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10 de abril de 2024

Tem algo errado que não está certo!

Imagem: Casule.

Em Bauru, no Centro Oeste do Estado de São Paulo, temos uma farmácia/drogaria para cada 1.500 habitantes. Num primeiro momento é difícil dizer se esse número é pouco ou se é exagerado. São 254 farmácias e drogarias para 380 mil habitantes.

A doença está em moda? Esse número reflete o envelhecimento da nossa população a cada ano que passa? Ou vender remédio é altamente lucrativo? Numa das avenidas principais da cidade, chega a ter cinco farmácias no mesmo cruzamento.

O triste é saber que apesar de tantas ofertas de medicamentos, faltam opções de atendimento para a população dos bairros mais afastados. Faltam leitos hospitalares e de UTI, algo que persiste por décadas, desde antes da pandemia da Covid-19.

Um cidadão que não possua plano de saúde e precisa utilizar o SUS, demora para ser atendido pelo médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de seu bairro ou da região onde vive. Entretanto, caso o médico peça um exame de imagem como radiografias, tomografias computadorizadas (TCs), ressonância magnética (RMs) ou ultrassons, o tempo de espera é imenso, levando muitas vezes o paciente a desistir do tratamento. Ou até morrer antes de conseguir realizar o exame.

Assim é o capitalismo selvagem brasileiro em sua mais pura essência. Os medicamentos, cujos lucros para os laboratórios são obscenos, tem oferta de primeiro mundo, já o atendimento médico hospitalar e a realização dos exames que tem custos altos para o Estado (Governo Estadual e Prefeituras), deixam o cidadão à mingua.

O problema obviamente não é o Sistema Único de Saúde (SUS), que apenas precisa da injeção de investimentos em modernização e uma administração mais eficiente que tenha como foco salvar vidas, prevenção e atendimento com qualidade ao servir a população.

Porém, nem sempre governadores e prefeitos têm uma mínima preocupação com a questão da saúde pública nos Estados e cidades por eles administradas. Na cabeça sem oxigênio dos nossos políticos, a saúde não dá votos.

No caso específico de Bauru, cidade que fica no Centro Oeste Paulista, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Bauru, em abril de 2024, a cidade possui 1.860 leitos hospitalares, divididos da seguinte forma:

SUS:

Leitos de Internação: 780 - Leitos de UTI: 130

Privado:

Leitos de Internação: 750 - Leitos de UTI: 200

É importante ressaltar que esses números podem variar ligeiramente de acordo com a fonte consultada e a época do ano. A distribuição dos leitos por tipo de especialidade:

Clínica Médica: 520

Cirúrgica: 400

Pediatria: 200

UTI: 330

Maternidade: 100.

Hospitais com maior número de leitos:

Hospital de Base: 450 leitos - Hospital Estadual de Bauru: 380 leitos Hospital da Unimed: 250 leitos - Santa Casa de Bauru: 200 leitos.

A cada quatro anos temos eleições para prefeitos no país, porém, a situação da saúde não tem melhoria há décadas, ao contrário, sofre com uma piora constante. Os recursos são destinados pelo governo federal aos Estados e Municípios, porém, nunca nos parecem ser suficientes para atender à crescente demanda. Os recursos viajam como a soja em caminhões onde o desperdício no trajeto causa espanto ao final da viagem. Assim são os recursos que parecem desaparecer na poeira da estrada.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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