Apoiadores de Bolsonaro reunidos na manifestação contra o processo judicial de Bolsonaro e para exigir a anistia de todos os acusados __de participar da conspiração para derrubar o governo, em São Paulo SP. Foto Reuters/Amanda Perobelli.
Vesti meu disfarce fascista – boné preto, camiseta caqui militar e óculos escuros, sobre uma calça jeans rasgada e botas – e entrei em nova viagem alucinógena por uma realidade alternativa em que zumbis da terceira e da quarta idades envergavam aquele verde-amarelo que um dia me deu orgulho e hoje me enche de asco.
Idosas extravagantes, com as caras empastadas por maquiagem pesada, calças justíssimas, muitas vezes de couro preto, e camisetas verde-amarelas em paetês e outros tecidos brilhosos; homenzarrões barrigudos e corpulentos, todos nas cores de bananas quase maduras, aquele amarelo esverdeado.
Há, também, raras pessoas de aparência muito humilde que destoam daquela maioria de gente de origem indo-europeia, caucasiana ou árabe –- e aparência endinheirada.
Homens de meia-idade de aparência próspera, cabelos platinados, estereótipos de empresários ricos, alguns homens muito fortes e altos, aparência de leões de chácara, e as peruas ostentando entre 40 e 70 anos.
Uma ou outra criança, em geral com as famílias pobres. Muitos cães comprados pela raça e vestidos com bandeiras do Brasil.
Vou flanando pela avenida onde um ou outro amarelinho se dirigia ao Masp, onde estaria o trio elétrico de Bolsonaro e cia., até que vejo uma aglomeração deles, como sempre, diante da Fiesp. Reaças cultuam a Fiesp. É fetiche. Ficam grudadinhos uns ao outros, socados diante de telões que a Federação dos industriais invariavelmente coloca diante da sede nos dias das manifestações fascistas do Jair.
Passo a Fiesp, mais clareiras com esparsos amarelinhos – parece haver até menos gente que no 7 de setembro. Encontro uns “doutores” bem-humorados e me aproximo. Minha mulher puxa papo com eles pra me ajudar no approach. Diziam, entre si, que “a USP diria que a manifestação teve 600 pessoas”. Perguntei quantos acham que havia. Respondem que, “no mínimo, 500 mil”.
Detalhe: segundo o Datafolha divulgou em 2015, na avenida Paulista inteira não cabem mais do que 300 mil pessoas. Talvez empilhando...
Os discursos insolentes de Malafaia, Nikolas e Michelle me tiram do sério. Malafaia ameaça com “generais de quatro estrelas”, Nikolas chama o presidente do STF de “bandido” e Michelle ameaça a família de Moraes...
Até quando? Escória maldita.
Havia, socando toda aquela escória junta, no máximo três quarteirões deles. Chutei: de 40 a 50 mil. Ficou no meio, segundo a Monitor do Cebrap e da USP – 45 mil.
Gravei um vídeo em que gritava que ali era celebrado o último suspiro do nazifascismo bolsonarista. Gravei em vídeo. Está no Canal do Blog da Cidadania. Minha mulher quase surtou. Ficou apavorada. Ninguém me interpelou, mesmo ouvindo. Acho que perceberam que não valia a pena contrariar um pirado como eu, que grita aquilo no meio de zumbis ferozes.
Sorte
deles. Malditos nazistas.
Autor:
Eduardo Guimarães – Responsável pelo Blog da Cidadania. Publicado no Site Brasil
247.
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