“Não existe um governo corrupto
numa Nação ética, nem há uma
Nação corrupta
onde exista um governo ético e
transparente”
Leandro Karnal
Quando vi na televisão o presidente do
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, Roberto Jefferson, gastar seu tempo em
elogios a Michel Temer e a Reforma da Previdência senti náuseas e vontade de
desligar o tubo da televisão.
Fiquei desconfiado, mas pensei que
fosse apenas mais um ato de quem já apoiou Collor, Ciro, Lula e agora Temer.
Alguns dias se passaram e descobri o real motivo. Temer indicou a filha de
Jefferson – Deputada Cristiane Brasil – PTB, para o Ministério do Trabalho. Nem
tomou posse e já está dando muito trabalho ao governo. O ato de sua posse foi suspenso por
decisão de um juiz de Niterói (RJ), devido a problemas de Cristiane com ações
trabalhistas. O governo tenta reverter à decisão.
Para quem não se recorda, seu pai foi
preso e condenado a 10 anos de prisão depois de condenado por crime de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como nossa justiça é benevolente com
políticos, sua pena foi reduzida para sete anos por conta de delação premiada.
Em seguida passou para o regime semiaberto e ganhou as ruas com uma rapidez
impressionante, sem ter cumprido quase nada na cadeia.
Sua filha é deputada pelo Estado do
Rio de Janeiro e após ter seu nome revelado pelo Governo Federal para ocupar o
Ministério do Trabalho, teve vários casos estampados nas manchetes dos jornais
e dos portais da internet.
Ela é acusada de ter destinado parte
de sua cota parlamentar a uma locadora de veículos que pertence à tia de sua
chefe de gabinete. A empresa declara o endereço e o telefone de um escritório
de contabilidade, em Brasília.
A congressista usa a verba que serve
para cobrir despesas do mandato a título de pagar mensalmente R$ 4.000 à empresa
Barros & Serra Serviços Executivos Rent a Car. A locadora está em nome de
Naida Maria Coelho Serra, irmã da mãe de Alessandra Serra Gama, principal
assessora da nova titular da Esplanada.
Nos registros da Receita, a Barros e
Serra tem sede em Sobradinho, cidade-satélite de Brasília. No local um prédio
de três andares, espremido entre uma borracharia e uma loja agropecuária– não
há placa de identificação, carros, garagem ou balcão de atendimento da
locadora. Funciona na prática a Lacerda Contabilidade.
A deputada apresentou gastos de R$
29,1 mil com a Barros & Serra. Entregou sete notas fiscais da empresa à
Câmara e recebeu reembolso. O grosso dos recursos (R$ 23,1 mil) foi pago entre
julho e dezembro de 2017, após a nomeação da chefe de gabinete. Indicada para o
ministério já foi condenada por descumprir a legislação trabalhista. Por conta
das acusações, advogados tentam barrar sua posse. Cristiane também foi citada
na delação da Odebrecht por suposto recebimento de caixa dois. Ela nega.
O ex-diretor da empreiteira no Rio de
Janeiro Leandro Andrade afirmou que o valor foi entregue em mãos à congressista
em 2012, quando ela foi candidata à vereadora na cidade.
A deputada alega que a acusação é
"um comentário sem qualquer prova". Afirma que os poucos contatos que
já teve com profissionais da Odebrecht foram em raros eventos institucionais. E
se diz à disposição da Justiça para esclarecimentos.
Após ser confirmada sua nomeação, a
ministra foi alvo de críticas por desrespeito à legislação trabalhista. Foi
condenada a pagar R$ 60,5 mil a um motorista que alegou não ter carteira
assinada e cumprir jornada desmedida. Em outro caso, ela fez acordo para pagar
R$ 14 mil em parcelas a outro motorista que a acusou das mesmas irregularidades.
O dinheiro para o pagamento das parcelas, no entanto, não saiu de sua conta,
mas de uma das assessoras de gabinete.
Nem nas festas a deputada fica livre
de atos suspeitos, se hospedou no hotel da FAB (Força Aérea Brasileira), na
ilha de Fernando de Noronha (PE), durante o réveillon. A notícia foi divulgada
pelo portal "Metrópoles" e confirmada pelo GLOBO com a FAB. O local,
mantido com verba pública, é reservado a autoridades como o presidente de República
e militares.
Não bastasse essa enxurrada de
denúncias, caso sua posse seja efetivada, assumirá seu cargo o suplente Nelson
Nahim (PSD-RJ), condenado em 2016 pela Justiça a 12 anos de prisão, por estupro
e exploração sexual de menores. O suplente é irmão de Anthony Garotinho.
De acordo com o Ministério Público
Federal, autor da denúncia, crianças e adolescentes, algumas na faixa dos oito
a 11 anos, eram mantidos em cárcere privado para a prostituição em casas na
região de Campos.
Com todo esse currículo de Cristiane
Brasil, chama a atenção que Michel Temer, alhures a tudo isso, pediu para a AGU
– Advocacia Geral da União que derrube a liminar para que a filha do Roberto
Jefferson possa assumir o Ministério do Trabalho o quanto antes, mostrando a quem quiser que favores políticos estão acima da lei, da ética e da probidade.
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