Primeiro, a Polícia Federal trabalhou silenciosamente, reunindo as peças do quebra-cabeça sobre a organização criminosa estruturada por Bolsonaro e seus aliados, tanto militares quanto civis. Um processo longo, exaustivo e contendo minuciosamente todas as etapas do planejamento do golpe de estado e da morte do presidente da república, seu vice-presidente e o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A investigação continha os fatos desde o final da eleição, com os atos golpistas de invasão de estradas, acampamentos na frente de quartéis, tentativa de invasão da sede de Polícia Federal no dia da diplomação de Lula e Alckmin pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a tentativa de explosão de um caminhão tanque carregado de combustíveis ao lado do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek.
Depois, os relatos da invasão da esplanada na Praça do Três Poderes, com a destruição, roubo e vandalismo do STF, Palácio do Planalto e Congresso Nacional. Tudo feito com base em fotos, áudios, vídeos e documentação farta que compuseram um processo de 800 páginas entregues à Procuradoria Geral da República (PGR).
Os procuradores se debruçaram sobre o extenso processo e, meses depois, apresentaram o mesmo ao Supremo Tribunal Federal. Coube então aos cinco ministros da primeira turma o julgamento para aceitação ou não dos indiciados como réus. Fizeram parte do julgamento os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Na manhã de outono de 26 de março, as águas de Tom Jobim rolaram na planície central com o anúncio da aceitação do processo que tornaram réus: Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.
Qual a sequência do processo?
Os oito denunciados passarão à condição de réus. A partir daí, será aberta uma ação penal na qual PGR e defesas poderão apresentar provas e depoimentos.
No final do processo, os ministros julgarão se houve crime e, se condenados, os réus poderão pegar penas de prisão.
Qual o teor da denúncia?
A PGR afirma que Bolsonaro e aliados formaram uma organização criminosa estável, com divisão de tarefas, para promover a ruptura democrática. Os crimes apontados são:
· Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
· Golpe de Estado;
· Organização criminosa;
· Dano qualificado ao patrimônio da União;
· Deterioração de patrimônio tombado.
Os bolsonaristas, os políticos de direita e extrema-direita e uma parcela da grande mídia vira lata do nosso país não se conformam com o processo e seu resultado inicial com a aceitação dos crimes que tornaram réus Bolsonaro e seus parceiros criminosos.
Para quem paga impostos, tem inteligência e oxigenação cerebral pouco importa a opinião deles na atual conjuntura. Até porque foram eles mesmos que estiveram ao lado do golpe militar em 1964, no Impeachment criminoso de Dilma Rousseff e durante o desgoverno do vagabundo das motociatas e das mamatas ao lado dos filhos, sem nunca se colocarem a favor do Brasil, sempre a favor das elites financeiras e empresariais.
Se
Bolsonaro fugir, possibilidade que existe, não tem problema: o julgamento irá
continuar e, sendo condenado, será considerado fugitivo, não podendo retornar
ao solo brasileiro, sob pena de ser preso, e nem poderá ser candidato a cargo
eletivo algum até o final de seus dias. Isso, na verdade, será um alívio a quem
preza pela democracia e pelos valores éticos e morais deste país.
Autor: Rafael Moia
Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado
em Gestão Pública.