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9 de junho de 2018

Eleitores fazendo justamente o jogo de interesse dos partidos!

Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo.
Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos.
Provérbio Ute

Os brasileiros reclamam muito e com razão da qualidade dos nossos políticos e governantes há muito tempo. Não parece haver preocupação apenas por parte dos partidos políticos com esta situação. E um dos motivos é o comportamento dos próprios eleitores nas urnas.
O ato de votar é um direito universal que conseguimos em sua plenitude depois de milhares de anos em que a humanidade evoluiu lentamente desde os tempos matriarcais até o século XXI.
No princípio da democracia mesmo no Brasil, poucos tinham a oportunidade votar e eleger seus representantes. Foi assim no começo da Proclamação de República, quando as mulheres, analfabetos, escravos ou homens recém-libertados da escravidão não podiam exercer este direito universal de votar.
Hoje no Brasil podemos votar livremente e somos milhões com este direito garantido em nossa Constituição Federal, em acordos e tratados internacionais assinados pelo Brasil e mesmo assim muito abrem mão deste direito e da participação na festa da democracia nacional.
Votar é o primeiro ato da democracia, faz parte de um conjunto de ações que devemos ter como cidadãos livres e soberanos. Em seguida temos de acompanhar os mandatos dos eleitos, cobrar as promessas não realizadas por eles e fiscalizar seus trabalhos no executivo e legislativo durante quatro anos.
Porém, os exemplos recentes deste ano em curso, nos mostram que estamos longe dessa situação. Podemos perceber que alguns eleitores continuam achando que voto nulo e branco é uma forma de protesto. Quando na verdade é um ato de burrice democrática, jogar seus votos no lixo é dar a terceiros a chance de eleger na maioria das vezes aqueles que você não queria no poder.
A abstenção é outro ato insensato, pois reduz o quociente eleitoral e favorece justamente na maioria das vezes os partidos e políticos corruptos que estas pessoas dizem odiar no cotidiano.
O Estado do Tocantins realizou eleições para eleger seu novo governador, em substituição ao anterior que foi cassado por corrupção. Vejam o resultados das eleições em seu primeiro turno:
Votos válidos – 574.915 – 56,46%
Votos nulos -   121.877 – 17,13%
Votos brancos - 14.660 - 2,06%
Abstenções -   306.811 – 43,54%
Total de eleitores – 1.018.263
Percebam que numa eleição tão importante, após a destituição de um político corrupto, os eleitores se ausentam do processo e temos entre votos nulos, brancos e abstenções a soma inacreditável de 443.348 votos jogados no lixo, sem utilidade alguma no processo. Isso num primeiro turno com algumas alternativas. Imagine no segundo turno com apenas dois candidatos na disputa pelo cargo de governador?
Em Bariri – SP, a chapa vencedora em 2016, não pode tomar posse, por que o TSE cassou o vice-prefeito eleito. O presidente da Câmara assumiu e um ano e meio depois foi preso por pedofilia. Um novo vereador assumiu e chamou nova eleição para o domingo dia 03 de junho naquela cidade com 24.350 eleitores.
Concorreu ao cargo o prefeito que foi impedido de tomar posse, Neto Leone do PSDB e seu oponente Airton Pegoraro do MDB. Por incrível que possa parecer, o eleito foi justamente aquele que teve a chapa cassada e causou indiretamente todos os transtornos que a cidade vivenciou nos últimos dois anos.
A eleição em Bariri teve o assombroso numero de 28% de abstenções, 9% de votos nulos e brancos e apenas 63% de votos válidos. Na prática dois terços votaram para eleger o novo prefeito, sendo que destes eleitores 56% reconduziram ao cargo o prefeito da chapa cassada em 2016, enquanto apenas 44% votaram no candidato que nunca havia sido eleito nem cassado...
Não adianta o eleitor brasileiro continuar reclamando se eles não procuram analisar e entender como funciona o sistema eleitoral brasileiro. Voto nulo não é protesto, é voto jogado no lixo. Não adianta dizer que não sabe em quem votar se nem ao menos se dá ao trabalho de pesquisar, analisar e comparecer as urnas.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

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