“Há os que
lutam uma vez e são importantes.
Os que
lutam muitas vezes e são fundamentais.
E há os
que lutam sempre, esses são imprescindíveis”.
Brecht
Era uma noite comum como tantas outras no meio da primavera paulistana
exceto pelo fato de que a maior cidade do país e da América Latina estava
totalmente paralisada a frente dos milhares de televisores ligados na final do
Campeonato Paulista de Futebol daquele ano.
No Estádio Cicero Pompeu de Toledo, Sport Clube Corinthians Paulista e
Associação Atlética Ponte Preta decidiam numa terceira partida o título inédito
para a equipe campineira e de muito valor para o Corinthians, que não o
conquistava desde fevereiro/1955, data em que ergueu pela última vez uma taça
do Paulistão.
O público dos três jogos da decisão somou 290.515 torcedores majoritariamente corinthianos. Sendo que na segunda partida foi registrado o maior público de um estádio de futebol em todo o Estado. Foram ao Morumbi, 146.083 pessoas (sendo 138.032 pagantes) que assistiram o que podia ser o jogo do título do Corinthians. Esse recorde é mantido até os dias de hoje.
Naquela noite de 13 de outubro a massa alvinegra da Fiel torcida estava
nervosa, apreensiva, porém confiantes de que aquela seria a noite da redenção,
do fim das intermináveis brincadeiras que invadiram as décadas de sessenta e
setenta contra os corinthianos.
Segundo me confidenciou “Seu” Zé Duarte técnico da Ponte Preta nove
depois em Jaú, quando o encontrei numa lanchonete daquela cidade, havia um
clima em São Paulo jamais visto por ele e seus comandados. O estádio tremia
literalmente e seria segundo suas palavras impossível vencer o Corinthians
naquela noite.
Mesmo tendo uma equipe tecnicamente superior ao alvinegro paulista, a
Ponte sucumbiu à enorme força vinda das arquibancadas e numeradas do Estádio.
Força que dificilmente seria vista novamente, nem mesmo na conquista da tão
almejada Taça Libertadores da América em 2012.
A narração perfeita de Osmar Santos pela Rádio Globo entrou para a
história como uma das mais precisas, mais emocionantes de todos os tempos.
Osmar conseguiu captar com perfeição absoluta a emoção da torcida corinthiana e
na hora do gol ele interagiu com o sentimento mais profundo da Nação Alvinegra
do Parque São Jorge. Foi uma explosão que ecoou em todo Estado de São Paulo e
em muitas cidades do Brasil onde naquela noite havia ao menos um torcedor
corinthiano.
Eu me lembro de ter saído do Jabaquara e percorrido um caminho até a
Avenida Paulista onde percebia a alegria incontida de milhares de torcedores
alucinados. Ao chegar na Avenida Paulista fiquei completamente emocionado ao
ver a presença maciça de torcedores lotando os quase três quilômetros de
extensão da avenida. Não havia um espaço vazio, a avenida estava tomada por
torcedores coloridos em preto e branco.
Fiquei até as cinco horas da manhã e parecia que havia uma força que me
puxava e não me deixava sair daquela festa alvinegra. A ressaca foi enorme, uma
ressaca de conquista e não fruto de ingestão de bebida alcóolica.
Hoje ao completar 37 anos daquela data, ainda me emociono ao ouvir a voz
de Osmar Santos – O garotinho da Rádio Globo narrando aquele gol antológico de
Basílio – O pé de Anjo do Timão. Depois daquele 13 de outubro de 1977 muitos
títulos o Timão conquistou. Foram 24 campeonatos, sendo 12 Estaduais, 5
Nacionais, 3 Copas do Brasil, 1 Libertadores, 2 Mundiais e uma Recopa
Sul-Americana.
Por incrível que possa parecer, nada se compara àquela conquista na noite
distante de 13 de outubro de 1977. Parabéns torcida do Corinthians e a todos os
que participaram daquela noite histórica como protagonistas da “Noite da
Redenção” alvinegra.
Começando pelo presidente Vicente Mateus, homem que nunca tirou uma moeda
do clube, polêmico, engraçado, porém o mais corinthiano dentre tantos. O
treinador Osvaldo Brandão, disciplinador, pai, treinador e homem responsável
pela conquista daquele grupo que tinha Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Vladimir,
Russo, Basílio, Luciano, Vaguinho, Geraldão e Romeu. Além de Palhinha, Cláudio
Mineiro e tantos outros coadjuvantes que entraram para a história do
Corinthians.
Ouça a narração de Osmar Santos no momento do gol do título no link abaixo:
http://mais.uol.com.br/view/12296165
Ouça a narração de Osmar Santos no momento do gol do título no link abaixo:
http://mais.uol.com.br/view/12296165
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