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Desde 2019, estamos lendo, ouvindo e vendo os descalabros da gestão nefasta da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Foram diversas denúncias não apuradas e nem investigadas no decorrer da gestão de Jair Bolsonaro entre 2019 e 2022.
Uma explicação possível é o fato de que o orçamento dessa empresa chega perto de R$ 1 bilhão neste ano em curso. O que torna a empresa uma das mais cobiçadas pelos políticos na câmara e senado federal. Afinal, ela é um dos receptáculos de emendas em obras de pavimentação e compra de maquinários agrícolas.
Em pleno desgoverno Bolsonaro, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou indícios de fraudes em contratos da Codevasf que somavam mais de R$ 1 bilhão. Uma auditoria do tribunal encontrou indícios da ação de um cartel de empreiteiras para manipular o resultado de licitações.
O relatório da área técnica do TCU recomendou a suspensão do início de novas obras ligadas às licitações sob suspeita. No entanto, a recomendação não foi seguida pelo ministro relator do caso, Jorge Oliveira, indicado por Bolsonaro e de quem é amigo pessoal. Percebam que o bolsonarismo ataca Lula e o PT, imputando a eles os crimes que eles cometem desde a entrada na vida pública.
A Codevasf esteve no centro da operação Benesse, deflagrada em 2021. Um dos alvos da operação era Luanna Rezende, prefeita da cidade de Vitorino Freire (MA) e irmã do ministro Juscelino Filho, das Comunicações.
A investigação sobre o caso teve início em 2021. Em 2022, a Polícia Federal (PF) deflagrou a primeira grande operação sobre os fatos investigados, chamada de Odoacro. Em outubro daquele ano, uma outra operação, denominada Odoacro II, foi deflagrada. Era a terceira operação sobre investigados que são suspeitos de fraude à licitação, lavagem de capitais, organização criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva.
A estatal, importante dizer, está sob o comando do Centrão desde o governo Jair Bolsonaro. O presidente Lula (PT), ao assumir, seu terceiro mandato em janeiro de 2023, não mudou o grupo político que fazia a gestão da companhia. Um erro cometido no afã das negociações para poder obter apoio do maléfico grupo do Centrão (Direita e extrema-direita no Congresso).
Em meio as atuais investigações da Polícia Federal sobre os convênios da Codevasf, o governo Lula está trocando o diretor-presidente da estatal, Marcelo Moreira, indicado do deputado Elmar Nascimento (União-BA).
O ex-superintendente de Juazeiro (BA), demitido por Moreira no início de maio, diz que foi pressionado e assediado pelo diretor-presidente após ter colaborado com a investigação de irregularidades.
O governo federal deve indicar para o cargo Lucas Felipe de Oliveira, atual gerente executivo da Área Estratégica da Codevasf. A Casa Civil já está analisando a indicação visto que Lucas Felipe de Oliveira é muito próximo do ex-presidente ora demitido.
Não precisa ser auditor ou gênio para perceber de antemão que as coisas não irão mudar na empresa nem muito menos na ingerência política com a troca de comando. Seis por meia dúzia, numa operação que cheira enxofre. O Brasil não é definitivamente um país para amadores, entendê-lo é algo que vai muito além de Freud. Não tem explicação, porém, tem custo alto e dolo.
Autor: Rafael Moia
Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado
em Gestão Pública.