A pouco
menos de 250 dias, em contagem regressiva, a pergunta que faço é: podemos virar
uma nova espécie? As mudanças que provocamos no ambiente estão levando a
necessárias adaptações. A natureza é forte, mas o universo não depende de nosso
planeta para existir, isso é óbvio. Nesse ponto temos de ser egoístas para
saber que, sem o planeta, não vivemos. Informação que precisa ser bem
fundamentada para ser levada à população por meio da educação. Se o chamado
senso comum fosse efetivo, não teríamos tantos ataques ao ambiente a ponto de
clamar pela própria existência e sobrevivência no momento. Haverá outras formas
de vida? Pelo menos não conhecemos ainda nenhum outro lugar que possa abrigar a
vida, igual à nossa ou outra diferente. Deve existir, pois a probabilidade
assim determina, mas nada aqui por perto. No máximo, colonizaremos Marte sem
saber melhor sobre os oceanos que cobrem a maior parte da superfície deste
planeta aqui. Paradoxos aceitáveis. O fofoqueiro também sabe mais dos conflitos
dos vizinhos do que da podridão que habita o próprio lar. Ou procura não saber.
Esse
tempo das coisas é também sobrevivência. Entender que os tempos são distintos
não é questão pacífica. O problema é esse, uma solução natural, como a despoluição
de águas, tem o seu tempo e é demorado. Nosso tempo deveria acompanhar esse
ritmo, chamemos de tempo natural, que, para várias funções fisiológicas, é um
tempo já estabelecido. Mas há o tempo social, o tempo das exigências
econômicas, que é inventado e está acelerado quando comparado com aqueles,
digamos, naturais. Essa é uma das grandes incompatibilidades que temos.
Buscamos soluções dentro desses limites. Se não conseguimos, a frustração
aumenta, mesmo sabendo que não foi por falta de tentativas. Uma realidade
criada em que os obstáculos foram colocados de forma muito severa e muito
drástica. Por isso, novamente, a educação é primordial para traduzir a
linguagem da ciência - que sabe muito bem o que está acontecendo - para o
cidadão, que até faz ideia dessa realidade, mas é submetido a uma série de
falsas narrativas que passa a duvidar até do que vive na própria pele.
Devemos
acreditar no nosso potencial enquanto espécie dentro deste ecossistema em que
vivemos, potencial de sobrevivência como espécie, não como indivíduos, para
ficar bem claro. Quando somos colocados frente a desafios, conseguimos elaborar
alternativas. Hoje a barra subiu para a superação desses desafios, com muitas
barreiras colocadas por nós mesmos, que estão dificultando - e muito -
conseguir sobreviver. Provavelmente, em um futuro não muito distante, os que
sobreviverem serão uma espécie um pouco diferenciada, mais frágil por alguns
aspectos, mas tentando se fortalecer por outros. Tal mudança, creio, é
inevitável, mas temos de atuar pela preservação. A questão não é ser alarmista,
mas realista, pois os estudos sobre a possibilidade de extinção de nossa
espécie não são catastróficos, são estudos sérios resultando na extinção ou
substituição de espécie no ritmo em que estamos. Tais reflexões vieram ainda
daquele evento sobre águas de um mês atrás. As anotações esparsas rendem textos
elaborados, mas inconclusivos, por certo. #IniCiencias.
Autor: Prof. Adilson Roberto Gonçalves
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