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21 de maio de 2025

A triste trajetória de uma empresa pública aparentemente sem solução!

  

Freepick.

Desde 2019, estamos lendo, ouvindo e vendo os descalabros da gestão nefasta da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Foram diversas denúncias não apuradas e nem investigadas no decorrer da gestão de Jair Bolsonaro entre 2019 e 2022.

Uma explicação possível é o fato de que o orçamento dessa empresa chega perto de R$ 1 bilhão neste ano em curso. O que torna a empresa uma das mais cobiçadas pelos políticos na câmara e senado federal. Afinal, ela é um dos receptáculos de emendas em obras de pavimentação e compra de maquinários agrícolas.

Em pleno desgoverno Bolsonaro, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou indícios de fraudes em contratos da Codevasf que somavam mais de R$ 1 bilhão. Uma auditoria do tribunal encontrou indícios da ação de um cartel de empreiteiras para manipular o resultado de licitações. 

O relatório da área técnica do TCU recomendou a suspensão do início de novas obras ligadas às licitações sob suspeita. No entanto, a recomendação não foi seguida pelo ministro relator do caso, Jorge Oliveira, indicado por Bolsonaro e de quem é amigo pessoal. Percebam que o bolsonarismo ataca Lula e o PT, imputando a eles os crimes que eles cometem desde a entrada na vida pública.

A Codevasf esteve no centro da operação Benesse, deflagrada em 2021. Um dos alvos da operação era Luanna Rezende, prefeita da cidade de Vitorino Freire (MA) e irmã do ministro Juscelino Filho, das Comunicações.

A investigação sobre o caso teve início em 2021. Em 2022, a Polícia Federal (PF) deflagrou a primeira grande operação sobre os fatos investigados, chamada de Odoacro. Em outubro daquele ano, uma outra operação, denominada Odoacro II, foi deflagrada. Era a terceira operação sobre investigados que são suspeitos de fraude à licitação, lavagem de capitais, organização criminosa, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva.

A estatal, importante dizer, está sob o comando do Centrão desde o governo Jair Bolsonaro. O presidente Lula (PT), ao assumir, seu terceiro mandato em janeiro de 2023, não mudou o grupo político que fazia a gestão da companhia. Um erro cometido no afã das negociações para poder obter apoio do maléfico grupo do Centrão (Direita e extrema-direita no Congresso).

Em meio as atuais investigações da Polícia Federal sobre os convênios da Codevasf, o governo Lula está trocando o diretor-presidente da estatal, Marcelo Moreira, indicado do deputado Elmar Nascimento (União-BA).

O ex-superintendente de Juazeiro (BA), demitido por Moreira no início de maio, diz que foi pressionado e assediado pelo diretor-presidente após ter colaborado com a investigação de irregularidades.

O governo federal deve indicar para o cargo Lucas Felipe de Oliveira, atual gerente executivo da Área Estratégica da Codevasf. A Casa Civil já está analisando a indicação visto que Lucas Felipe de Oliveira é muito próximo do ex-presidente ora demitido.

Não precisa ser auditor ou gênio para perceber de antemão que as coisas não irão mudar na empresa nem muito menos na ingerência política com a troca de comando. Seis por meia dúzia, numa operação que cheira enxofre. O Brasil não é definitivamente um país para amadores, entendê-lo é algo que vai muito além de Freud. Não tem explicação, porém, tem custo alto e dolo.

 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

A sequência da nulidade num sistema omisso e elitista!

Freepick.

Primeiro, começaram a nos exigir o CPF em compras, presenciais ou online, depois começaram a pedir ou exigir que colocássemos as impressões digitais nos procedimentos diversos na internet. Não satisfeitos nos pedem agora o reconhecimento facial.  Segurança? Não.

Assim como nossos dados, inclusive os da receita federal, são vendidos por camelôs nas grandes cidades impunemente desde os tempos de disquetes, CD’s e pen drives, esses dados digitais continuam sendo manipulados utilizados à revelia por criminosos na medida que não há nas empresas e muito menos nos governos seriedade no trato dos nossos dados pessoais.

Os criminosos invadem sistemas, copiam dados confidenciais, usam nossas fotos nas redes sociais para aplicarem golpes contra a sociedade, sem que se levante uma única voz de uma autoridade da justiça, legislativo ou executivo para acabar com essa farra digital criminosa.

É óbvio que sabemos que os golpes não são perpetrados contra as pessoas ricas, motivo pela qual essas autoridades desprezam completamente a tomada de providências cabíveis e definitivas na origem dos crimes.

Enquanto as vítimas em sua maioria absoluta forem de pessoas da classe média, aposentados e/ou trabalhadores, estaremos ao “Deus dará, diz que deu diz que dá, diz que Deus dará” como na canção Partido Alto de Chico Buarque e Caetano Veloso.  

No nosso país, nada que aconteça sem afetar a camada da nossa elite tem sua solução rápida e definitiva. Se afeta pessoas remediadas, pobres, classe média, aposentados e trabalhadores será objeto de muitas avaliações e pouca ou nenhuma resolução. E quando a solução necessita de reembolso, aparece no cenário do STF que depois de anos de enrolação, arquiva e sepulta as chances de ganho financeiro, beneficiando duplamente os criminosos.

Pode ser Planos de Governo (Plano Collor, etc), podem ser referentes a rombos do INSS ou quaisquer órgãos do governo, a sina da população é uma apenas: esperar até morrer e sem receber. Ou assistir em vida o STF desmontar qualquer possibilidade de recuperação dos valores perdidos, quase sempre alegando que o governo não tem condições de arcar com os valores arbitrados.

Ser governo em qualquer das suas esferas (municipal, estadual ou federal) é ter imunidade plena para errar, desviar e lucrar em cima da população, com anuência do Congresso Nacional e do poder judiciário.

 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

 
 

14 de maio de 2025

Jeferson Miola: TCU endossa versão de Nardes do ‘áudio despretensioso gravado apressadamente a um grupo de amigos’!

  

Foto Viomundo - Reprodução.

O ministro Augusto Nardes tem motivos de sobra para ficar eternamente grato pelo espírito compreensivo da Corregedoria e da Presidência do Tribunal de Contas da União/TCU.

Em resposta à denúncia apresentada contra Nardes pelo áudio de 20 de novembro de 2022 transmitido a golpistas do agronegócio e que se mostrou profético, o TCU endossou a explicação do ministro e determinou o arquivamento da denúncia.

No despacho de 10/4/2025, o presidente Vital do Rêgo reiterou entendimento do Corregedor do Tribunal, para quem a mensagem de Nardes para a horda golpista “revela meras opiniões acerca de possíveis desdobramentos que poderiam acontecer naquele momento no País, de acordo com sua percepção pessoal, sem qualquer indício de incitação ou chamamento ao cometimento de supostos crimes”.

O presidente do TCU ainda endossou a cândida versão de Nardes, que explicou tratar-se de “um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos”.

É difícil encontrar alguém –de fora do TCU, claro– que acredite que aquele áudio dele para apoiadores do golpe de Estado fosse, de fato, “despretensioso [e] gravado apressadamente”.

A mensagem de 8 minutos e 22 segundos, que pode ser escutada aqui, mostra um Nardes falando calma e pausadamente, com toda a tranquilidade do mundo, e repassando informações coerentes sobre os acontecimentos anteriores e posteriores ao dia 20/11/2022.

Logo de saída Nardes explicou aos ruralistas a fonte do seu conhecimento sobre a trama golpista: “falei longamente com o time do Bolsonaro essa semana”.

E então comunicou que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas. Eu acho que é questão de horas, dias, no máximo uma semana ou duas, ou talvez menos que isso, que vai acontecer um desenlace bastante forte na nação. [De consequências] imprevisíveis”

Nardes demonstrou conhecer a gravidade do que estava por acontecer: – “os próximos dias serão nebulosos, o que vai acontecer de desdobramentos não se sabe, mas certamente teremos desdobramentos muito fortes nos próximos dias”; o “pior momento que a nação vai viver”, afirmou.

Oito dias antes da transmissão deste áudio aconteceu a reunião na casa do general Braga Netto para planejar os assassinatos de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. E em 12 de dezembro de 2022, dia da diplomação de Lula e Alckmin, terroristas incendiaram Brasília.

Depois, no dia 24 de dezembro, outros terroristas bolsonaristas fracassaram na tentativa de explodir o aeroporto da capital federal com um caminhão tanque – último atentado antes do 8 de janeiro de 2023.

Ao invés de acreditar no conto da carochinha e mandar arquivar a denúncia contra Nardes, o TCU deveria acionar a PF para investigar seu ministro, que evidenciou ter conhecimento pormenorizado sobre a conspiração tramada pelo Exército e o Planalto.

Nardes poderia ajudar a esclarecer, por exemplo, a origem do dinheiro do “time do agro” entregue ao general Braga Netto, assim como a ligação do agronegócio com o empreendimento golpista.

A investigação policial com acesso aos sigilos telemáticos deste ministro do TCU poderia elucidar outras dimensões da atuação da organização criminosa que atentou contra o Estado de Direito.

Como nada disso aconteceu, Nardes deve estar se sentindo amparado e reconfortado pelos seus pares – e, claro, alimentando um enorme sentimento de gratidão.

Autor: Jeferson Miola – Publicado no Site Viomundo.