O tombo que o PSDB deu em João Dória, tirando-o da corrida eleitoral onde desejava ser candidato à presidência, e para tanto, havia vencido as prévias do partido, tem como pano de fundo a vingança do Deputado Aécio Neves – PSDB-MG, contra o tucanato paulista.
Conforme detalhado no livro A Privataria Tucana, do jornalista e escritor Amaury Ribeiro Jr, as desavenças entre o ex-governador mineiro e a elite do PSDB paulista têm mais de 12 anos.
Em 2010, havia o sentimento nas Minas Gerais de que o PSDB paulista através de José Serra estava investigando a vida pregressa e noturna de Aécio, que assim como o paulista pleiteavam à época a candidatura à presidência em 2010.
Segundo apurado pelo autor do livro, Serra possuía um verdadeiro dossiê contra Aécio, e queria então que o mesmo desistisse de sua pretensão de concorrer à presidência da república. Embora o teor do dossiê não tenha jamais sido levado a público, o que de fato aconteceu foi a desistência de Aécio e a formalização da candidatura de José Serra, que depois seria derrotado nas urnas por Dilma Rousseff.
Quatro anos depois, o político mineiro conseguiu furar o bloqueio paulista no PSDB e teve seu nome referendado para disputar a eleição presidencial, perdendo igualmente para Dilma Rousseff.
A mágoa com os tucanos paulistas jamais foi esquecida pelo mineiro, que passou a ser um inimigo íntimo da direção paulista do partido. Na eleição de 2018, não apoiou com entusiasmo o então candidato Geraldo Alckmin, derrotado fragorosamente nas urnas, não conseguindo sequer chegar ao segundo turno, obtendo algo em torno de 4% dos votos somente.
Quando das prévias para a eleição de outubro de 2022, o mineiro se posicionou contra o candidato paulista João Dória, ficando ao lado do gaúcho Eduardo Leite, na ocasião ocupando o cargo de governador do Rio Grande do Sul. Com a vitória de Dória nas prévias, Aécio Neves passou a trabalhar nos bastidores para afastar o então candidato do PSDB à presidência. Obteve êxito em 23/05/22, quando o ex-governador paulista desistiu da sua candidatura à presidência.
Em sua empreitada nada sutil, falou com os demais partidos, buscou viabilizar a candidata Simone Tebet – MDB como a 3ª via, adotando um posicionamento afrontoso ao seu próprio partido, desrespeitando o resultado legítimo das prévias e passando por cima de tudo e de todos. Sua vingança já concretizada faz com que no meio político digam até que Aécio se vendeu para o bloco bolsonarista, trabalhando diuturnamente pelo quanto pior, melhor.
Não
custa lembrarmos que Aécio ajudou Temer - MDB/SP e Eduardo Cunha – MDB/RJ na
articulação do golpe contra Dilma Rousseff e a nossa democracia em 2016, dois
anos após ter disso derrotado legitimamente nas urnas. Inconformado, tentou
anular o pleito, até que conseguiu guarida e pode ver sua algoz ser retirada do
poder via Impeachment.
Com certeza jamais seria esse o destino que
seu avô Drº Tancredo Neves gostaria que seu neto tivesse na vida política. Mas
é essa a sina que Aécio carrega.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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