Deputados são
eleitos pelo sistema proporcional: quem precisa atingir o quociente eleitoral é
o partido, e não o candidato.
Dos 513 parlamentares que chegaram à
Câmara dos Deputados na última eleição, em 2014, apenas 36 foram eleitos
com votos próprios. Os outros 477 conquistaram as vagas com a soma dos
votos recebidos por seus partidos ou coligações, de acordo com o Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Por mais estranho que um resultado
assim possa parecer, isso faz parte do jogo eleitoral vigente no Brasil. Esses
477 parlamentares não alcançaram sozinhos o quociente eleitoral (total de votos
válidos dividido pelo número de vagas em disputa), mas as regras não os obrigam
a isso.
No chamado sistema proporcional, que no Brasil é usado na eleição de
deputados — federais, estaduais ou distritais — e vereadores, quem precisa
atingir o quociente eleitoral é o partido ou coligação, e não o candidato,
individualmente. Entenda como funciona o sistema proporcional.
Acontece que, no sistema proporcional
de lista aberta, como é o brasileiro, os eleitores podem votar em um
candidato específico - além da possibilidade de votar na legenda.
A votação exclusiva no candidato é que
determina a ordem da lista: dentro das vagas conquistadas por cada partido ou
coligação, serão eleitos aqueles que tiverem mais votos próprios.
Apenas a título de curiosidade, na
lista fechada não é possível votar em candidatos, apenas em partidos. A ordem
dos candidatos na lista é definida previamente pelas siglas e divulgada aos
eleitores antes das eleições. Se um determinado partido conquista duas vagas,
por exemplo, são eleitos os candidatos que ocupavam o primeiro e o segundo
lugar da lista definida pela sigla.
Voltando ao sistema proporcional
de lista aberta: a possibilidade de votar diretamente em um candidato pode
levar à concentração excessiva de votos em alguns nomes. São os chamados
"puxadores de votos", que podem contribuir para a eleição de
candidatos pouco votados. É uma distorção do sistema de lista aberta.
Uma nova regra, já em vigor para
as eleições de 2018, pretende reduzir o poder dos puxadores: para
ser eleito, o candidato precisará alcançar uma votação individual que corresponda a 10% do quociente eleitoral.
É uma espécie de "nota de corte". Saiba quem são os 36 candidatos eleitos com votos próprios em 2014:
Amazonas
Arthur
Virgílio Bisneto (PSDB-AM) - 250.829 votos
Bahia
Lucio
Vieira Lima (MDB-BA) - 222.164 votos
Ceará
Genecias
Noronha (SD-CE) - 221.567 votos
José
Guimarães (PT-CE) - 209.032
Moroni
Torgan (DEM-CE) - 277.774 votos
Goiás
Daniel
Vilela (MDB-GO) - 179.214 votos
Delegado
Waldir Soares (PSDB-GO), atualmente no PSL-GO - 274.625 votos
Minas gerais
Gabriel
Guimarães (PT-MG) - 200.014 votos
Odair
Cunha (PT-MG) - 201.782 votos
Misael
Varella (DEM-MG) - atualmente no PSD-MG - 258.393 votos
Rodrigo
de Castro (PSDB-MG) - 292.848 votos
Reginaldo
Lopes (PT-MG) - 310.226 votos
Zeca
do PT (PT-MS) - 160.556 votos
Pará
Delegado
Éder Mauro (PSD-PA) - 265.983 votos
Paraíba
Pedro
Cunha Lima (PSDB-PB) - 179.886 votos
Veneziano
(PMDB-PB), atualmente no PSB-PB - 177.680 votos
Aguinaldo
Ribeiro (PP-PB) - 161.999 votos
Pernambuco
Eduardo
da Fonte (PP-PE) - 283.567 votos
Pastor
Eurico (PSB-PE), atualmente no Patriota-PE - 233.762 votos
Jarbas
Vasconcelos (MDB-PE) - 227.470 votos
Felipe
Carreras (PSB-PE) - 187.348 votos
Paraná
Christiane
Yared (PTN-PR), atualmente no PR-PR - 200.144 votos
Rio de janeiro
Jair
Bolsonaro (PP-RJ), atualmente no PSL-RJ - 464.572 votos
Clarissa
Garotinho (PR-RJ), atualmente no PROS-RJ - 335.061 votos
Eduardo
Cunha (MDB-RJ), cassado - 232.708 votos
Chico
Alencar (PSOL-RJ) - 195.964 votos
Leonardo
Picciani (MDB-RJ) - 180.741 votos
Roraima
Shéridan
(PSDB-RR) - 35.555 votos
Santa catarina
Esperidião
Amin (PP-SC) - 229.668 votos
João
Rodrigues (PSD-SC) - 221.409 votos
Sergipe
Adelson
Barreto (PTB-SE), atualmente no PR-SE - 131.236 votos
São paulo
Celso
Russomanno (PRB-SP) - 1.524.361 votos
Tiririca
(PR-SP) - 1.016.796 votos;
Pastor
Marco Feliciano (PSC-SP), atualmente no Podemos-SP - 398.087 votos;
Bruno
Covas (PSDB-SP), não está no exercício - 352.708 votos;
Rodrigo
Garcia (DEM-SP) - 336.151 votos.
Autor: Débora Melo
Editora,
HuffPost Brasil
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