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2 de dezembro de 2025

A doce vida de um deputado sem escrúpulos!

Mesmo tendo mudado para os Estados Unidos em março/2025 em busca de sanções contra o Brasil para tentar salvar seu pai da cadeia, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) continua custando muito dinheiro para o contribuinte brasileiro. Um deputado que pode ser considerado para os habitantes do nosso estado como uma completa nulidade, afinal nunca teve um único projeto aprovado para ajudar São Paulo. Sua residência no nosso Estado é apenas subterfúgio eleitoreiro.

Desde o início de 2025, o gabinete do filho do ex-presidente presidiário, que trabalhou apenas 13 dias na Câmara, acumula despesas de R$ 1.317.366,20 (Um milhão, trezentos e dezessete mil, trezentos e sessenta e sei reais e vinte centavos). Os dados são do Portal da Transparência do Legislativo. 

Durante o ano, 12 pessoas trabalharam para Eduardo Bolsonaro. Hoje, seu gabinete tem nove profissionais recebendo dinheiro público, com salários entre R$ 7,5 mil e 23,7 mil. Entre os “empregados” está Telmo Broetto, ex-agente da Abin e ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL).

Encargos trabalhistas como 13º, férias e auxílio-alimentação não são cobertos pela verba de gabinete – são pagos com recursos da Câmara. Ou seja, o gasto final para o contribuinte acaba sendo ainda maior. 

A segunda maior despesa foi com os salários do próprio parlamentar. Até março, quando pediu licença, Eduardo Bolsonaro recebeu seu salário de R$ 46.366,19.

Depois, após muita pressão, foi obrigado a se licenciar, ficando sem receber por três meses (abril, maio e junho). Quando acabou a licença, o parlamentar voltaria a receber seu salário normal a partir de julho, mês em que ele abocanhou um último valor, mas o ministro Alexandre de Moraes barrou os pagamentos. Mesmo assim, durante o ano ele tirou R$ 153.742,00 pelo seu “trabalho” na Câmara. 

O deputado do Partido Liberal (PL) consumiu ainda, entre os meses de janeiro e março, quase R$ 70 mil do chamado “Cotão”, pelo qual os parlamentares são reembolsados mensalmente para custear gastos com combustível, passagens aéreas, aluguel de veículos, divulgação do mandato e manutenção de escritórios, entre outros.

Desse total, R$ 33,586,73 foram para manutenção de escritório político, R$ 26.046,34 com aluguel de veículos, R$ 3.819,43 com passagens aéreas e mais R$ 4.537,24 com outras despesas não detalhadas. O filho de Bolsonaro – cuja família é conhecida por comprar imóveis com dinheiro vivo – também usou R$ 12.759,00 do auxílio-moradia.

Apesar de tudo, inexiste por parte da direção da Câmara Federal qualquer intenção de cassar o mandato do mandrião que vive nos EUA, mas permanece no cargo. Ao seu lado encontram-se também a condenada foragida da justiça presa numa presidio da Itália Carla Zambelli também do famigerado Partido Liberal – PL/SP. Outro foragido condenado é Alexandre Ramagem PL/RJ, condenado há 16 anos de prisão. Fugiu com ajuda de correligionários de seu partido para viver nos EUA.

Esses são os membros da direita bolsonarista extremista que não abrem mão dos seus cargos, mesmo estando fora do pais, condenados ou não pela justiça brasileira. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

1 de dezembro de 2025

Dois milhões de motivos para ficar feliz.

 

 Arte: Celso Luis Pereira - Designer.

Hoje, dia 01 de dezembro de 2025, este Blog Falando Um Monte alcançou a expressiva marca de mais de dois milhões de acessos em seus 17 anos e seis meses de existência. Isso me deixa muito feliz e renova meu compromisso com a seriedade dos artigos postados me enchendo de orgulho e ainda mais motivação.

Jamais imaginei em 2008 quando comecei a fazer as primeiras postagens que fosse alcançar tamanha notoriedade e visibilidade, tanto no Brasil como em alguns países no exterior. Neste período foram mais de 2.540 artigos de minha autoria e de diversos cronistas, jornalistas e autores publicados.

O fato se torna ainda mais significativo num tempo em que muitas pessoas deixaram de ler jornais, revistas e livros, num tempo de tecnologia de fácil acesso via celular transformando a comunicação.  

Obrigado a todos que acessam e compartilham os artigos publicado no Blog. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Colégios cívico-militares: A escolinha dominical do Cristofascismo.

Escola cívico militar (Foto de Marcelo Camargo da Agência Brasil).

Um processo de mutação cognitiva cuja finalidade é desumanizar crianças e adolescentes e produzir fascistas, alerta Ricardo Nêggo Tom.

O projeto de poder teocrático e extremista de direita segue avançando dentro da sociedade mundial, conceituando sociologicamente a questão. E um dos alvos principais deste roteiro macabro e globalizado, são as crianças e adolescentes. Numa espécie de paráfrase de um pedido feito por Jesus Cristo, que recomendou que deixasse que as crianças fossem até ele, os extremistas usam Jesus como fachada para o seu projeto de destruição, e desejam que as crianças vão até eles e os ajudem a construir o reino do fascismo na terra. Um reino que ao invés de jorrar leite e mel – como a terra prometida descrita na Bíblia - jorra sangue e fel por todos lados. Como antítese da Canaã próspera e abundante prometida ao povo de Israel, o mundo da extrema-direita louva a destruição, a fome e a morte.

A militarização da educação pública no Brasil atende ao objetivo principal de doutrinar mentes em formação, estimular um raciocínio voltado para o preconceito contra as chamadas minorias, e instar os recrutados a promoverem uma guerra sociocultural no país. Tomemos como exemplo um vídeo (https://x.com/lazarorosa25/status/1994739852261085541) que está circulando nas redes sociais, onde alunos de um colégio cívico-militar de Curitiba estão cantando uma música que faz apologia ao ódio e à violência contra a favela. Os chamados “cantos de guerra” comumente entoados durante treinamentos e exercícios militares, estão sendo introduzidos nas escolas para tornar lúdica a lobotomia a qual estão sendo submetidos os estudantes.

Um trecho da “canção” diz: “Homem de preto o que é que você faz? Eu faço coisas que assustam o satanás. Homem de preto qual é sua missão? Entrar na favela e deixar o corpo no chão”. Aqui temos uma clara criminalização dos moradores das favelas, classificando a todos, sem exceção, como bandidos e alvos de uma perseguição institucional por parte das forças de segurança do Estado. Ao mesmo tempo, vemos um lapso de coerência na licença poética apresentada na letra da música em questão, quando um modelo de ensino que se diz alinhado a moral, a fé cristã e aos bons valores, se propõe a fazer algo que nem satanás – o inimigo imaginário da fé cristã – jamais faria e ficaria assustado se visse alguém fazer. Como diria aquela música dos Engenheiros do Hawaii: “o fascismo é fascinante e deixa gente ignorante fascinada”

Como uma espécie de escolinha dominical do cristofascismo, a educação cívico-militar não apenas suprime a autonomia e a liberdade de pensamento e existência dos alunos, mas sobretudo, produz seres humanos que irão suprimir a autonomia e a liberdade de pensamento e existência dos outros. E isto será feito por meios opressores, violentos e até letais, como sugere a canção de guerra citada anteriormente. Não há ineditismo em tal projeto, mas apenas a repetição de uma tragédia como farsa. A Juventude Hitlerista foi um exemplo, quando crianças e jovens alemães, entre 6 e 18 anos de idade, eram obrigados a se alistar na instituição para serem treinados de acordo com os interesses nazistas. Assim como Hitler, os extremistas brasileiros sabem que o modelo de escola pública no país não é capaz de “fascistizar” a juventude. Por isso, é preciso propor novos modelos educacionais que favoreçam seus planos, sob a égide da qualificação do ensino.

Eu consideraria que estamos diante de uma tentativa de impor um modelo cívico-teocrático-militar, onde a linguagem religiosa cristã é introduzida para dar mais legitimidade ao projeto. Deus como a base da educação, o Estado como seu representante legítimo, e os alunos como instrumentos de sua vontade e futuros soldados que defendem a manutenção da ordem teocrática-militar dentro de uma “nova” civilização. A invasão neopentecostal nas escolas e universidades do país, promovendo intervalos bíblicos e supostos cultos de avivamento e conversão onde alunos entregam suas almas para Jesus, é parte de um roteiro que conta com a colaboração de muitos representantes do Estado. Inclusive, do campo progressista. Uma farsa que nos levará a uma tragédia social que pode se configurar como o nosso apocalipse particular. Um conto da aia na vida real que causará muita dor e ranger de dentes.

Uma das estratégias utilizadas para rebater os críticos desse projeto cristofascista, é dizer que aqueles que se opõem são do mal, pertencem ao diabo e que estão incomodados com a presença de Jesus na educação brasileira. Nada é de novo no front, mas é algo que ainda conta com muito apelo popular por invocar o cristianismo como defensor da ideia. Para potencializar ainda mais o projeto e atrair mais adeptos e simpatizantes, artistas e personalidades estão sendo recrutados, ou se permitindo recrutar, para fortalecer o discurso de transformação social através da conversão ao “reino de Deus”. As atividades dos “Legendários das montanhas” – onde artistas e empresários se submetem a uma espécie de treinamento militar para se reconectarem com a sua essência divinamente masculina – são um exemplo. Sem falar na adesão de artistas completamente esquecidos pelo público, que resolverem aparecer transtornados, digo, transformados, e defendendo fascistas como se estivessem produzindo arte.

Quando a teóloga alemã Dorothee Sölle cunhou o termo “cristofascismo”, ela chamava a atenção para o revisionismo evangélico que os seus artífices fariam para tentar desconstruir a ideia de um Cristo voltado para a promoção da igualdade e defesa dos pobres e marginalizados. Até porque, instituído como um símbolo de poder e realeza divina e terrena num mundo injusto e desigual, Jesus, o “rei dos reis”, não poderia estar ao lado dos menos favorecidos. Ele seria um justo juiz. E a sua justiça, dentro de uma visão cristofascista, consiste em naturalizar as desigualdades e os preconceitos, legitimar a violência imposta contra a “rebeldia” daqueles que lutam contra eles e santificar aqueles que reprimem toda e qualquer tentativa de tornar o mundo um ambiente mais igual, mais justo e mais fraterno.

Quando o deputado Nikolas Ferreira declarou que “Jesus não veio acabar com a pobreza, ele veio pagar um preço que ninguém poderia pagar”, e Bolsonaro afirmou que “Jesus Cristo não comprou uma pistola porque não tinha naquela época", eles estavam propagando uma fé cristofascista que diviniza o ser humano e humaniza o ser divino à imagem e semelhança do transmissor da mensagem. Ambos defendem a morte, seja como salvação religiosa, seja como salvação social. A ideia de que foi preciso Jesus morrer em alto grau de dor e sofrimento para que a humanidade tivesse vida eterna, e que ele teria uma arma para se defender dos seus perseguidores à época, sugere que devemos entregar a nossa vida pelo “projeto de salvação”, e matar todos aqueles que se opõe a ele para fazer a vontade de Deus.

Uma lógica fascista alicerçada em princípios ideológicos e estratégias de comunicação que sustentam e defendem sistemas políticos autoritários e ultranacionalistas, suprimindo subliminarmente o conceito de democracia e os direitos individuais. Uma essência extremista que reside na primazia absoluta do Estado sobre o indivíduo, na crença em hierarquias naturais e na designação de homens escolhidos por Deus para fazer a sua vontade na terra e na justificação da violência para atingir objetivos políticos a pretexto da defesa dos interesses nacionais. Nesta lógica prevalece o culto a um líder, a padronização do comportamento e a glorificação da guerra e da força e estratégia militares como meios para se promover a grandeza da nação. O nosso conto da aia nunca esteve tão próximo da materialização. 

Autor: Ricardo Nêggo Tom - Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247. Publicado no site Brasil 247.