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26 de junho de 2008

A Ilha

O anúncio do afastamento de Fidel Castro do governo ditatorial de Cuba, trouxe à tona varias divagações sobre o futuro, daquela ilha localizada no Caribe, muito próxima dos EUA, que somado ao seu regime político, explica ser o alvo de um embargo comercial criminoso a mais de trinta anos.
Ideologia à parte, o que mais me chama a atenção é a suposta preocupação de políticos, jornalistas e de uma parte da nossa imprensa em geral com esse fato que a rigor diz muito pouco ao povo brasileiro. Recriminam atitudes de Fidel Castro, mas esquecem de olhar para dentro do nosso país e verificarem quanto estamos atrasados apesar de nossa democracia.
Nossa saúde pública provoca calafrios e deixam expostas situações como a ocorrida em Goiânia num Hospital Público onde a equipe médica retirou por “engano” o útero de uma mulher. Ou nas muitas mortes de aposentados e doentes em filas de espera inaceitáveis. Não me recordo de ter visto notícias assim ocorridas em Cuba.
Nossa educação é um emaranhado de boas intenções, nossos governantes desrespeitam os professores, não tem projeto consistente para o ensino médio e fundamental e uma boa parte nossas faculdades são uma multiplicação de pequenas minas de ouro para meia dúzia de espertalhões que normalmente financiam campanhas governamentais. Nos Estados e Municípios a situação é triste, quanto mais ao norte caminharmos mais indignados ficaremos com o que os políticos chamam de ensino público
A violência com que Fidel e a revolução trataram seus inimigos sempre é lembrada, mas os críticos esquecem de nossa ditadura militar e as mortes ocorridas aqui em menor número talvez, mas que na época jamais tiveram eco na nossa grande mídia. Hoje morrem no Brasil aproximadamente 35 mil brasileiros vitimas da violência e da falta absoluta de segurança pública, será que estamos bem no quesito violência?
O fato de a revolução cubana ter expulsado seus inimigos e parte deles terem se alojado em Miami, cerca de 140 km de distância de Cuba, explica em parte o desejo tácito do governo “democrata” americano em querer minar seu inimigo ideológico Fidel.
Não me recordo de ter visto algum dia criticas contundentes por parte da nossa imprensa a invasão absurda dos americanos ao Iraque. Isso pode? Matar inocentes em paises distantes pode? Invadir para se apossar de petróleo com a desculpa esfarrapada de que está combatendo o terrorismo pode?
Outra questão complexa é para com o fato de haver na Ilha cubana um regime que não permite eleições diretas, não permite liberdade de expressão, mas aqui na terra brasilis nós temos tudo isso e estamos contentes? Nosso sistema político é um modelo a ser copiado no exterior? Nossa desigualdade social foi algum dia minimizada por termos uma democracia? Temos escolas de medicina ao alcance de todos os alunos da rede pública? Temos ensino de qualidade? Nossos professores, policiais e médicos da rede pública são valorizados?
Fidel não permite que seus conterrâneos saiam de Cuba, mas o que queriam os seus críticos? Que ele desse passaporte e pagasse as passagens para que todos fossem morar em Miami?
Deixem a Ilha de Cuba e os cubanos em paz, para que possam resolver seus problemas em paz, critiquem um pouco quem impôs uma barreira comercial ignóbil, violenta e abusiva ao povo cubano. E não tem coragem de retirá-la mesmo depois do fim da guerra fria, da queda do muro de Berlim e do comunismo soviético.

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