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10 de janeiro de 2018

Desmistificando - Parte I - Futebol

“O poder da observação cuidadosa é
chamado cinismo por aqueles que não o possuem"
G. Shaw

Sempre que começamos a conversar sobre futebol nas redes sociais, nas reuniões com amigos ou familiares, alguém diz: “O futebol é o ópio do povo” “O brasileiro só pensa em futebol”.
Ledo engano: A pedido de uma conceituada Revista Esportiva britânica, uma empresa de pesquisas realizou um trabalho em vários países do mundo sobre a paixão dos cidadãos de cada país pelo futebol. Para surpresa geral, no Brasil, país do futebol, mais de 60% dos entrevistados não gostam de futebol, não torcem por nenhum time de futebol nem acompanham as partidas transmitidas pelos canais esportivos.
Enquanto isso na Inglaterra, esse número é de apenas 12% entre os que não gostam do esporte. O mesmo, mas com pequenas diferenças nos índices, ocorrem na Itália, Espanha, Alemanha, etc.
Ou seja, não somos como pensam milhões de brasileiros o “País do Futebol”, somos sim, o país da corrupção, injustiças e desigualdades sociais. O país do paraíso da impunidade sem fim.
Não à toa, o futebol brasileiro se destaca ultimamente não pelos resultados dentro dos gramados, mas sim, pelos casos de corrupção, desmandos administrativos, urnas fraudadas, lavagem de dinheiro, etc.
Se é que existe, o ópio do povo é a falta de educação de qualidade e a completa desinformação da grande maioria dos nossos mais de 200 milhões de habitantes, que aqui vivem e ainda acreditam em coisas sem fundamento.
O futebol é apenas e tão somente um esporte, nada há de mal que seja debatido, visto e discutido pela sociedade, assim como outros esportes. Inaceitável é o distanciamento do nosso povo pelas coisas importantes que acontecem diariamente na gestão do município onde vivem, no Estado e no Governo federal.
O brasileiro deixa nas mãos dos políticos e dos governantes a administração do seu dinheiro e do seu destino e de seus familiares. Não cobra, não fiscaliza, não discute, e o pior de tudo, não participa de audiências públicas, nem de sessões da Câmara de sua cidade.
Está assim deixando os vilões completamente à vontade para destinar os recursos a seu bel prazer, direcionando milhões para cumprir acordos com seus financiadores e apoiadores. Utilizando recursos que poderiam estar sendo melhor encaminhados caso o povo brasileiro, incluindo aqueles que não gostam de futebol, tivessem maior interesse e participação na vida política do país.
Os americanos e os canadenses amam esportes, torcem por futebol, basquete, beisebol e nem por isso são chamados de alienados. O brasileiro é alienado por outros motivos, menos por gostar de futebol. Essa falta de consciência dos problemas políticos e sociais do Brasil é seguramente um dos maiores problemas da nossa sociedade e o grande aliado dos políticos que sabem disso e a exploram com habilidade e frequência. 

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

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