Não ande atrás de mim, talvez
eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente,
talvez eu não queira segui-lo.
Ande ao meu lado, para podermos
caminhar juntos.
Provérbio Ute
Os brasileiros reclamam muito e com
razão da qualidade dos nossos políticos e governantes há muito tempo. Não
parece haver preocupação apenas por parte dos partidos políticos com esta
situação. E um dos motivos é o comportamento dos próprios eleitores nas urnas.
O ato de votar
é um direito universal que conseguimos em sua plenitude depois de milhares de
anos em que a humanidade evoluiu lentamente desde os tempos matriarcais até o
século XXI.
No princípio
da democracia mesmo no Brasil, poucos tinham a oportunidade votar e eleger seus
representantes. Foi assim no começo da Proclamação de República, quando as
mulheres, analfabetos, escravos ou homens recém-libertados da escravidão não
podiam exercer este direito universal de votar.
Hoje no Brasil
podemos votar livremente e somos milhões com este direito garantido em nossa
Constituição Federal, em acordos e tratados internacionais assinados pelo
Brasil e mesmo assim muito abrem mão deste direito e da participação na festa
da democracia nacional.
Votar é o
primeiro ato da democracia, faz parte de um conjunto de ações que devemos ter
como cidadãos livres e soberanos. Em seguida temos de acompanhar os mandatos
dos eleitos, cobrar as promessas não realizadas por eles e fiscalizar seus
trabalhos no executivo e legislativo durante quatro anos.
Porém, os
exemplos recentes deste ano em curso, nos mostram que estamos longe dessa
situação. Podemos perceber que alguns eleitores continuam achando que voto nulo
e branco é uma forma de protesto. Quando na verdade é um ato de burrice
democrática, jogar seus votos no lixo é dar a terceiros a chance de eleger na
maioria das vezes aqueles que você não queria no poder.
A abstenção é
outro ato insensato, pois reduz o quociente eleitoral e favorece justamente na
maioria das vezes os partidos e políticos corruptos que estas pessoas dizem
odiar no cotidiano.
O Estado do
Tocantins realizou eleições para eleger seu novo governador, em substituição ao
anterior que foi cassado por corrupção. Vejam o resultados das eleições em seu
primeiro turno:
Votos válidos
– 574.915 – 56,46%
Votos nulos - 121.877
– 17,13%
Votos brancos
- 14.660 - 2,06%
Abstenções
- 306.811 – 43,54%
Total de
eleitores – 1.018.263
Percebam que
numa eleição tão importante, após a destituição de um político corrupto, os
eleitores se ausentam do processo e temos entre votos nulos, brancos e
abstenções a soma inacreditável de 443.348 votos jogados no lixo, sem utilidade
alguma no processo. Isso num primeiro turno com algumas alternativas. Imagine
no segundo turno com apenas dois candidatos na disputa pelo cargo de
governador?
Em Bariri –
SP, a chapa vencedora em 2016, não pode tomar posse, por que o TSE cassou o
vice-prefeito eleito. O presidente da Câmara assumiu e um ano e meio depois foi
preso por pedofilia. Um novo vereador assumiu e chamou nova eleição para o
domingo dia 03 de junho naquela cidade com 24.350 eleitores.
Concorreu ao
cargo o prefeito que foi impedido de tomar posse, Neto Leone do PSDB e seu
oponente Airton Pegoraro do MDB. Por incrível que possa parecer, o eleito foi justamente
aquele que teve a chapa cassada e causou indiretamente todos os transtornos que
a cidade vivenciou nos últimos dois anos.
A eleição em
Bariri teve o assombroso numero de 28% de abstenções, 9% de votos nulos e
brancos e apenas 63% de votos válidos. Na prática dois terços votaram para
eleger o novo prefeito, sendo que destes eleitores 56% reconduziram ao cargo o
prefeito da chapa cassada em 2016, enquanto apenas 44% votaram no candidato que
nunca havia sido eleito nem cassado...
Não adianta o
eleitor brasileiro continuar reclamando se eles não procuram analisar e
entender como funciona o sistema eleitoral brasileiro. Voto nulo não é
protesto, é voto jogado no lixo. Não adianta dizer que não sabe em quem votar
se nem ao menos se dá ao trabalho de pesquisar, analisar e comparecer as urnas.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
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