Queima o país em incêndios criminosos. O lindo pôr
do sol é retrato da poluição, o espectro de espalhamento da luz se expande
porque partículas estão no ar, não o amor, como diz a letra da música de John
Paul Young. E surgiu uma nova coloração vermelho alaranjada que estampou os
céus, as capas de jornais e revistas e as apresentações televisivas. Bonito
cenário, porém perigoso. Poucos são os fogos iniciados naturalmente, sim,
porque raios que vêm da atmosfera existem, mas são raros. É o ato de riscar um
palito de fósforo ou acender um isqueiro que está por trás de mais uma
calamidade ambiental e respiratória. As cores, novamente eles, são fruto de
transições eletrônicas, com partículas subatômicas excitadas pelo calor e
devolvendo a energia obtida na forma de luzes. Sim, a química, a mais bela das
ciências, tinha que estar presente. O fogo é tido e havido como elemento de
limpeza e o que ele faz é transformar o exuberante verde e o colorido múltiplo
de flores em cinzas, uma nefasta mescla de preto e branco. Queimadas e secura
são o que resta (https://horacampinas.com.br/artigo-queimadas-e-secura-por-adilson-roberto-goncalves/)
A arte é revolucionária e, paradoxalmente, deveria incendiar a sociedade, associada à quebra de padrões, ao questionamento, à inclusão. Há, porém, uma arte patrocinada por agentes retrógrados, inexplicável idiossincrasia em primeira análise. Conservar ditames antigos não significa desprezar o novo, ao menos assim deveria ser porque a arte tem múltiplas cores. Dentre elas, nomeio a música clássica, destacando que Campinas celebra o mês Carlos Gomes a partir de primeiro de setembro. Programação muito boa (https://portalcbncampinas.com.br/2024/08/campinas-recebe-programacao-do-mes-carlos-gomes-a-partir-de-domingo/). É o tipo de arte que também pode ser instigante, desde que se aprecie conhecendo-a. Cinema é outra das artes, diretamente envolvida com as cores, reais e metafóricas. Como boa notícia da sétima arte temos que o filme "Ainda estou aqui", de Walter Salles, está no Festival de Veneza, e outros brasileiros também são destaque lá e com chances de premiação. É um grande feito! Estamos acostumados apenas a valorizar o vencedor em competições desse tipo, esquecendo o quão difícil é ser selecionado. O elenco e a história contada de Eunice e Rubem Paiva dão um toque especial e importante, em função de mais um momento de ascensão do extremismo de direita pelo qual estamos passando.
As redes sociais são mais apropriadamente chamadas
de antissociais. Eu comecei no Orkut por haver grupos que realmente discutiam
assuntos. Depois veio o Facebook por ser o único meio de me comunicar com
alunos, pois descobri que eles não liam meus e-mails. E assim fiquei com meus 5
mil "amigos". Nem na pandemia criei vídeos para viralizar no YouTube
ou investi em espaços virtuais que valorizam imagens e não os textos. Hoje,
criei perfil no Instagram, sem saber por que e sem colocar fotos, o que, pelo
que vi, é uma heresia. Mas como pecados são os crentes que têm, sou pio ser dar
um pio. E o piado do Twitter já deixou de existir antes mesmo da guerra dos X.
Ou dos xises? Qual o plural de uma letra tão singular? WhatsApp é o que me
resta, torcendo para que os assuntos dos grupos fiquem ali restritos. Não é bem
isso, ignaros da boa convivência insistem em enviar os demoninhos de seus
candidatos (não pode ser "santinho" aquilo) em grupos supostamente
culturais. Parece que todo o colorido das redes sociais está se transformando
em pálidos pretos e brancos, sem destaques, sem contrastes. Reproduz a mesma
estética fascista vista em outdoors de obras públicas estaduais.
Autor:
Professor Adilson Roberto Gonçalves – Pesquisador da Unesp -Academia de Letras de Lorena - Academia Campineira de Letras e Artes -Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas -Instituto de Estudos Vale paraibanos - União Brasileira de Trovadores - Seção Campinas. Publicado no Blog dos Três Parágrafos.
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