No nosso país é muito complicado fazer o exercício de imaginar como será um governo de quatro anos frente à presidência da república. Muitos o fizeram e erraram em demasia nas suas previsões por diversos motivos, quer sejam econômicos, sociais, políticos ou alhures ao nosso pensamento. Quem imaginaria na eleição indireta que ao invés de Tancredo Neves, subiria a rampa do Palácio do Planalto José Ribamar Sarney?
Quem poderia supor que o midiático atlético Fernando não terminaria seu governo e deixaria para Itamar Franco a honra de ter concebido em sua gestão o Plano Real, colocando fim ao inferno da inflação em nossa economia.
Estamos vivendo neste momento pós resultados do segundo turno a fase de transição entre governos, onde estará saindo de cena um dos piores presidentes da nossa história republicana. Um governo pequeno, voltado para sua ideologia rasteira e sem nexo nos tempos em que vivemos. Essa fase se assemelha a espera dos torcedores dos clubes de futebol por novas contratações e definições para o ano seguinte. Onde há muitos delírios por parte da mídia e poucas informações concretas.
Lula já foi presidente por oito anos (2003-2010), portanto, já sabemos que ele não vai trabalhar para os ricos, os abastados e os poderosos, embora também não vá prejudica-los de forma alguma, apenas a prioridade de sua gestão será o combate a fome, desemprego, inclusão social, manutenção de direitos e uma política social inclusiva.
Talvez esteja neste ponto o grande “temor” do chamado mercado financeiro, que não se abalou com a volta da inflação, com o afastamento do país do Mercosul e do Mercado Comum Europeu, nem tampouco derramou lágrimas pelas mortes daqueles que não tinham acesso a vacinas contra covid.
Como me disse o amigo jornalista José Cláudio: “A expressão do presidente Lula, em relação ao teto de gastos, provocou reações negativas, de ‘especialistas’ em economia e de representantes do mercado financeiro. As reações tiveram ampla repercussão na mídia tradicional, mas, por outro lado, houve um silêncio de censura de pessoas das classes populares e de defensores da justiça social.
1. Moro em um bairro, na zona sul da cidade de São Paulo, onde a fome não se limita a estudos acadêmicos ou teses de mestrado ou de doutorado. Aqui no Grajaú, a miséria é uma tragédia presente, e as vozes do mercado financeiro só aparecem no noticiário para justificar altos lucros de uma minoria, obtidos através da pobreza de muitas pessoas.
2. O ressurgimento midiático de figuras públicas, como a do ex-ministro da fazenda Maílson da Nóbrega, busca convencer a maioria das pessoas de que há alguma coisa de bom na alta lucratividade do mercado financeiro, e, ao mesmo tempo, tem a pretensão estúpida de justificar a pobreza e a exclusão social.
3. É inaceitável que vivamos em um país grande produtor de alimentos e que, ao mesmo tempo, tenhamos mais de 33 milhões de pessoas passando fome. É revoltante que figuras nefastas sejam ressuscitadas, pela mídia tradicional, para cumprir o papel de reforçar a lógica estúpida do Paulo Guedes.
4. É urgente recuperar a lógica da distribuição de renda e da riqueza. Não há o que justifique a equação desumana de que "o paraíso dos ricos seja construído com o inferno dos pobres".
5. Uma das preocupações centrais do governo do presidente Lula é a superação da fome e da miséria. A frente democrática terá o papel de traduzir, na prática, a expressão "democracia é comida na mesa das pessoas".
Não espero por milagres na política brasileira, nunca esperei, tenho os pés fincados no chão, afinal Lula terá pela frente a elite financeira e a odiosa bancada do Centrão, ávida por controle, poder e recursos. Contorná-los sem arranhões é o primeiro passo para então reconstruir o país destruído pelo seu antecessor.
Colocar novamente o Brasil no radar e na agenda dos países do primeiro mundo, restaurar a nossa diplomacia e a política internacional.Os últimos quatro anos distanciaram o Brasil e afastaram os países em virtude da truculência de Bolsonaro e da destruição do meio ambiente. Com Lula haverá a volta do combate ao desmatamento e o retorno de uma política externa de aproximação com os países.
E acima de tudo, buscar investimentos para serem colocados na Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, com ênfase nas pesquisas, reativação da Cultura, algo que foi desconstruído pelo Tosco e apoiar projetos habitacionais. É apenas uma pequena parte de tudo que terá que ser realizado em quatro anos, o que não é nem nunca será simples.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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