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10 de janeiro de 2018

Uma novela de mau gosto e sem audiência!

“Não existe um governo corrupto
numa Nação ética, nem há uma Nação corrupta
onde exista um governo ético e transparente”
Leandro Karnal


Quando vi na televisão o presidente do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, Roberto Jefferson, gastar seu tempo em elogios a Michel Temer e a Reforma da Previdência senti náuseas e vontade de desligar o tubo da televisão.
Fiquei desconfiado, mas pensei que fosse apenas mais um ato de quem já apoiou Collor, Ciro, Lula e agora Temer. Alguns dias se passaram e descobri o real motivo. Temer indicou a filha de Jefferson – Deputada Cristiane Brasil – PTB, para o Ministério do Trabalho. Nem tomou posse e já está dando muito trabalho ao governo. O ato de sua posse foi suspenso por decisão de um juiz de Niterói (RJ), devido a problemas de Cristiane com ações trabalhistas. O governo tenta reverter à decisão.
Para quem não se recorda, seu pai foi preso e condenado a 10 anos de prisão depois de condenado por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Como nossa justiça é benevolente com políticos, sua pena foi reduzida para sete anos por conta de delação premiada. Em seguida passou para o regime semiaberto e ganhou as ruas com uma rapidez impressionante, sem ter cumprido quase nada na cadeia.
Sua filha é deputada pelo Estado do Rio de Janeiro e após ter seu nome revelado pelo Governo Federal para ocupar o Ministério do Trabalho, teve vários casos estampados nas manchetes dos jornais e dos portais da internet.
Ela é acusada de ter destinado parte de sua cota parlamentar a uma locadora de veículos que pertence à tia de sua chefe de gabinete. A empresa declara o endereço e o telefone de um escritório de contabilidade, em Brasília.
A congressista usa a verba que serve para cobrir despesas do mandato a título de pagar mensalmente R$ 4.000 à empresa Barros & Serra Serviços Executivos Rent a Car. A locadora está em nome de Naida Maria Coelho Serra, irmã da mãe de Alessandra Serra Gama, principal assessora da nova titular da Esplanada.
Nos registros da Receita, a Barros e Serra tem sede em Sobradinho, cidade-satélite de Brasília. No local um prédio de três andares, espremido entre uma borracharia e uma loja agropecuária– não há placa de identificação, carros, garagem ou balcão de atendimento da locadora. Funciona na prática a Lacerda Contabilidade.
A deputada apresentou gastos de R$ 29,1 mil com a Barros & Serra. Entregou sete notas fiscais da empresa à Câmara e recebeu reembolso. O grosso dos recursos (R$ 23,1 mil) foi pago entre julho e dezembro de 2017, após a nomeação da chefe de gabinete. Indicada para o ministério já foi condenada por descumprir a legislação trabalhista. Por conta das acusações, advogados tentam barrar sua posse. Cristiane também foi citada na delação da Odebrecht por suposto recebimento de caixa dois. Ela nega.
O ex-diretor da empreiteira no Rio de Janeiro Leandro Andrade afirmou que o valor foi entregue em mãos à congressista em 2012, quando ela foi candidata à vereadora na cidade.
A deputada alega que a acusação é "um comentário sem qualquer prova". Afirma que os poucos contatos que já teve com profissionais da Odebrecht foram em raros eventos institucionais. E se diz à disposição da Justiça para esclarecimentos.
Após ser confirmada sua nomeação, a ministra foi alvo de críticas por desrespeito à legislação trabalhista. Foi condenada a pagar R$ 60,5 mil a um motorista que alegou não ter carteira assinada e cumprir jornada desmedida. Em outro caso, ela fez acordo para pagar R$ 14 mil em parcelas a outro motorista que a acusou das mesmas irregularidades. O dinheiro para o pagamento das parcelas, no entanto, não saiu de sua conta, mas de uma das assessoras de gabinete.
Nem nas festas a deputada fica livre de atos suspeitos, se hospedou no hotel da FAB (Força Aérea Brasileira), na ilha de Fernando de Noronha (PE), durante o réveillon. A notícia foi divulgada pelo portal "Metrópoles" e confirmada pelo GLOBO com a FAB. O local, mantido com verba pública, é reservado a autoridades como o presidente de República e militares.
Não bastasse essa enxurrada de denúncias, caso sua posse seja efetivada, assumirá seu cargo o suplente Nelson Nahim (PSD-RJ), condenado em 2016 pela Justiça a 12 anos de prisão, por estupro e exploração sexual de menores. O suplente é irmão de Anthony Garotinho.
De acordo com o Ministério Público Federal, autor da denúncia, crianças e adolescentes, algumas na faixa dos oito a 11 anos, eram mantidos em cárcere privado para a prostituição em casas na região de Campos.
Com todo esse currículo de Cristiane Brasil, chama a atenção que Michel Temer, alhures a tudo isso, pediu para a AGU – Advocacia Geral da União que derrube a liminar para que a filha do Roberto Jefferson possa assumir o Ministério do Trabalho o quanto antes, mostrando a quem quiser que favores políticos estão acima da lei, da ética e da probidade.

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