“As convicções são inimigas mais perigosas da
verdade do que as mentiras” Friedrich Nietzsche
O deputado Eduardo Cunha teve seu
mandato cassado na noite de 12 de setembro de 2016, numa votação histórica que
registrou ao final: 450 votos favoráveis contra apenas 10 votos contrários. Cunha
viu ser dizimada em poucos meses sua base fiel conhecida como Centrão. Do auge
de sua atuação a frente da Câmara dos Deputados, até o declínio de sua carreira
com a contumaz cassação aplicada por seus pares, percorreu um caminho de
denúncias, suspeitas e intrigas provocadas por sua arrogância.
Sua carreira política começou quando
trabalhou na campanha eleitoral de Eliseu Rezende (PDS-MG) na eleição de 1982 e
de Moreira Franco (Atual desafeto) candidato ao governo do RJ em 1986. Em
seguida, foi convidado por ninguém menos do que Paulo César Farias a se filiar
ao Partido da Reconstrução Nacional (PRN) e integrar o núcleo da campanha de
Fernando Collor de Mello em 1989.
Atuou como tesoureiro da campanha no
Comitê do RJ, e em troca, após a eleição de Collor, foi nomeado em 1.991 como Presidente
da Telerj. Não demorou muito tempo para que o TCU constatasse irregularidades
na contratação de servidores sem concurso publico, tratamento privilegiado a
determinados fornecedores, falhas e fraudes em licitações. Sem contar o
escândalo de superfaturamento quando foi descoberto um esquema que Cunha havia
assinado de U$ 92 milhões entre a Telerj e a NEC do Brasil.
Em 1995, ingressou no Partido
Progressista Brasileiro (PPB). Em 1996, ele e outras 41 pessoas foram autuadas
em um dos processos que investigava o Esquema PC, chegando a ser réu de um dos
processos. Todavia o TRF concedeu um Habeas Corpus e trancou a ação contra
Cunha.
Sua primeira aventura política real
foi em 1.998, quando se lançou candidato a uma vaga de deputado estadual pelo
RJ, mas teve apenas 15 mil votos e não foi eleito. Sua amizade com Anthony
Garotinho possibilitou que fosse indicado a presidir a Companhia Estadual de
Habitação do RJ. Ficou apenas seis meses e foi afastado em virtude de denúncias
de irregularidades em contratos sem licitação e favorecimento de empresas fantasmas.
Percebemos que o mesmo modus operandi
da Telerj voltava a acontecer na CEHAB. Em ambas, Cunha era o presidente das
empresas. Coincidência? Em 2001 o TCE/RJ confirmou as diversas irregularidades
nas licitações da CEHAB, entre elas a adulteração de certidão negativa de
tributos estaduais. Entretanto não foi punido.
Para tanto, assumiu uma vaga de
Deputado Estadual o que lhe garantia imunidade parlamentar nas investigações em
que estava envolvido. Finalmente em 2003, troca novamente de partido e vai para
o PMDB (Berço de tantos suspeitos de corrupção).
Foi eleito em 2002 e reeleito em 2006
com 130 mil votos, neste momento percebemos que os eleitores não pesquisaram a
vida do candidato ou não sabem mesmo em quem votar com consciência e seriedade.
De lá para cá, atuou como sempre quis,
livre, seguro por sua imunidade parlamentar, o que lhe permitiu transitar junto
a empresas dos setores de energia, telefonia e construção obtendo vantagens que
resultaram nas propinas que ele tratou de enviar para paraísos fiscais e para a
Suíça.
Muitos brasileiros pensam que o único
crime de Cunha tenha sido mentir na Comissão de Ética da Câmara, ledo engano,
contra ele existem vários processos em andamento ou parados na Lava Jato, STF e
em muitas outras varas da justiça.
Sua cassação não é nada, esse elemento
precisa ser julgado, condenado e punido rigorosamente pela Justiça brasileira,
como um dos elementos mais nocivos que nossa política já produziu nos últimos
40 anos. Sua trajetória, em parte descrita acima, é apenas um leve aperitivo do
que Cunha é capaz de fazer quando tem poder e imunidade.
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