Seguidores

19 de julho de 2024

Exclusivo: para entender a injustiça contra o Almirante Othon, por Luís Nassif!

 

Quando o delegado da Polícia Federal, Wallace Fernando Noble Santos, invadiu o apartamento do Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, derrubou-o no chão e algemou-o, estava consumado um dos atos mais indignos da história republicana. De um lado, um cientista com enormes favores prestados ao país; do outro, um delegado que, pouco tempo depois, foi preso por corrupção.

Em seguida, Othon foi julgado pelo inominável juiz Marcelo Bretas – hoje sob investigação, acusado de beneficiar clientes de um advogado muito amigo – e condenado a 43 anos de prisão. Na época, Othon alegou ter sido vítima de interesses nacionais. Estava certo, mas os detalhes da história nunca vieram a público.

A negociação França Brasil, para o submarino nuclear, foi fechada em outubro de 2008. Houve uma disputa para saber quem seria a empresa de engenharia a tocar a construção do estaleiro. A França propunha uma empreiteira francesa. O Brasil bateu pé em defesa de uma empreiteira nacional, caso contrário não haveria transferência de tecnologia. A escolhida foi a Odebrecht. Aí ocorreu uma pressão anglo-americana sobre a França. Não se temia o acordo em si, mas a possibilidade do Brasil, depois de determinado período de uso do urânio, o transformasse em plutônio, que é residual do urânio, totalmente fora do controle da Agência Internacional de Energia Atômica de Viena. Já nos anos 80, o Brasil foi acusado de remeter plutônio para o Iraque.

Os membros do clube nuclear (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China), também conhecido como Clube de Londres, até então eram os únicos proprietários de artefatos e submarinos nucleares. Por conta disso, em fins de novembro de 2008, a França retirou a transferência de tecnologia do Centro Radiológico, trinta dias antes das assinaturas do contrato final, em 21 de dezembro daquele ano. Também enviou uma equipe que vasculhou os computadores da Marinha no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, e nas instalações de Aramar, em Sorocaba, deletando tudo o que havia sido encaminhado para a Odebrecht fazer seu preço para a construção do Centro Radiológico.

Isso nada tinha a ver com o reator do submarino, mas com o plutônio.

A Odebrecht, evidentemente, não tinha interesse em artefatos nucleares, mas tinha um enorme contrato para cumprir, de construção do Centro de Manutenção Especializada, mas nada sabia de tal construção. Por isso contratou o Almirante Othon. Só que Marcelo Odebrecht, o desastrado executivo que destruiu a companhia, decidiu economizar 28,5% de tributos e resolveu pagar todos seus consultores através de uma empresa, a Strategic, sediada no exterior, sem atentar para as consequências políticas.

Em seu depoimento à Justiça, Marcelo admitiu que fazia esses pagamentos com fundos de suas empresas no exterior, e não com dinheiro desviado de projetos do Brasil. A própria Marinha, na época, publicou nota oficial desmentindo que Othon tenha influenciado para a troca de submarino alemão pelo francês. O resultado foi esse, de duas pessoas desclassificadas impondo-se sobre uma figura da história. Hoje, viúvo, Othon passa seus últimos dias aguardando a decisão final do Supremo Tribunal Federal sobre seu caso.

Em setembro do ano passado o delegado Wallace foi demitido da Polícia Federal. Descobriu-se que recebia propinas para interferir em diferentes inquéritos entre 2016 e 2018.

Em fevereiro de 2023, o Conselho Nacional de Justiça decidiu afastar Marcelo Bretas da 7a Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Foi acusado de violação dos deveres de imparcialidade e tratamento humano com as partes. E, como tudo termina em circo, Bretas transformou-se em influenciador digital. Totalmente ignorante das implicações políticas.

Autor: Luís Nassif – Publicado no Site GGN.

17 de julho de 2024

Todos os crimes da extrema direita se transformam em controvérsias. Por Moisés Mendes!

  

Deputado federal Alexandre Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto Valter Campanato da ABR.

Se novas gravações fossem encontradas no computador de Alexandre Ramagem, revelando uma conversa em que Bolsonaro determina devassa na vida Alexandre de Moraes, teríamos o quê? Teríamos mais uma questão para análise dos especialistas. Porque vivemos a hegemonia dos pensadores, operadores e palpiteiros do Direito aplicado nos pântanos da hermenêutica brasileira.

Se Bolsonaro dissesse: quero saber tudo da intimidade de Moraes, da hora em que acorda até a hora de dormir. Se reafirmasse: preciso que Moraes seja grampeado, para que saibamos com quem conversa e o que conversa. Se Bolsonaro dissesse com quem deveriam falar dentro do governo para chegar às informações para amordaçar Moraes. Se essas falas existissem, seriam tratadas como tudo o que existe até agora. Como ingredientes para a receita de um bolo maluco sobre a tipificação de crimes.

Teríamos páginas e páginas de especialistas nos jornalões debatendo se há como ver crimes nas ordens de Bolsonaro. Porque tem sido assim. Todo debate em torno de todos os crimes de Bolsonaro e do entorno de Bolsonaro passam pelo que é relativo, subjetivo, insinuado, sugerido. Porque é mágico, colorido e caleidoscópico o mundo dos especialistas do Direito.

Se descobrissem um vídeo mostrando que Bolsonaro saiu um dia do Planalto e foi visto chegando ao Alvorada com o cavalo dourado das arábias embaixo do braço. Se o vídeo mostrasse Bolsonaro entregando o cavalo com as patas quebradas a Mauro Cid e determinando: vende o cavalo. Se achassem esse vídeo, teríamos uma mobilização de especialistas em torno da suposição de que Bolsonaro pode ou não ter participado da tentativa de venda do cavalo. Porque, alguém dirá, um cavalo com Bolsonaro é apenas um cavalo.

Tem sido assim com o golpe, a partir da análise de todas as intervenções em que Bolsonaro pede que o golpismo avance. Só porque Bolsonaro não aparece, como o general Juan Zuñiga apareceu na Bolívia, com seus tanques diante do Palácio do Planalto no 8 de janeiro. Se Bolsonaro não estava lá, se não estavam os militares, se não havia nenhum tanque, que golpe é esse? Será assim agora, em torno do grampo feito por Alexandre Ramagem, que prova a participação de Bolsonaro, dentro do governo e no cargo de presidente, na tentativa de livrar o filho das investigações sobre as rachadinhas. Opa, prova o quê? questiona o especialista.

Tem sido assim porque todos, incluindo a grande mídia, oferecem a Bolsonaro o benefício da dúvida, ao convocar seus especialistas diante do que consideram controverso. Um benefício que poucas vezes foi oferecido a Dilma Rousseff, antes e depois do golpe de 2016, e a Lula, na caçada do lavajatismo e no encarceramento antes da eleição de 2018.

Se está difícil chegar ao que chamam de provas robustas, para qualquer crime, em relação às joias, à fraude da vacina e à arapongagem, que controvérsias nos aguardam na hora em que o golpe será o crime em questão, a partir de eventuais indiciamentos. De que provas precisamos para concluir que o conselho de Braga Netto, recomendando persistência e fé aos manés no Alvorada, depois da eleição, não trata da organização de uma excursão ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida?

Quem dos colegas de caserna irá confirmar que, ao se referir como “cagão” a Freire Gomes, então comandante do Exército, Braga Netto estava mesmo desqualificando um general que se negava a participar do golpe? Se o general estava saltando fora, o golpe estava em andamento? Estava apenas em cogitação? Não temos até hoje um indiciado entre os vampiros da pandemia que tentavam vender vacinas, além dos diretores da Prevent acusados formalmente pelo Ministério Público pela matança de velhinhos na clínica.

Não temos nenhum indiciado pelo comando e patrocínio do bloqueio de estradas. Nada sobre os que explodiram torres de transmissão de energia. E nenhum indiciamento dos investigados desde 2019 pela propagação em massa de fake News, ódio, difamação. Mas temos o jogral dos especialistas, alguns deles assegurando agora, sobre o caso da reunião com as advogadas de Flavio, que Bolsonaro, Ramagem e Augusto Heleno estavam apenas cogitando a realização de vários crimes.

Cogitaram no governo de Bolsonaro a compra superfaturada de vacinas, cogitaram o golpe e cogitaram a proteção ao senador das rachadinhas. Se cogitam, logo existem? Talvez sim, talvez não.

Autor: Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - Publicado no Site DCM.

Atentado ou montagem quase perfeita?

  

Confira o que se sabe sobre Thomas Crooks, que atirou contra Trump  Agência Brasil.

Ex-agentes do serviço secreto americano, assim como, muitas pessoas ao redor do planeta questionam alguns pontos sobre o suposto atentado que feriu a orelha de Donald Trump. Os questionamentos passam pelos recursos de segurança adequados - e se os alertas sobre o atirador foram repassados.

Após o ataque ao comício do ex-presidente Donald Trump no sábado (13), várias questões importantes surgiram para serem respondidas ao público. Trump ficou ferido e um espectador foi morto no ataque de Thomas Matthew Crooks, na Pensilvânia. Entre as funções do Serviço Secreto, está a proteção do presidente, vice e ex-presidentes do país. A investigação do incidente está a cargo do FBI.

À medida que os EUA exigem respostas, o Serviço Secreto disse que está trabalhando para descobrir "o que aconteceu, como aconteceu e como podemos evitar que um incidente como este volte a ocorrer".As dúvidas que começaram a surgir e dar ao episódio ares de fakada fake, desta vez sem arma branca, nos fazem questionar o seguinte:

O croqui da área onde ocorreu o comício é dentro de uma área aberta, muito fácil de ser verificada previamente pelo Serviço Secreto, política e demais autoridades.

Por que então o telhado onde estava o atirador não foi protegido com antecedência?

Fica no ar a dúvida sobre como o atirador subiu ao local e teve acesso sem ser incomodado pelos policiais. O local era vulnerável e segundo consta uma ou duas pessoas alertaram os policiais sobre a presença do atirador naquele local que ficava a pouco mais de 130 metros de Trump. Além da questão do acesso, foi sugerido que a linha de visão do telhado para a área onde estava Trump deveria ter sido bloqueada.

Alertas sobre o atirador foram repassados?

Uma testemunha ocular do tiroteio disse à BBC que ele e outras pessoas haviam "claramente" avistado Crooks rastejando pelo telhado com um rifle. Eles alertaram a polícia, mas o suspeito continuou se movendo por vários minutos antes de disparar os tiros e ser morto, segundo a testemunha. O agente especial do FBI Kevin Rojek admitiu que foi "surpreendente" o fato de o atirador ter conseguido abrir fogo. O xerife local confirmou que Crooks foi avistado por um policial, que não conseguiu detê-lo a tempo.

Algo que ainda não está claro é se essa informação chegou aos agentes que protegiam Trump ou se tudo estava dentro que foi programado antecipadamente. Crooks já estava no radar das autoridades, de acordo com policial que falou anonimamente com a emissora CNN. Essa pessoa disse que os policiais acharam que o jovem estava agindo de forma suspeita perto dos magnetômetros (equipamento que consegue identificar objetos metálicos) do evento. Essa informação teria sido transmitida ao Serviço Secreto.

O Serviço Secreto dependeu demais da polícia local?

O atirador disparou os tiros a partir de uma área que a polícia descreveu como "anel secundário", que era patrulhado não pelo Serviço Secreto, mas por policiais locais e estaduais. Um ex-agente do Serviço Secreto disse que esse tipo de arranjo só funciona quando há um plano claro sobre o que fazer quando um perigo é detectado. "Quando você depende dos parceiros locais, o melhor é ter tudo planejado cuidadosamente e informar a eles o que você espera que façam em relação a uma ameaça", disse Jonathan Wackrow ao jornal Washington Post. O xerife local admitiu que houve "uma falha", mas afirmou que não havia uma única parte culpada.

O evento recebeu os recursos adequados?

Um ex-chefe do Comitê de Supervisão e Responsabilidade da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos sugeriu que o Serviço Secreto estava "muito sobrecarregado". Isso teria levado ao problema de a polícia local não ter sido "treinada" para garantir um evento como o comício de sábado. Jason Chaffetz, que já relatou na Câmara falhas do Serviço Secreto, disse ao Washington Post que não há outra situação com mais ameaça do que os eventos envolvendo Trump ou o presidente Biden, mas que isso não foi refletido na presença de segurança na Pensilvânia.

O Serviço Secreto negou as acusações de que um pedido da equipe de Trump para reforçar o pessoal de segurança tinha sido recusado antes do comício. No entanto, o Post relatou ter visto uma troca de mensagens na qual um ex-membro do Serviço Secreto perguntou a colegas como o suspeito conseguiu levar uma arma para tão perto de Trump. Ele teria recebido a resposta: "Recursos". Em um comunicado, a chefe do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, disse que foram feitas mudanças para a segurança da Convenção Nacional Republicana, que começa em Milwaukee, em Wisconsin, nesta segunda. Ela afirmou estar "confiante" no plano.

Trump foi retirado do palco rápido o suficiente?

Os agentes que protegeram Trump receberam elogios, incluindo o de Robert McDonald, um ex-agente que afirmou que fizeram um "trabalho bom", apesar de não haver um "manual exato" sobre o que fazer em tal situação. Mas também surgiu a pergunta se foram rápidos o suficiente para levar o ex-presidente rapidamente para dentro de um veículo. Imagens do incidente mostram os agentes rapidamente formando um escudo ao redor do ex-presidente logo após os tiros, mas então parecem pausar enquanto Trump pede para pegar seus sapatos.O ex-presidente continuou cumprimentando seus apoiadores com o punho erguido.

Um veterano do Serviço Secreto disse ao New York Times que não teria esperado. "Se fosse eu ali, não. Estamos indo, e estamos indo agora", disse Jeffrey James. "Se fosse eu, estaria comprando um novo par de sapatos para ele."Enfim, jamais saberemos a verdade, assim como em outros episódios que envolvem autoridades do porte de Trump. Se nem aqui no 3º mundo a verdade da suposta fakada vieram a tona, como esperar que esse tiro disparado sem que ninguém tivesse previsto e feito a varredura do local, seja esclarecido de verdade?

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.