O movimento para salvar Michel Temer
anda frenético. Não importa o que sobre do governo. É o plano, mesmo nestes
dias de boatos de degola de todos os homens do presidente, que vão sendo
dizimados por delações. Mesmo neste mês em que, se a revolta não está nas ruas,
ruge nas redes.
Trata-se de estabilizar a ponte para o
futuro até 2019. De não deixar a pinguela cair, de evitar um colapso econômico
e de colocar na conta da transição temeriana o custo mais intragável de
mudanças econômicas, como agora deveria ser bem sabido.
A operação inclui um contra-ataque aos
avanços do Ministério Público, que não se deve confundir com as meras
tentativas de solapar a Lava Jato ou de salvar procurados pela polícia no
Parlamento.
A palavra é "estabilizar",
"segurar os radicais" do MP, conter o tumulto. Mas há um ponto comum
entre quem pretende fugir da polícia e quem quer conter o Comitê de Salvação
Pública da Lava Jato: alguma lei de abuso de autoridade ou outro tipo de
pressão. Em outra crise grave, um projeto de lei caiu nesta quarta (14), por
liminar do Supremo. Deve reencarnar em outro corpo, no ano que vem.
Se ainda havia dúvida, o PSDB assumiu
a relação com Temer como se não houvesse um amanhã de cassação no TSE ou trauma
ainda maior. O movimento continua entre membros de tribunais superiores e
antigos companheiros de viagem de PSDB e PMDB, como o homem dos três Poderes,
Nelson Jobim, e outras eminências dos corredores da elite.
A algazarra e os escândalos abafam o
som do trator no Congresso, que aprova uma esteira de leis importantes, muitas
delas sérias, as quais seriam saudadas em público não fosse o vexame terminal
do Congresso.
Além do mais, deve passar a lei de
intervenção branca nos Estados quebrados, uma espécie de lei de falência que
pode dar um destino à crise mais teratológica, como a do Rio, embora não deva
acalmar o povo.
Note-se ainda que está para passar lei
que pode dar fim ao escândalo dos salários extrateto, muito comuns no
Judiciário. Passou uma reforminha do ISS, que limita a guerra fiscal entre os
municípios. O caso da Previdência deve voltar a entrar nos trilhos previstos
pelo governo, pelo menos até o povo se revoltar.
Aécio Neves fez nesta quarta-feira
outro anúncio formal de renovação de votos da união com Temer:
"Continuaremos ao lado deste governo até o final desta travessia".
Senadores do PSDB, José Aníbal e Tasso Jereissatti na comissão de frente, fazem
uma rede de debates na elite a fim de juntar ideias econômicas.
Henrique Meirelles refez as pazes com
o tucanato, ontem em almoço. Houvera estranhamento do ministro da Fazenda com o
PSDB.
No momento em que bateu certo
desespero na elite, o partido pareceu avançar sobre o governo, na economia em
particular, enquanto gente do próprio Planalto fritava Meirelles de leve. Não
pegou bem. Ontem, pareciam todos no mesmo barco.
Meirelles está ainda mais exposto na
política, dadas às baixas no Planalto, tendo até procurado pacificar o centrão,
que ameaça avacalhar a reforma da Previdência. Temer, de resto, vai tentar
apaziguar o centrão com cargos, numa mexida no ministério que deve vir em
fevereiro. Bateu um desespero na elite. Que tenta
se mexer.
O Autor Vinicius Torres Freire está na Folha de SP desde 1991. Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve de quarta a sexta e aos domingos.
O Autor Vinicius Torres Freire está na Folha de SP desde 1991. Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve de quarta a sexta e aos domingos.
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