Nem o presidente, candidato à reeleição, bem como seu staff e aliados descartavam a possível derrota nas urnas em 2022. Todos eles sabiam, desde o momento em que Sérgio Moro foi desmascarado judicialmente, que o temível Lula seria oponente do bolsonarismo podendo interromper o frágil, débil e insosso governo de Jair Bolsonaro.
Claro que, no afã de evitar o desastre, Bolsonaro e seus aliados começaram bem cedo a falar em voto impresso até que o próprio Congresso Nacional sepultou a ideia inócua da sua implantação, que não mudaria o roteiro da derrota, como ainda iria encarecer o sistema eleitoral.
Depois começou a onda das urnas eletrônicas não confiáveis. Mesmo com o presidente tendo sido eleito por elas em 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 para deputado federal e presidente em 2018, sem nunca ter em momento algum uma só denúncia de fraudes no sistema. Seus filhos que vivem da política através de cargos eletivos sempre foram eleitos via urnas eletrônicas e nunca delas reclamaram.
O voto impresso e as urnas não colaram, restava o quê? Vencer as eleições, o que seria difícil visto que o presidente não trabalhou em quatro anos de mandato, optando por palanques festivos, formaturas militares, férias duas vezes ao ano e muitas motociatas pelo país.
Entretanto, no domingo, 23 de outubro em entrevista ao comentarista político norte-americano, Ben Shapiro, Bolsonaro deixa claro qual seria o discurso e a retórica a partir da derrota nas urnas no segundo turno.
Ao ser questionado pelo apresentador se ele achava que as eleições seriam realizadas honestamente, Bolsonaro declarou que já questiona as eleições "há muito tempo" e mentiu ao afirmar que só dois países usam o sistema de votação eletrônico. Uma reportagem recente da BBC News Brasil aponta que pelo menos 20 países já adotam ou usam algum modo de voto eletrônico.
O próprio TSE já desmentiu essas afirmações falsas e classificou como "puro boato" que apenas o Brasil, Venezuela e Cuba — esses dois últimos criticados por Bolsonaro — adotam o sistema eletrônico. "Eu questiono as eleições há muito tempo. O nosso sistema eleitoral não é o mesmo em nenhum país do mundo que tem uma economia razoável. Temos a notícia que dois pequenos outros países que usam o sistema nosso aqui, além da própria Venezuela. Esse questionamento vem no crescente com mais gente também duvidando. E nós lutamos há muito tempo por um modelo transparente eleitoral. Não tivemos força para isso."
A última cartada antes das eleições foi derramar dinheiro sem nenhum controle para Auxílio Brasil, Auxílio a Taxistas e Caminhoneiros, um derrame de quatrocentos bilhões sem lastro e de forma inconsequente.
Enfim, os eleitores decidiram de forma democrática, pacífica e ordeira em segundo turno pela opção Luis Inácio Lula da Silva – PT, com 60.345.999 (sessenta milhões, trezentos e quarenta e cinco mil, novecentos e noventa e nove) votos contra 58.206.354 (Cinquenta e oito milhões, duzentos e seis mil, trezentos e cinquenta e quatro) votos para Bolsonaro. Uma diferença de 2.139.645 (Dois milhões, cento e trinta e nove mil, seiscentos e quarenta e cinco) votos. O número de votos em branco foi de 1.769.678. Nulos 3.930.765 e abstenções de 32.200.558.
Após o resultado, contrariando todos os presidentes anteriores, Bolsonaro se escondeu no Palácio do Planalto por 44 horas consecutivas e se recusou a cumprimentar o vencedor legítimo da eleição reconhecendo sua derrota. Não deu uma entrevista sequer, fugiu da sua responsabilidade de candidato e de presidente. Dois dias depois fez um discurso medíocre de 4 minutos sem dizer nada e foi embora para o gabinete.
Enquanto isso, seus apoiadores alienados realizaram diversas ações de interrupções em centenas de estradas do país. Promovendo desabastecimento, confusão e o caos. Motivo? Queriam Intervenção Militar Já! (Ditadura Militar), exigiam que o exército fechasse o STF e não aceitavam a derrota do Mito nas urnas, algo que o país e o mundo já haviam aceito.
Durante quatro anos, não reclamaram das mortes de milhares de brasileiros sem vacinas contra a covid, do povo passando fome, do desmatamento recorde, das mentiras, do salário mínimo sem correções compatíveis com a inflação, muito menos da corrupção no MEC, na Codevasf, no Fundeb e outras áreas do governo, agora os alienados vestem a bandeira nacional e se posicionam como seres menores, ridículos e fascistas.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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