“O poder da
observação cuidadosa é
chamado
cinismo por aqueles que não o possuem"
G. Shaw
Sempre que começamos a conversar sobre
futebol nas redes sociais, nas reuniões com amigos ou familiares, alguém diz:
“O futebol é o ópio do povo” “O brasileiro só pensa em futebol”.
Ledo engano: A pedido de uma
conceituada Revista Esportiva britânica, uma empresa de pesquisas realizou um
trabalho em vários países do mundo sobre a paixão dos cidadãos de cada país
pelo futebol. Para surpresa geral, no Brasil, país do futebol, mais de 60% dos
entrevistados não gostam de futebol, não torcem por nenhum time de futebol nem
acompanham as partidas transmitidas pelos canais esportivos.
Enquanto isso na Inglaterra, esse
número é de apenas 12% entre os que não gostam do esporte. O mesmo, mas com
pequenas diferenças nos índices, ocorrem na Itália, Espanha, Alemanha, etc.
Ou seja, não somos como pensam milhões
de brasileiros o “País do Futebol”, somos sim, o país da corrupção, injustiças
e desigualdades sociais. O país do paraíso da impunidade sem fim.
Não à toa, o futebol brasileiro se
destaca ultimamente não pelos resultados dentro dos gramados, mas sim, pelos
casos de corrupção, desmandos administrativos, urnas fraudadas, lavagem de dinheiro,
etc.
Se é que existe, o ópio do povo é a
falta de educação de qualidade e a completa desinformação da grande maioria dos
nossos mais de 200 milhões de habitantes, que aqui vivem e ainda acreditam em
coisas sem fundamento.
O futebol é apenas e tão somente um
esporte, nada há de mal que seja debatido, visto e discutido pela sociedade, assim
como outros esportes. Inaceitável é o distanciamento do nosso povo pelas coisas
importantes que acontecem diariamente na gestão do município onde vivem, no
Estado e no Governo federal.
O brasileiro deixa nas mãos dos
políticos e dos governantes a administração do seu dinheiro e do seu destino e
de seus familiares. Não cobra, não fiscaliza, não discute, e o pior de tudo,
não participa de audiências públicas, nem de sessões da Câmara de sua cidade.
Está assim deixando os vilões
completamente à vontade para destinar os recursos a seu bel prazer,
direcionando milhões para cumprir acordos com seus financiadores e apoiadores. Utilizando
recursos que poderiam estar sendo melhor encaminhados caso o povo brasileiro,
incluindo aqueles que não gostam de futebol, tivessem maior interesse e
participação na vida política do país.
Os americanos e os canadenses amam
esportes, torcem por futebol, basquete, beisebol e nem por isso são chamados de
alienados. O brasileiro é alienado por outros motivos, menos por gostar de
futebol. Essa falta de consciência dos problemas políticos e sociais do Brasil
é seguramente um dos maiores problemas da nossa sociedade e o grande aliado dos
políticos que sabem disso e a exploram com habilidade e frequência.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
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