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13 de junho de 2022

Brasil diante de um novo paradigma, mas ainda dependente de políticos ultrapassados!

Raras vezes um país teve tantos recursos como minérios, ciclos de riqueza, grande êxito em exportações, petróleo em abundância,  mão de obra com custos competitivos e chances diversas para se tornar uma potência mundial como o Brasil. Apesar de ser uma jovem democracia, um país com 522 anos de existência, apesar de sua colonização ter sido predatória e seus colonizadores terem levado daqui riquezas como ouro, minérios, pedras preciosas, diamantes e muito mais, nada justificaria estarmos vivendo na situação em que estamos em pleno século XXI.

Parafraseando uma pequena parte do prefácio do meu livro “A democracia dos ausentes”, “Em meio a tantas coisas erradas, num país que raramente leva a sério suas leis, decretos e Constituição, fica sempre muito difícil falar sobre coisas importantes como a democracia, voto, participação política na vida pública do nosso enorme país tão desigual”.

Cansamos de ouvir frases de efeito ao longo de décadas como por exemplo, “O Brasil é o país do futuro” e algumas outras lançadas por governantes durante gestões que, na maioria das vezes, naufragaram. Infelizmente, embora seja dura e cruel, tem muito sentido a frase de Gilberto Dimenstein: “O Brasil é uma nação de espertos que reunidos, formam uma multidão de idiotas”.

Por mais que os políticos sejam os maiores responsáveis pela situação de penúria na qual vive nosso povo, a cada novo governo boa parte da nossa sociedade encontra forças para acreditar que um novo tempo está começando a partir da nova gestão. Assim tem sido desde sempre, e pelo visto, continuará por muitas décadas quem sabe. Um povo não pode se deixar levar por falsas promessas, por charlatães nos templos, nas casas de leis e no executivo.

Nos frustramos com a morte de Tancredo sem saber se ele realmente seria tudo que imaginávamos em nosso subconsciente. Assim boa parte reagiu entusiasmada com Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer até o desastre Bolsonaro, o pior entre tantos políticos que estiveram à frente dos destinos da nossa pátria desde a instauração da nossa República.

Imagine um economista que estivesse na Coreia do Sul no início dos anos 1960, para uma visita profissional importante onde fosse encontrar com investidores, empresários e representantes do governo e dizendo que, num futuro próximo, eles deixariam de ser um dos países agrários mais pobres do mundo para se tornarem uma superpotência tecnológica? Justamente um país que havia recém saído de uma guerra que acabou dividindo seu território em Coreia do Sul e do Norte.

Nem todo mundo daria ouvidos a ele, afinal, naquela época, a economia do país asiático era rudimentar, baseada em pesca e agricultura e muita gente achava que era melhor continuar fazendo isso. No entanto, houve quem apostasse numa indústria baseada em uma tecnologia completamente nova, chamada eletrônica. Hoje, o que era uma aposta virou realidade.

A Coreia do Sul é referência e exporta para todo o mundo. Tudo isso só foi possível porque o país resolveu agir na hora certa, dando incentivos para a instalação de indústrias e investindo maciçamente em educação e pesquisa de ponta.

O Brasil vive um momento decisivo também. Enquanto muita gente ainda acha que o caminho é investir na exportação de frango, carne e soja, e que só o agronegócio é importante, está em curso uma revolução que vai virar o mundo de cabeça para baixo. Os países mais desenvolvidos do globo já declararam publicamente que a retomada econômica pós-pandemia será verde e quem continuar ignorando as mudanças climáticas não terá espaço. Essa é a hora para começarmos a dar mais atenção às vantagens competitivas que o nosso país possui para se tornar o rei desse novo mundo, baseado em uma economia verde. Isso mesmo, o Brasil tem tudo para virar uma das maiores potências do mundo em economia de baixo carbono. Isso pode ser a melhor oportunidade da história para darmos um salto de desenvolvimento.

Somos um dos países com maior número de empreendedores com negócios verdes. A Climate Ventures mapeou, entre 2018 e 2019, mais de 500 negócios que promovem a economia regenerativa de baixo carbono. E não é por acaso. Tantos jovens criativos são resultado de vivermos em um local com recursos de sobra. Temos condições de ter uma matriz energética totalmente limpa, além das hidrelétricas, com mais investimento em energia eólica e solar.

Podemos apostar em veículos movidos à álcool e biomassa. Abrigamos a maior biodiversidade e a maior floresta tropical do planeta. Temos material para produzir plástico de biomassa.  Graças a isso, podemos produzir alumínio, cimento, bebidas, bicicletas, quase tudo com menos emissões do que outros países. Isso sem falar que temos muita terra, suficiente para abastecer o mercado interno e ainda produzir para exportação, se considerarmos que a pecuária de baixa produtividade no Brasil ocupa 200 milhões de hectares e parte desse território poderia ser destinado a produção agrícola, sem desmatar mais nada.

Porém, como fazer essa transformação com uma indústria em processo de franco desmonte, sem tecnologia de ponta, com salários miseráveis e profissionais sem a capacitação necessária para o salto que ela tanto precisa? Como buscar na educação se o governo brasileiro desvia recursos da educação, ciência e pesquisas para agradar um conjunto de políticos subservientes ao dinheiro chamados de Centrão?

Qualquer tentativa de mudança de rumo do país esbarra necessariamente em decretos, leis, Constituição e tudo isso está nas mãos de quem não quer favorecer o país, o povo e o nosso desenvolvimento sustentável. Por estes motivos, entre outros menos importantes, que o Brasil não consegue dar um salto de qualidade rumo a transformação de seu parque industrial.

Nem a agricultura escapa. Apesar de toda publicidade em cima do Agronegócio, ele emprega menos, desmata mais e não nos garante sequer o abastecimento interno, visto que o simples vislumbrar de uma nota de dólar ou euro, faz como que o mercado interno sofra com constantes ciclos de desabastecimentos e preços obscenos.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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