo vai voltar, as igrejas evangélicas serão fechadas, e outras mentiras disparadas em aplicativos de mensagens e redes sociais à exaustão.

O cidadão comum está mais preocupado em comprar um novo celular do que em ler um bom livro, se aprofundar na verdade do nosso tempo. Ao contrário, acredita piamente nas mentiras que políticos rasteiros, baixos e sem capacidade alguma lhes faz engolir diariamente.

O Brasil estava dividido no período entre as eleições de 2014 e 2022. Hoje posso afirmar que 60% da nossa sociedade está à direita, comungando com mentiras, atraso, bobagens e sendo enganado pelos políticos que venera. Se acordar, quando isso acontecer, terá perdido direitos trabalhistas e estará vendo os ricos ainda mais ricos, e eles mais pobres não somente de dinheiro, mas de informação, cultura e dignidade.

Nosso povo se orgulha de ser atrasado, de viver longe da realidade que países como Canadá, Finlândia, Suíça, entre outros vivem. Aqui, temos os espertos, os que tentam dar golpe na democracia e depois fogem para a Argentina, onde um presidente pouco inteligente comanda a queda de um país ao levá-lo ao caos e a miséria.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.