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9 de fevereiro de 2024

Plano de Saúde: embora essencial, está ficando impagável!

 

Todos sabemos que a saúde custa caro e, embora o Brasil tenha um Sistema Único de Saúde público, que é invejado por muitos países, carece de aperfeiçoamentos que pudessem receber mais brasileiros para fazer parte de seu grupo de usuários.

Exames demorados, consultas com muitas filas, além de alguns procedimentos que não são cobertos, são seus grandes problemas, o que em tese afasta muitos brasileiros.

Entretanto, a população brasileira está envelhecendo e, com isso, os Planos de Saúde privados vão se tornando cada ano mais caros e inacessíveis para a classe média e os aposentados. Justamente quando mais precisa da retaguarda da saúde, o brasileiro menos a tem.

Em 2023, milhões de brasileiros foram impactados pelos reajustes no valor cobrado pelos planos de saúde no Brasil que superaram — e muito — o índice da inflação no mesmo período. Pelo IPCA, índice que mede a inflação nos preços de bens e serviços no país, 2023 fechou em 4,72% ao ano. Contudo, no setor da Saúde e cuidados pessoais, o aumento nos preços foi de 11,2%, com maior contribuição vinda dos reajustes dos convênios.

Os planos coletivos, que englobam a maioria dos brasileiros com convênio, são negociados sem teto para o aumento. Os planos individuais são regidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que fixou o teto do reajuste em 9,63% em 2023. Mas uma análise publicada pelo BTG Pactual no relatório "ANS Pricing X-Ray" indicou que os reajustes nos planos coletivos por adesão ou corporativos foram de até 25%. O reajuste médio dos convênios médicos ultrapassou até mesmo a valorização do salário mínimo, que em 2024 está em R$ 1.412, aumento de 6,97% em relação ao valor anterior (R$ 1.320).

Muitos brasileiros têm cortado familiares mais jovens dos seus planos de saúde para poder manter os mais idosos nos planos. Em Bauru, a Unimed cobra de uma família com quatro pessoas com idades de 65, 57, 30, e 26 anos o valor mensal de R$ 1.940,00 (Um mil novecentos e quarenta reais). Isso é só da mensalidade, sem contar o custo de exames e procedimentos adicionais.

A justificativa dos donos das empresas que administram os Planos de Saúde são as mesmas para o tão alto aumento nas mensalidades: "é indispensável para garantir a manutenção e o aperfeiçoamento da oferta da assistência médica a seus beneficiários". Ou ainda: “evolução do custo da assistência; a obrigatoriedade da oferta de tratamentos ‘cada vez mais caros, com doses, em alguns casos, a cifras milionárias’ e a ocorrência de fraudes e a judicialização”.

Percebam que não explica, nem justifica, num país com aumento do salário mínimo de 6,97%, os planos terem até 25% de reajustes. Isso se chama ganância, que é motivada pelo fato de que os administradores sabem que a maioria não quer ficar refém dos SUS, motivo pelo qual nadam de braçada.

 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABL, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Um comentário:

Maria Angélica disse...

Realmente, acaba se tornando impraticável manter um Plano de Saúde e poucos conseguem. Isso, infelizmente, se reflete no SUS que não consegue suprir a alta demanda, apesar de ainda ter alguns profissionais que honram seu juramento e se dedicam ao atendimento público. O Governo precisa "atacar" com muita atenção a questão da saúde no País, tanto a saúde pública quanto a particular.