"A democracia sobrevive
quando
a inteligência do sistema
compensa
a mediocridade dos atores"
Daniel Inneraty
Apesar de estarmos próximos de completar
30 anos da primeira eleição após o regime militar com sua ditadura de 21 anos
(1964-1985), com o retorno a normalidade democrática do país, com eleições
livres e liberdade plena de expressão. Vivemos neste ano de 2019 uma situação
que nos remete (principalmente para quem viveu) ao ano de 1964.
Discussões sobre esquerda e direita,
muita falação sobre comunismo, um regime que o brasileiro desconhece por
completo em sua república. Intervenções do presidente demitindo quem o
contrarie, censura a entidades, institutos e pessoas. Enfim, algo que preocupa
e destoa para um país onde boa parte da população dizia ter medo de uma guinada
que levasse o país a uma situação como a da vizinha Venezuela.
O presidente eleito sem praticamente
nenhuma participação em debates televisivos, utilizando-se de insinuações e
agressões com o uso de fake News nas redes sociais, só teve êxito em boa parte
pelo ódio que uma parcela considerável da população nutre pelo PT.
Diante de algumas falas que remetem aos
tempos de ditadura militar, corroboradas pela massiva indicação de militares da
reserva para postos diversos da administração federal paira no ar a sensação de
nuvens negras rondando o céu do Brasil.
Em Manaus, antes de uma visita do
presidente, policiais interviram numa reunião onde se planejavam protestos
contra o governo federal. Em SP, uma reunião de mulheres do Partido PSOL, foi
invadida por alguns policiais militares que questionavam o objetivo daquela
reunião ordeira, normal e permitida para qualquer partido político.
Não bastasse isso, no estádio de futebol
quando muitas pessoas xingavam o presidente mesmo ausente do local, policiais
militares prenderam aleatoriamente um jovem, bateram, machucaram o rapaz sem
que houvesse quaisquer crimes cometidos. A delegada interpelada pelo jovem
disse: Estamos cumprindo o Estatuto do torcedor. Como? A Constituição Federal
que nos garante o direito de livre expressão foi rebaixado diante do estatuto
do torcedor pela delgada?
Que país é esse cujo presidente não
aceita dados e números vindos do INPE, IBGE ou quaisquer outros órgãos
estatais? Onde o presidente assume publicamente que vai colocar o filho como
embaixador mesmo sem estudo e carreira diplomática por mero capricho e
nepotismo.
Um país que o presidente afronta os
organismos ambientais e cientistas renomados afirmando não haver desmatamentos
quando o índice em 2019 salta aos olhos de todos. Um país onde o presidente
desrespeita irmãos nordestinos com “brincadeiras” que passam longe de serem
engraçadas. Afrontando negros, homossexuais e até pessoas orientais.
Um país assim, não pode mesmo viver em
paz sem temer que nos subterrâneos do poder estejam tramando um novo golpe
militar. Por que não? A história muitas vezes se repete, neste caso para pior,
muito pior.
Autor:
Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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