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20 de setembro de 2024

Ao ler sobre esse caso, como defender um político depois?

 

A cada eleição no Brasil, cresce o contingente de ausentes (votos nulos, em branco e abstenções). Algo que beira de 40% a 45% a cada nova eleição. Um dos motivos é justamente o comportamento péssimo, inadequado e até criminoso de alguns políticos.

Vejam, por exemplo, o caso divulgado na mídia do prefeito Edmilson Rodrigues de Belém do Pará, único prefeito do PSOL em uma capital do país que mantém 662 assessores vinculados ao seu gabinete. Do total, 610 não prestaram concurso público. Trata-se de contratações de caráter político.

Candidato à reeleição, Edmilson fez com que o valor dos gastos com a folha de pagamento saltasse de R$ 450 mil ao mês para algo em torno de R$ 2.125 milhões por mês. Um cruzamento de dados realizado pelo professor Sergio Praça, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, mostra que dos 662 assessores, 163 dos funcionários comissionados são filiados ao PSOL. Do PT, partido do vice-prefeito Edilson Moura, são 24 pessoas.

No papel e no discurso da bancada no Congresso, o PSOL é contra a privatização e critica o inchaço da máquina pública. No entanto, seu único prefeito a governar uma capital adotou práticas que não diferem do que existe de pior e mais nefasto na política tradicional.

O prefeito levou para seu governo representantes de duas correntes do PSOL — a Primavera Socialista, a qual integra, e a Revolução Solidária.

As secretarias são divididas entre PSOL, PT, PCdoB, PV e PDT — apenas partidos de esquerda. A gestão é marcada pela baixa popularidade, por denúncias de superfaturamento, greves e pelo inchaço da máquina pública.

A presidente do PSOL, Paula Coradi, diz que o governador Helder Barbalho (MDB-PA) prejudica a gestão de Edmilson, que o governo Bolsonaro "não mandou R$ 1 para Belém" e que o prefeito "enfrentou a máfia do lixo". Porém, como ela justificaria esse inchaço sem precedentes da máquina administrativa da prefeitura comandada por seu partido?

Não adianta criticar a extrema direita, se quando no poder o partido de esquerda cometa os mesmos crimes contra a administração pública. Assessores contratados em concurso público e numa quantidade que talvez nem caiba dentro do mesmo prédio é um acinte, um desaforo para a população que não tem emprego, não consegue receber salários dignos em seus subempregos e ainda custeiam com impostos essa aberração.  

É claro que isso provoca revolta e acaba, de certa forma, afastando os eleitores da política brasileira, que ao invés de dar exemplos de ética e honestidade, descamba para as piores práticas de gestão pública possíveis.

Não à toa, o prefeito está em 3º lugar nas pesquisas eleitorais de Belém do Pará. Não poderia ser diferente, ele perde para o candidato apoiado pelo governador Helder Barbalho – MDB/PA que tem 33% das intenções de votos e para o candidato apoiado pelo inelegível que tem 22% das intenções de votos. Enquanto que o Mr. Assessores tem apenas 10% das intenções de votos, provavelmente votos dos assessores, familiares e amigos.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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