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7 de setembro de 2023

Nomofobia, o vício ao celular, o que saber e como evitar!

  

Foto Pixabay.

Estresse, depressão, tristeza, falta de sono, dificuldade de se relacionar. Tudo isso pode estar relacionado com o vício ao celular. Pegando carona com uma discussão que houve na Câmara e com reportagem da Rádio Câmara, vamos discutir como combater o vício no uso de dispositivos eletrônicos.

Para falar sobre o tema, eu tive a honra de contar com a participação da psicóloga Leihge Roselle, da Universidade Federal do Mato Grosso, especialista em psicologia de saúde e doutoranda em educação. Leihge Roselle nos explica o que é a nomofobia: “se refere ao medo ou ansiedade pela falta de uso do celular, e quando causas sensação de medo, irritabilidade e prejuízo na vida, como falta de sono e dificuldades no trabalho, na escola e principalmente nas relações sociais.”

Nós estamos falando de saúde, mas também de tecnologia. São fenômenos recentes, e a pergunta é: o quanto isso agrava o problema, ao confundir essa dependência com aptidão para relações sociais?

É importante ressaltar que o transtorno não foi oficialmente reconhecido no Manual de diagnóstico e estatística dos transtornos mentais. Não há consenso sobre os aspectos que promovem a nomofobia, mas se sabe que é distúrbio multifatorial, ou seja, há razões sociais, funcionais, orgânicas e de saúde. Também não há consenso se o fator genético é tão importante quanto em outras dependências químicas. Alguns estudos indicam que os fatores genéticos estão presentes, porém não são determinantes, como explica a Leihge.

“Na dependência química, com todos os estudos avançados, a predisposição genética não é o fator mais relevante. O ambiente, as relações sociais e as relações de uso que se estabelecem com a substância, elas também são primordiais. Saber se há predisposição genética não determina uma situação de dependência, mas colabora com os cuidados e nos auto cuidados preventivos. Os estudos estão conseguindo relacionar os traços de impulsividade e baixa autoestima com a dependência do celular. Então, nós voltamos para uma combinação multifatorial, de fatores sociais, ambientes e biológicos.”

E o que pode ser feito contra este distúrbio?

Pensar em ações de redução de danos e de autorregularão no uso de dispositivo, além de tomar medicação, associado a um tratamento psicológicos e terapêutico.

Existem testes que ajudam a avaliar a dependência do celular ou da internet. No consultório, o paciente irá responder vários questionários e realizar testes psicológicos relacionados a funções psíquicas para compreender o nível de dependência.

Leihge defende que se crie um grupo de trabalho governamental, incluindo usuários das plataformas até os provedores de plataformas, como as big techs, para discutir o assunto.

A nomofobia causa aumento do sofrimento, da ansiedade, do estresse, da tristeza, mas temos que aprender ainda a reconhecer um ataque de nomofobia em diferentes espaços físicos, diz Leihge Rossele.

“É importante entender que, para algumas pessoas, o celular é entendido como uma extensão do nosso corpo. Neste espaço nós estabelecemos relações e vivemos coisas não tão agradáveis aí, e vivemos situações como cyberbullying, o cancelamento, que podem atrapalhar as funções psíquicas. São fatores que são gatilhos para o sofrimento psíquico. entre outras”.

Fique de olho nos sintomas relacionados ao uso do celular e à irritabilidade. Cuide da perda de autonomia e a dificuldade de viver sem os likes, as notificações, os estímulos e as recompensas que a internet traz, como objetos que nos viciam e que são moldados para chamar nossa atenção e para que não possamos mais viver sem isso.

Observar as sensações quando se afasta do celular é fundamental para estabelecer uma relação saudável com esse mundo digital que não para nunca, questionando, por exemplo, as bolhas de algoritmos que enviam conteúdos que são viciantes.

Além disso, o controle parental é fundamental para controlar esse uso de dispositivos em crianças. Na contramão do que defendem a big techs, o celular e a internet podem ser espaços de aprendizagem e educação não formal, para empoderar o sujeito a participar da Sociedade da Informação, e não da Sociedade do Entretenimento.

Autora: Beth Veloso – Doutoranda pela Universidade do Minho, em Portugal, e mestre em Políticas de Comunicações pela University of Westminster, na Inglaterra. É jornalista e atua como consultora legislativa da Câmara, nas áreas de Comunicação, Informática, Telecomunicações Ciências da Comunicação. Publicado no Site do Congresso em Foco.

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