Deseja-se que
estatal tenha gestão profissional, não privada!
Ganhou corpo nas últimas semanas a
tentativa, aqui e ali, da construção de uma narrativa sobre a suposta
eficiência, retidão e resistência de Pedro Parente a toda sujeira que ameaçaria
invadir seu gabinete pelas frestas da porta.
Nesta sexta (1º), o executivo anunciou sua saída do comando da
Petrobras e acrescentou o epílogo à história: o herói, ao
constatar que nem mesmo sua eficiência sobre-humana seria capaz de barrar o
avanço dos visigodos, resolveu se recolher e preservar a própria biografia.
Parente assumiu uma empresa
deficitária e a entrega, dois anos depois, superavitária. E bota superávit na
planilha: R$ 7 bilhões de lucro líquido
no primeiro trimestre do ano.
Se comandasse a empresa da família,
mereceria uma estátua na entrada da casa de campo e o rosto estampado em
brasões rococó.
Mas o diabo, é sabido, mora nos
detalhes. Parente comandava uma estatal dona de um quase monopólio e, em
consequência, da definição prática do valor final nas bombas.
E implantou uma política de reajuste em
alguns casos, diários dos combustíveis baseada na variação do dólar e do preço
do petróleo no exterior. Se em nome dos bilhões de lucro da Petrobras alguém
está feliz em pagar R$ 5 pelo litro da gasolina e R$ 80 pelo botijão de gás e
como diria Buzz Lightyear, tendo o céu como limite, ótimo. Os caminhoneiros
parecem que não estavam.
O país virou de ponta-cabeça, o
governo teve que entregar anéis e dedos. Saúde, educação e outras tantas áreas que já iam mal
das pernas vão piorar ainda mais um pouquinho.
Até o PSDB, ninho político (ops) de
Parente, quer mudanças na sistemática de reajustes. Geraldo Alckmin e Aécio
Neves (ele ainda se considera apto a apontar caminhos políticos ao país)
defenderam um novo gestor que tenha “sensibilidade” ao impacto da política de
preços na vida dos consumidores.
Na narrativa citada no início, diz-se
que o Brasil não está preparado para uma gestão profissional a Pedro Parente.
De fato, não está.
Autor:
Ranier Bragon - Repórter da Sucursal de Brasília foi correspondente em Belo
Horizonte e São Luís. Formou-se em jornalismo pela PUC-MG.
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