Durante muitos anos sempre que alguém via um escritório moderno com políticas de RH flexíveis, com horários alternativos e vestimentas descontraídas lembrava-se do Google.
Era o sonho de muitos analistas e profissionais de recursos humanos pelo mundo afora. Um símbolo de avanço que estava funcionando e dando certo.
Porém, de repente tudo vai por água abaixo quando a sociedade mundial fica sabendo da demissão da cientista Timnit Gebru em dezembro deste ano.
A equipe de pesquisa Ethical AI, do Google, dedicada ao campo de ética e inteligência artificial, solicitou que a empresa afaste uma vice-presidente e se comprometa com uma maior liberdade acadêmica, intensificando um confronto com a administração da companhia após a demissão da cientista Timnit Gebru neste mês.
Os funcionários pediram que a vice-presidente Megan Kacholia seja retirada da gestão da equipe depois dela supostamente excluir o chefe de Gebru da decisão de demiti-la, de acordo com um documento interno visto pela Reuters.
A cientista foi demitida após questionar a exigência do Google para que ela removesse um artigo descrevendo os danos causados por tecnologia semelhante à da companhia, e a gigante de tecnologia respondeu dizendo que aceitava sua renúncia.
No início do mês, a cientista, que é negra, afirmou no Twitter que foi demitida após enviar um e-mail a colegas manifestando frustração com a política de diversidade de gênero na unidade de Inteligência Artificial da empresa.
Ela também questionou se os chefes da empresa revisavam seu trabalho com mais rigor do que o de pessoas de outras origens étnicas.
Gebru se destacou como cofundadora da organização sem fins lucrativos Black in AI (Negros em Inteligência Artificial), que visa aumentar a representação de negros nesse campo de estudos, e como coautora de um artigo marcante sobre o viés racial na tecnologia de reconhecimento facial.
Aquilo que durante anos pensava-se ser um oásis de modernidade, relações humanas avançadas e um pedaço do século XXI que destoava do resto das grandes empresas voltou ao seu lugar comum. Apequenou-se com a demonstração de desequilíbrio diante de um dos crimes mais odiosos da atualidade - o racismo.
A direção, ao invés de dar o exemplo, se afundou ainda mais diante do fato e da ausência de uma conduta de correção dos estragos aos olhos de seus colaboradores e do mundo corporativo.
Timnit Gebru, que deu importantes contribuições ao campo de ética e inteligência artificial; ela foi demitida do Google neste mês - NYT
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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