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30 de janeiro de 2016

Indústria das multas e o fio da meada!

O erro acontece de vários modos,
enquanto ser correto é possível
apenas de um modo. Aristóteles

Desde que as Prefeituras, Estados e o Governo Federal começaram a expandir as instalações de radares em ruas, estradas e até em ponte e viadutos do país, a sociedade brasileira tem ouvido a expressão “Indústria das Multas”. Uma enormidade de empresas de fundo de quintal apareceram para aproveitar a onda e fazer parte da farra das licitações públicas neste setor.
Em São Paulo o Ministério Público do Estado entrou com uma ação judicial para impedir o governo do estado de São Paulo de seguir usando o dinheiro de multas aplicadas com base na legislação de trânsito da forma como ocorre hoje. Fato que com certeza ocorre em todos os municípios e Estados com cobrança de multas por radares.
O MP argumenta que os recursos não são administrados em uma conta bancária específica. Uma consequência disso seria a impossibilidade de os órgãos de controle e a população conferirem se todo o dinheiro arrecadado é usado conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro, ou seja, para sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito. “Acaba indo para o caixa comum do governo e sendo uma fonte alternativa de receita”, diz.
O governo de São Paulo diz seguir a legislação e aplicar a verba de multas nas atividades previstas. Somente em 2014, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que fiscaliza o trânsito nas estradas, arrecadaram R$ 701 milhões.
Interessante no Brasil é que o cidadão comum não pode agir fora da lei, não tem chance alguma de impor uma necessidade sua sobre o coletivo. Já o Estado tem estratégias para burlar a lei, usando uma conta específica para a administração de todos os recursos. Contrariando o que prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, que determina que recursos vinculados, ou seja, que só podem ser usados para certos fins, devem estar nesse tipo de conta.
Um dos argumentos da ação da Promotoria é um estudo do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) de 2011. O estudo mostra que, entre 2008 e 2011, o Detran-SP aplicou menos de 0,1% do arrecadado em educação para o trânsito, prevenção de acidentes e sinalização viária. O estudo mostrou ainda que não havia ação orçamentária referente a policiamento e fiscalização. Desde então, o TCE faz seguidas recomendações todos os anos pedindo que o governo aperfeiçoe o controle do dinheiro das multas.
A ação contra o governo de São Paulo tramita desde o dia 13 de janeiro e é semelhante à outra ação semelhante em curso, mas contra a Prefeitura de São Paulo. Dois dias depois, em 15 de janeiro, o juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 5ª Vara de Fazenda Pública, determinou que a administração municipal não pode custear a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) com o dinheiro das multas. A gestão Fernando Haddad (PT) afirmou que iria recorrer da decisão.
A arrecadação municipal é ainda maior que a do Estado. Em 2014, a Prefeitura de São Paulo aplicou mais de 10,6 milhões de multas aos motoristas. Esse montante de notificações resultou em aproximadamente R$ 900 milhões aos cofres públicos, número recorde até aquele ano.
Essas informações divulgadas pelo MP, que todos nós sabíamos há muito tempo, pode resultar em ação de improbidade administrativa contra os Prefeitos e Governadores que estão usando a verba das multas de forma irregular e criminosa, pois, estão enganando a população brasileira e a Justiça.
Se somarmos os recursos das multas com os valores obtidos com licenciamentos, IPVA imaginem a bolada que estes gestores recebem e fazem uso incorreto, repassando para contas cujas finalidades não são aquelas preconizadas em Leis.


27 de janeiro de 2016

Reforma política jamais será realizada pelos políticos!

Quase toda absurdidade de conduta vem
da imitação daqueles com quem não
podemos parecer-nos. Samuel Johnson
 Nosso país está vivendo há décadas um circulo vicioso na política brasileira. Não temos políticos capazes de conduzir o processo de renovação da combalida política nacional com a propositura de novos projetos, indicando e pavimentando estradas que levem a recuperação moral do nosso parlamento e do país.
O jovem, assim como a nossa sociedade em geral se afasta cada vez mais dos partidos e da política partidária nacional. Muitos, talvez a grande maioria, tenham asco dos políticos brasileiros que vivem nas páginas policiais. A corrupção virou uma epidemia e atinge praticamente todos os partidos do país.
A questão principal, o cerne da “crise”, é o modelo político-eleitoral a que estamos submetidos. Leis, normas, regimentos e regulamentos complacentes e frágeis permitem a prática da politicagem barata, fraudulenta e corrupta.
Precisamos de uma reforma estrutural profunda e isso vem sendo cobrado pela sociedade, falado por todos, e, prometido pela desacreditada classe política nacional desde o fim da revolução militar em 1985, mas nunca acontece de fato.
A situação política partidária atual é uma verdadeira esbórnia como diria Mário Assis Causanilhas. Precisamos de mudanças que determinem o fim da bandalheira que o sistema partidário permitiu. São R$ 820 milhões para um fundo que alimenta essa verdadeira indústria de mentiras, golpes, sujeiras e nenhuma ética ou menção de agir em nome do Bem Comum, atendendo aos interesses públicos.
O Brasil precisa de uma diminuição do número de partidos políticos, reduzindo-os dos atuais 31 para no máximo nove partidos, sendo três de ideologia de centro, três de esquerda e três de direita. Em paralelo, temos de ter o fim da obrigatoriedade do voto. A eliminação completa dos partidos que não lançarem candidatos próprios aos Municípios, Estados e Governo Federal.
Com isso, seriam extintas as amaldiçoadas coligações espúrias, que habitam nossas eleições e fazem com que partidos se tornem barriga de aluguel, por fornecer tempo de rádio e TV em propagandas na televisão.
A ampla divulgação do sistema eleitoral brasileiro em toda sua concepção deveria ser obrigatória nas escolas desde o ensino fundamental. Deveria porque embora conste da Lei de Diretrizes e Bases da Educação não é cumprida e faz com que os alunos saibam ou aprendam álgebra, física e química ao mesmo passo que não saibam como funcionam as eleições no país.
Aliás, o grande desinteresse pela política é construído culturalmente, à margem da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, fazendo com que a formação técnica e humana, ao contrário do que é previsto em lei, ocorra totalmente apartada dos temas relacionados à discussão política e às práticas sociais.
Essa omissão, por seu turno, cria raízes no indivíduo, consolidando como um traço perpétuo da sua personalidade o baixo nível de interesse político que lhe era natural na adolescência, mas que poderia ter se transmutado em interesse e engajamento, caso tivesse ocorrido, ao longo do amadurecimento, o contato rotineiro com tais assuntos e o aprofundamento gradual dos temas relacionados à política.
Por enquanto, essa necessidade premente é uma utopia para o povo brasileiro, visto que, as reformas são comandadas pelos próprios políticos no Congresso Nacional, todos muito satisfeitos com a situação degradante em que estamos no cenário político nacional. 

21 de janeiro de 2016

Eleitores do Paraná caíram no conto do segundo mandato!

Nos governos corruptos, em que há pelo menos
suspeita geral de muita despesa desnecessária e
grande malversação da renda pública, a quantidade
e a quantia de impostos são enormes. Adam Smith

 Desde que foi reeleito para seu segundo mandato, o governador Beto Richa (PSDB-PR), não teve sossego e está vendo desmoronar vários esquemas em seu Estado. O primeiro mandato até que transcorreu tranquilamente, porém, as bombas armadas começaram a explodir antes do que certamente ele desejava.
No último caso que veio à tona, a Procuradoria Geral da República analisa suposta propina entregue a Beto Richa com recursos oriundos da Educação do Estado do Paraná. A Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília, já foi notificada pelo procurador do MPP, Gilberto Giacoia sobre a citação do governador Beto Richa (PSDB), do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral, e secretários em delação premiada do escândalo de desvio de R$ 20 milhões da Educação no Paraná.
Caberá ao ultraocupado DR. Rodrigo Janot decidir se a investigação prosseguirá ou se o caso será desmembrado da investigação original chamada Operação Quadro Negro do Gaeco do MP do Paraná.
Em três depoimentos pelo menos o nome do governador Beto Richa, do seu irmão José Richa Filho, o Pepe, atual Secretário Estadual de Infraestrutura e Logística e de Durval Amaral são citados. Nos relatos, o suposto desvio de verba pública da Educação são destinados a campanhas eleitorais.
Na delação mais recente, em um vídeo publicado inicialmente pela Revista Carta Capital em seu site, a assessora jurídica da construtora Valor, Úrsulla Andrea Ramos, menciona que os recursos desviados teriam sido repassados para a campanha de reeleição do governador em 2014.
No depoimento, a advogada afirma que questionou o proprietário da empresa, Eduardo Lopes de Souza, sobre os valores supostamente desviados das obras. “Esse dinheiro não ficou comigo, esse dinheiro foi feito repasse pra campanha do governador Beto Richa e pra essas três campanhas. Foi o que ele me disse”, afirma Úrsulla.
Por meio de nota enviada ao jornal Gazeta do Povo, o governo do Paraná afirmou que todas as irregularidades que envolvem a construtora Valor foram descobertas por sistemas internos de controle do próprio Executivo estadual. Segundo texto enviado pelo governo, a sindicância para apurar o caso foi aberta pela própria Secretaria da Educação em maio de 2015.
O dia 29 de abril de 2015 ficará registrado na história do Paraná como um dos mais tristes e reveladores episódios de como os governantes tratam a educação no País. Em frente à Assembleia Legislativa, em Curitiba, cerca de 200 professores foram agredidos por policiais militares quando protestavam contra uma proposta de mudança no sistema de previdência estadual.
As imagens de professores ensanguentados correram o mundo. O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), chegou a dizer que os policiais teriam apenas se “defendido”. Antes destas denúncias, o governador já havia enfrentado problemas com a Paraná Previdência quando transferiu oito bilhões para o caixa do governo à revelia dos servidores do Estado.
Os eleitores muitas vezes votam com comodidade analisando apenas alguns aspectos do desempenho do primeiro mandato do candidato. É prudente analisar com mais detalhes a situação financeira do Município, Estado ou País antes de colocar na urna seu precioso voto, pois pode estar sendo levado a erro. 

18 de janeiro de 2016

A regra do jogo da nossa Justiça!

Só há duas opções nesta vida:
se resignar ou se indignar.
E eu não vou me resignar nunca.
Darcy Ribeiro
 De que adianta assistirmos os telejornais durante meses noticiarem à exaustão os fatos da Operação Lava Jato promovida pela Polícia Federal e levada a sério pelo Juiz Sérgio Moro em Curitiba –PR, se as penas impostas pelo juiz são depauperadas pela Justiça brasileira?
As reduções de tempo nas penas impostas aos criminosos são ridículas e não condizem com os crimes cometidos contra o país. O fato de ter feito parte de uma delação premiada não deveria reduzir em demasia as penas. Afinal de contas, a delação não pode isentá-los dos crimes cometidos de formação de quadrilhas, desvios de verbas públicas, sonegação fiscal entre outros.
Os treze delatores da Operação Lava Jato foram condenados pelo juiz Sérgio Moro a penas que somam 283 anos e 9 meses de reclusão. Os acordos de colaboração com a Justiça, no entanto, reduziram o tempo que permanecerão presos: juntos, ficarão, no máximo 6 anos e 11 meses em regime fechado.
Dois deles, Augusto Mendonça e Julio Camargo, ex-executivo e ex-consultor da Toyo Setal, respectivamente, cumprem os noves anos a que foram condenados em regime aberto, sem a tornozeleira eletrônica, apesar de terem confessado crimes que renderam penas de mais de 40 anos de prisão.
Os dados levam em conta apenas os processos em que o juiz já decretou as sentenças. Muitos desses delatores ainda respondem a ações em que não há decisão judicial.
Moro e os procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato defendem que os acordos têm sido indispensáveis para o avanço das investigações. "Nos acordos de colaboração, o princípio é de que se troca um peixe por um cardume, ou um peixe pequeno por um peixe grande", diz o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da operação.
"As colaborações são feitas para alcançar provas em relação a diversas outras pessoas, incluindo criminosos com atuação mais relevantes no crime, e para recuperar o dinheiro desviado."
Tudo isso é compreensível, porém, criminosos como o doleiro Alberto Youssef não pode ter sua pena reduzida de 83 anos para apenas 3 anos apenas em regime fechado. O bastardo da Petrobrás Paulo Roberto Costa, símbolo da desfaçatez e da corrupção que destruiu a imagem e os cofres daquela empresa teve uma pena de 40 anos reduzida para 6 meses em regime fechado + um ano domiciliar e um ano em semiaberto.
A sensação que fica é a da velha conhecida da nossa sociedade – A impunidade. As leis que punem principalmente os criminosos do colarinho branco e os nossos políticos foram escritas não para fazer justiça, mas sim, para contemplar os amigos do grande clube da corrupção do Brasil.
O processo da delação tem bases legais, mas como todos os procedimentos da nossa justiça acabam favorecendo aos que cometem os crimes e não a sociedade brasileira. A benevolência para com os corruptos é obscena, beirando a insanidade completa.
Não tem outra definição que não seja esta para todos os que cometeram, cometem ou vão cometer crimes de corrupção no Brasil: “O crime compensa e enriquece no Brasil da impunidade e da covardia da Justiça”. 


16 de janeiro de 2016

Sofrimento sem fim da população de Bauru!

Nós somos aquilo que fazemos repetidamente.
Excelência, então, não é um modo de agir,
mas um hábito. Aristóteles

Estamos vivendo em Bauru uma situação que retrata a maioria das administrações públicas deste país. Em 2014 uma estiagem tomou conta do cenário em boa parte do Sudeste. Uma seca sem igual derrubou os reservatórios até o volume morto em muitos casos. Naquela ocasião a Prefeitura de Bauru pediu à população que economizasse água.
Assim a maioria consciente e inteligente da população agiu, começou a reutilizar água, não lavaram calçadas e carros e mudaram seu modo de encarar o consumo do líquido tão precioso para todos nós neste planeta. O consumo caiu durante o período e se mantém estável até os dias atuais.
Durante a estiagem nenhuma obra importante foi realizada pela Prefeitura, assim como pela maioria das administrações públicas municipais espalhadas pelo país. Não houve replantio de mudas nas margens dos reservatórios, nem limpeza efetiva das áreas ao redor dos rios e suas nascentes.
Na área urbana não houve limpeza dos bueiros, nem obras para contenção caso a chuva tornasse a cair na cidade sem limites. Praticamente nada foi feito, mas para não ser tão rigoroso, uma coisa foi feita pelo DAE e teve aval da Prefeitura – A conta de água subiu 35%.
Em 2015 as chuvas voltaram a cair com boa intensidade e neste começo de 2016 despencaram sobre o Sudeste, e, Bauru e região não ficaram de fora, recebendo um volume altíssimo de água.
Pois agora diante das chuvas a Prefeitura pede colaboração e economia de água aos contribuintes por que permitiu que as águas barrentas das chuvas entrassem na Estação de Captação de Água do Rio Batalha, que abastece a maior parte da cidade. Naturalmente as quatro bombas ficaram inoperantes comprometendo o sistema de captação e distribuição de água.
O comandante do Titanic não viu que seu navio navegava rápido demais, ao contrário, alertado sobre a velocidade, deu as costas e não viu quando um enorme Iceberg destruiu o navio em sua primeira viagem matando milhares de pessoas. Nas prefeituras muitas vezes temos prefeitos que administram nossas cidades como o Comandante do Titanic Edward John Smith.
Não há planejamento, com isso se ocorre estiagem ou se chove em excesso tanto faz, os moradores vão pagar caro do mesmo jeito. Aquele local que abriga a Estação de Captação de Água jamais poderia ser inundado.
Quando o Brasil construiu através da Cesp e demais empresas geradoras de energia na década de ‘60 e ‘70 as grandes usinas hidrelétricas, seus engenheiros as idealizaram com previsão para que a concretagem e as estruturas suportassem uma chuva decamilenar ou em termos práticos, uma chuva que só ocorre a cada 10.000 anos.
O resto são desculpas esfarrapadas de maus gestores e a velha estória de pedir sacrifícios para quem já paga uma conta alta e muitas vezes não recebe nem pelo que está pagando.
O poder público municipal somente demonstra capacidade quando se trata de enviar carnes de IPTU para o cidadão que mora em sua cidade. Para atingir este objetivo contam até com o serviço de levantamentos feitos por aerofotogrametria.  
No restante, deixam a água entrar e o circo pegar fogo. Nem nos anos que ocorrem eleições eles se preocupam em agir de forma mais profissional. Ao povo sobra o sacrifício e o pagamento de uma conta elevada e injusta. 

15 de janeiro de 2016

Breve tratado da imobilidade urbana!


Uma das experiências temporais mais particulares ao Brasil é a repetição. Ela expressa, de maneira quase didática, a resistência imperial do poder à mudança e sua imunidade surda a toda pressão popular.
Um dos exemplos privilegiados da força de tal repetição compulsiva diz respeito ao ritual periódico de aumento da tarifa do transporte público. Desde a Revolta do Vintém, lá pelos idos de 1879, a população brasileira sai periodicamente às ruas contra os preços extorsivos das tarifas. Desde aquela época, os governos, sejam eles de que partido forem, respondem à bala.
O resultado final foi muito bem descrito por Lucio Gregori. Gasta-se atualmente 13,5 minutos de um salário médio em São Paulo e no Rio para pagar uma tarifa. Em Paris e Pequim, gasta-se 4,5 minutos e em Buenos Aires gasta-se 2,5 minutos.
Esses números resumem bem a irracionalidade de ser obrigado a aceitar um serviço entre os mais caros do mundo e criminosamente ruim. O problema não diz respeito ao aumento de tarifa, mas à aplicação de preços abusivos como se isso fosse uma fatalidade natural e inquestionável.
Quando os transportes públicos foram privatizados, no início dos anos 1990, prometeu-se uma melhoria radical da qualidade e eficiência. De todas as piadas contadas pelo neoliberalismo brasileiro, essa é a mais sem graça.
Ao explodirem as manifestações de 2013, descobrimos, por exemplo, que, de 2004 a 2012, a quantidade de passageiros disparou 80% em São Paulo enquanto o número de ônibus em circulação simplesmente caiu de 14.100 para 13.900. O que não poderia ser diferente, já que as empresas privadas de ônibus têm, na verdade, apenas duas funções: fornecer dinheiro para campanhas políticas e rentabilizar seus investimentos.
Não é por acaso que um dos brasileiros citados no escândalo das contas milionárias do HSBC suíço era Jacob Barata, o "rei do ônibus" carioca. Enquanto ele transportava a população carioca como quem transporta gado, sua conta crescia.
Já a situação catastrófica de São Paulo é conhecida de todos. A começar pelo metrô, que já ganhou o prêmio da expansão mais lenta do mundo, com atrasos sucessivos enquanto escândalos milionários de corrupção aparecem em tribunais internacionais e o governo paulista finge não ser com ele. No município, a acomodação à mediocridade por parte de um governo que se dizia expressão do "homem novo" fez com que nenhuma proposta de mudança estrutural (tarifa zero, subsídios, bilhete metropolitano, descolamento do preço entre metrô e ônibus, reestatização) fosse sequer realmente discutida.
Diante disso, a população começou uma jornada de manifestações. Temendo que ela possa servir como estopim de um novo 2013, a Polícia Militar colocou em cena suas práticas corriqueiras de banditismo institucionalizado contra manifestantes. Provocações, uso indiscriminado da violência e até mesmo a pérola de colocar explosivos em mochilas de manifestantes para incriminá-los, como vimos em vídeo veiculado na internet.
Esta é a polícia paulista: tira selfies com manifestantes que pedem a volta da ditadura militar e joga bomba de gás lacrimogêneo contra populares que pedem uma tarifa de transporte minimamente honesta. No que o secretário de segurança de Alckmin, a ser confrontado com o fato de até mesmo a imprensa internacional ter noticiado o absurdo de transformar São Paulo em palco de batalha campal diante de uma manifestação que transcorria sem violência, respondeu: "A atuação da PM foi exemplar". É verdade, ela foi um belo exemplo do que a polícia realmente é e quem são seus inimigos reais.
Que o leitor permita-me terminar este artigo com um relato pessoal. Quando criança lembro-me de meu pai levar-me a uma manifestação contra a ditadura militar, em Brasília. Terminamos correndo da polícia e de suas bombas. Nesta terça (12), tive de parar meu trabalho na universidade para correr à manifestação e tirar minha filha, uma adolescente de 16 anos, que tinha sido encurralada com suas amigas pelas bombas da polícia. Como se vê, o tempo do Brasil é o tempo da repetição e da luta desesperada, que passa de uma geração a outra, contra sua teimosa imobilidade.

Vladimir Safatle é professor livre-docente do Departamento de Filosofia da USP (Universidade de São Paulo). Escreve as Sextas. Publicado no jornal Folha de SP em 15/01/16..

13 de janeiro de 2016

Um modelo completamente ultrapassado!

Só há duas opções nesta vida:
se resignar ou se indignar.
E eu não vou me resignar nunca.
Darcy Ribeiro

Nossa Justiça está completamente ultrapassada em todos os seus antigos conceitos, com leis que beneficiam em demasia os criminosos. Não temos o uso da jurisprudência, que poderia agilizar e muito, o andamento dos processos, facilitando a tomada de decisões por parte dos tribunais. Ao contrário, nos tribunais as decisões ficam à mercê da cabeça dos juízes. O mesmo processo, mesma situação, mesmo crime, tem sentenças diferentes no país.
Outro problema grave é a morosidade para com os julgamentos. Os processos atravessam décadas em arquivos empoeirados à espera de uma destinação final.
O sistema não é totalmente informatizado e está longe de interligar os tribunais e fóruns do país inteiro com tecnologia de ponta. Isso favorece os criminosos, os erros e coloca em risco a sociedade brasileira.
O Poder Judiciário precisa se reinventar recomeçar do zero, reescrever normas, leis e mudar seus paradigmas com urgência, saindo do século XVIII para o século XXI.
Nesse processo é preciso redimensionar a real necessidade de Promotores, Juízes, Desembargadores e servidores nos quatro cantos do Brasil. Também é necessária uma completa reestruturação do plano de cargos e carreiras corrigindo distorções históricas que nunca são revistas.
A independência do Poder Judiciário é outra situação a ser revista, é inconcebível que o Poder Executivo determine quem serão os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Isso gera desconforto, falta de respeito e a eterna suspeita quando julgamentos envolvendo o Executivo são realizados em plenário.
Em paralelo, é urgente à reestruturação completa e a interligação informatizada com o Sistema Judiciário do Sistema Penitenciário do país. Nossas prisões são como os governantes, imundas, sem qualidade alguma, pocilgas que não condizem com a premissa de que os criminosos devem cumprir penas em regimes fechados com higiene, alimentação e de preferência trabalhando.
Ao contrário, a Justiça assiste impassível o desmoronamento do sistema carcerário e nada faz para alterar esta rota desvirtuada praticada por autoridades algumas vezes piores que os que estão encarcerados nos nossos presídios.
As leis precisam ser alteradas, nossas penas precisam de endurecimento e mais rigor. A sociedade está no seu limite, e o crescimento da criminalidade é o retrato da fraqueza das autoridades em três pontos básicos:
1º A força policial é insuficiente nas ruas para impor a ordem;
2º As penitenciárias precisam de mais rigor e não podem ser escola da criminalidade, permitindo uso de celulares, entrada de quaisquer pessoas dentro de seu ambiente que deveria ser restrito e muito rigoroso;
3º Fim dos benefícios de redução de penas, rediscussão das penas alternativas que nunca são cumpridas (Falácia) e a fixação de cumprimento de penas acima de 30 anos, quando estipuladas em júri.
O resto é conversa mole, de quem não quer fazer nada, pois está feliz com o que temos. Buscar alternativas dentro de modelos consagrados como os dos EUA, Canadá, França, Inglaterra e outros países do primeiro mundo pode não resolver, mas seria um bom começo. 

Aumento das passagens requer ação maior!

“As injúrias são as razões
dos que não têm razão"
Rousseau
  

 Os abusivos aumentos das passagens do transporte público (Ônibus, Trens e Metrô), nas grandes capitais brasileiras deveriam ter uma reação contrária muito maior da mídia e da sociedade civil brasileira. A mídia deveria buscar acesso aos contratos de concessão destes serviços e as sigilosas planilhas de preços e custos.
É ultrajante não apenas os valores obscenos praticados e que estão sendo majorados acima do razoável, mas principalmente porque os usuários não tem transporte de qualidade nestas Capitais. A oferta é insuficiente, sem conforto, segurança e sem opções de horários que atendam a demanda.
No ano de 2013 quando das manifestações contrárias ao aumento de R$ 0,30 (Trinta centavos), os governantes e a sociedade brasileira perderam uma enorme oportunidade de discutirem a fundo, com o auxilio de especialistas, o setor de transportes nas grandes cidades.
Infelizmente o assunto tão importante perdeu espaço na mídia e nas discussões para as ações de vandalismo dos Black Blocs tupiniquins. Agora, quase três anos depois os governadores e prefeitos voltam a ter comichão para atender os empresários do segmento, em detrimento da camada mais necessitada da população representada por eles.
Em São Paulo, a Prefeitura (PT) e o Governo do Estado (PSDB) determinaram que as passagens de Ônibus, Trens e Metrô passem a custar aos bolsos dos usuários R$ 3,80 (Três reais e oitenta centavos). Pelo serviço sem qualidade prestado este valor é alto demais, pois o sistema ferroviário não cumpre horário e tem sérios problemas de manutenção. O Metrô não atende a forte demanda diária e, espera o governador ampliar o sistema, enquanto os ônibus são sujos, inseguros e sem conforto algum. Dane-se o povo é o que pensam as autoridades!
A sociedade se fosse minimamente organizada deveria agir em silêncio, protestando nas urnas contra estes que hoje os golpeiam no orçamento familiar já debilitado por uma série de fatores da conjuntura econômica nacional.
A população deveria não votar em 2016 e 2018 em candidatos dos dois partidos – PT e PSDB em SP, por exemplo, alijando-os do poder que hoje detém. Aliás, o tucanato está no poder desde 1995, tempo mais do que suficiente para ter feito algo em termos de política pública para os transportes públicos no Estado que governa.
O dia que o cidadão perceber a força que tem, com certeza não precisará sair às ruas para protestar e acabar se misturando com bandidos mascarados, que só querem vandalizar e jogar no lixo o protesto correto dos usuários do sistema.
Se nenhum político dos partidos que governam a cidade e o Estado fossem eleitos ou reeleitos, com certeza pensariam mil vezes antes de aumentar o valor das passagens do transporte público para encher os bolsos milionários dos empresários amigos.

Marca registrada de terceiro mundo!

O erro acontece de vários modos, enquanto
ser correto é possível apenas de um modo.

Os fios e cabos de energia elétrica espalhados em postes de concreto e madeira pelas ruas do Brasil são uma marca inequívoca de que somos um país de terceiro mundo. As privatizações das empresas de distribuição de energia elétrica na gestão FHC deveriam ter nos seus editais a obrigatoriedade da instalação dos fios e cabos subterrâneos retirando-os dos postes. Assim como já existem na Europa, América do Norte e boa parte do mundo civilizado.
Porém, a gestão FHC não incluiu obrigações nos editais e sim apenas facilidades e possibilidade de lucros exorbitantes para que pudessem vender a preço de banana nossas empresas estatais do setor elétrico.
A recente tragédia ocorrida em São Gonçalo – RJ neste começo de 2016, onde quatro pessoas (Dois adultos e duas crianças) da mesma família morreram eletrocutadas retrata o absurdo da incompetência e falta de gestão pública sobre o assunto.
Além da questão estética, tem a questão de segurança que leva os países de primeiro mundo a enterrarem toda fiação em suas cidades. A manutenção dessa situação no Brasil deixa ainda mais fácil para os oportunistas à possibilidade de emendas, os chamados “gatos” na rede, que trazem riscos e um prejuízo imenso as próprias empresas e ao Estado.
As ruas das cidades devem ser limpas, assim como suas calçadas desde o chão até a parte visível mais alta que se possa alcançar. Placa de publicidade tem de seguir regulamentações específicas assim como deveriam ter normas para as fiações da rede elétrica.
Fios e cabos de eletricidade e telefonia debaixo da terra garantem segurança aos cidadãos, limpeza para o visual das cidades e ares de modernidade. Dificultando ainda os roubos de energia que tanto custam aos cofres públicos e da sociedade.
Não podemos duvidar que essas medidas constem nos editais de privatização das empresas distribuidoras de energia e das que ficaram sob o julgo dos governos estaduais. Porém, o jeitinho brasileiro e o excesso de serviço do MP ajudam a manter esse panorama horrível e inseguro para todos nos municípios brasileiros.
Como sempre falta fiscalização, onde não tem radar, nada é fiscalizado no Brasil. Pode estar no Edital, nas leis ou até na Constituição Federal, que passará ao largo de quem deveria fiscalizar e multar ou tomar as devidas providências.

7 de janeiro de 2016

7%

"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou. É a coluna mais solicitada que eu já escrevi." Meu hodômetro passou dos 90 em agosto  , portanto, aqui vai à coluna mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, dê somente o próximo passo, pequeno.

3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.

4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.

5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.

6. Você não tem que ganhar todas às vezes. Concorde em discordar.

7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.

8. É bom ficar bravo com Deus Ele pode suportar isso.

9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.

10. Quanto ao chocolate, é inútil resistir.

11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.

12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem ideia do que é a jornada deles.

14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.

16. Respire fundo. Isso acalma a mente.

17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.

18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.

19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.

20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.

21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chique. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.

23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir  roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você.

26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todo mundo.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.

31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.

32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.

33. Acredite em milagres.

34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez.

35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.

36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.

37. Suas crianças têm apenas uma infância.

38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.

39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos  nossos mesmos problemas de volta.

41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor ainda está por vir.

43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.

44. Produza!

45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.
Estima-se que 93% não encaminhará isto. Se você for um dos 7% que o farão, encaminhe-o com o título 7%. 


Autora: Regina Brett, 90 anos de idade, que assina uma coluna no The Plain Dealer em Cleveland - Ohio - EUA.