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10 de maio de 2023

Uma utopia inalcançável!

O Brasil enfrenta problemas com a baixa qualidade de seu sistema educacional, que não se resume a remuneração de seus profissionais, mas da necessidade de uma modernização em todo sistema, desde o ensino infantil até o superior. Uma infraestrutura não satisfatória, aquém das necessidades que os setores produtivos necessitam, muito mais do que privatizar alguns portos e aeroportos é preciso que nossos governantes reconheçam a importância do desenvolvimento do sistema ferroviário, colocado de lado desde a década de sessenta e sucateado durante as gestões de FHC- PSDB.

Atuar no sentido de atenuar as diferenças regionais acentuadas e a alta concentração de renda. Além disso, a corrupção política e a violência no Brasil são muito grandes, exigindo políticas mais eficazes no campo social, que ainda não foram implementadas. Aliás, nos últimos seis anos o país perdeu o pouco que havia conseguido avançar em termos de políticas sociais. Nossa elite financeira odeia de forma definitiva tudo aquilo que venha a beneficiar os mais pobres, os trabalhadores, os excluídos e os que vivem à margem da nossa sociedade.  

Embora alguns especialistas afirmem que o Brasil pode ser um grande protagonista global em 2030, caso comece a levar sustentabilidade mais a sério, isso ficou ainda mais difícil, senão impossível, diante das políticas nefastas do governo Bolsonaro (2019-2022) em relação ao Meio Ambiente.

O Brasil teria chances de se tornar uma grande potência até o final de 2030, desde que levasse a sério a questão fundamental do crescimento das práticas sociais, ambientais e de governança (ESG) na agenda global.

Isto porque notamos que cresce atualmente no Brasil uma ideologia muito arcaica, que é a ideia de que o país pode se desenvolver superando a dependência dos demais países desenvolvidos fazendo o que sempre fez, e isso tem sido percebido por muitos estudiosos da nossa economia externa.

O Brasil tem uma vocação agrícola natural e ela parte de uma concepção teórica, que acredita ter um benefício muito bom para todos os países que participam do comércio mundial, já que existem as vantagens comparativas. 

Cada país se especializa no produto em que tem mais habilidade e disponibilidade de recursos para produzir. No mercado mundial, todos os países vão trocando produtos que produzem com mais talento e com mais habilidade, e assim todos vão ganhando a partir dessa teoria liberal. 

Isso seria muito bom se fosse empregado de fato. Todos os países sairiam ganhando, na prática, contudo não é bem assim que funciona. Como pode um país se desenvolver tendo uma pauta de produção e exportação primária exportadora centrada nas chamadas commodities, sem uma política de proteção do Estado para seu mercado interno? 

Para países dependentes e subdesenvolvidos que têm sua estrutura produtiva centrada em mercadorias agrárias e produtos primários, o crescimento sempre irá depender de outros países, ou seja, quando você olha para a economia dos países desenvolvidos, nitidamente se percebe que houve investimento em industrialização e tecnologias de ponta. 

Em nosso país, vivemos uma altíssima dependência da ciência e tecnologia de outros países desenvolvidos. Não tendo uma diversificação em nossa economia, tornamo-nos pobres, subdesenvolvidos, com altíssimo nível de pobreza, miséria e desigualdade, falta de acesso à água potável e saneamento básico, altíssimo índice de desemprego, salários baixíssimos, entre milhares de outros problemas. O governo Bolsonaro, na contramão dos países desenvolvidos, corta verbas para ciência, educação e desenvolvimento, e torra com emendas parlamentares a fundo perdido.

Nosso parque industrial nunca foi tratado como prioridade no planejamento dos nossos governos, talvez o último a pensar em desenvolvimento industrial tenha sido JK (1956 – 1961), o que por si demonstra o descaso dos nossos governantes para com a nossa produção industrial. Assim como a ciência e a tecnologia nunca receberam o apoio e os recursos necessários para o desenvolvimento e as pesquisas tão fundamentais para o setor.

Um país que tem sua economia diversificada fica menos sujeito às oscilações e crises do mercado mundial. Um grande exemplo disso é a Venezuela. Sua economia depende basicamente do petróleo e, num país que depende única e exclusivamente de uma única fonte, você já sabe no que pode dar, né?! É só olhar como está aquele país nesse momento. 

Obviamente que, com a crise da pandemia do coronavírus, muitos países entraram na chamada emergência econômica, mas a história da Venezuela é um caso à parte para se compreender. Simplesmente entenda que, se o preço do petróleo está alto, a economia vai muito bem, no entanto, se o preço do petróleo baixar, automaticamente entrará menos dólares no país e consequentemente existirá menos dinheiro para importar os produtos necessários para a subsistência do povo venezuelano, que, por consequência, tenderá a crescer a inflação e o país entrará numa situação de desaceleração ou até mesmo de crise, como foi o que vimos em 2015. 

Por que ainda não somos um país de primeiro mundo?

Um bom exemplo sobre nosso país hoje é que somos autossuficientes em petróleo, porém importamos derivados do mesmo, como a gasolina, o diesel, o querosene, entre outras coisas. A única forma de evitarmos depender desse sistema que nos mantém na borda do capitalismo escravista seria uma política de industrialização nacional protecionista. Isso garantiria que o petróleo extraído no Brasil fosse processado a partir da indústria petroquímica dentro do nosso país. Assim, poderíamos desenvolver os demais derivados, que teriam valores ainda mais acessíveis para nossa população e que também poderíamos exportá-los dentro da nossa economia diversificada. Mas o assunto aqui não é sustentabilidade, pois, se fosse, essa pauta seria mais delicada e provavelmente não falaríamos de petróleo e sim de outras fontes limpas de energia.

Existe também na cabeça dos brasileiros uma ideia de que o agronegócio é o que move nosso país. Entretanto, se pararmos para analisar, claramente veremos que isso não passa de uma ilusão que foi contada no passado e que a quantidade de empregos gerados pelo chamado agronegócio é extremamente baixa. Sem falar que esse agronegócio não gera nada para o país em termos de desenvolvimento científico técnico, agricultura produtiva, geração de patentes, entre outras coisas. 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

PS: Trecho do meu novo livro “Brasil, o sonho de uma eterna utopia” 


 

Um comentário:

Maria Angélica disse...

Acredito que tudo se resume a uma educação de qualidade em todos os níveis. Infelizmente, os políticos não vêem a educação como a base para sanar os mais variados problemas estruturais do país. Aliás, preferem que o povo tenha cada vez menos oportunidades educacionais tornando-se muito mais fáceis de manipulações. Nada muda em país algum sem uma educação consistente. Não seria o Brasil uma exceção.