A corrupção não é uma invenção brasileira,
mas a impunidade é uma coisa muito nossa.
No “restaurante vip” que funciona na Câmara Municipal de São Paulo, e
atende exclusivamente os 55 vereadores paulistanos, o cardápio é diversificado
e da melhor qualidade no que tange a refeições balanceadas.
No café da manhã: Frutas, sucos, queijo prato e minas, presunto magro,
peito de peru, torradas e opções de bolos variados. No almoço ou jantar, são
servidos saladas de folhas variadas, carnes bovinas, frango, suína ou de peixe,
com pelo menos quatro acompanhamentos diariamente. Também, por que ninguém é de
ferro, é servido um lanchinho à tarde com caldos, pizzas, esfirras, sanduíches,
salgados diversos e doces como manjar, brigadeirão e pudins.
Nada demais em
termos de culinária, porém, chama a atenção o simples fato de que esse cardápio
exclusivo dos vereadores não tem preço, são de graça, pagos pelo contribuinte
paulistano. Muitos destes, que vivem na miséria e não conseguem fazer ao menos
uma dessas refeições citadas em suas casas.
Para que o
povo brasileiro tenha uma ideia, nos próximos doze meses o custo orçado para
essas refeições é de R$ 770 mil reais, que serão pagos pelo povo de São Paulo.
Você deve
estar a esta altura da leitura se perguntando:
_ Os
vereadores trabalham todos os dias da semana?
Não, eles não
trabalham diariamente como todos os demais trabalhadores do país, esse custo,
envolve apenas as refeições servidas quando eles resolvem dar expediente. Ou
seja, apenas quando há sessões no plenário da Câmara ou em reuniões de suas
comissões parlamentares de inquérito.
A sala vip
fica ao lado do plenário, para facilitar a vida desses incautos homens públicos
da vereança paulistana. Reza a lenda que recentemente, alguns deles ficaram
furiosos ao saber que assessores estavam matando a fome no local que é
exclusivo dos vereadores.
Um vereador em
São Paulo recebe por mês R$ 15.031,76 (Quinze mil, trinta e um reais e setenta e
seis centavos). Porém, cada gabinete tem uma verba adicional de R$ 164.433,00 (Cento
e sessenta e quatro mil, quatrocentos e trinta e três reais) para custear 18
(DEZOITO) assessores. O que resulta mensalmente em R$ 9.135,00 por assessor.
Convenhamos, um acinte, diante da situação dos demais brasileiros que recebem
quando estão empregados, algo em torno de R$ 937,00 (Novecentos e trinta e sete
reais).
Estava
esquecendo, eles ainda recebem anualmente uma verba suplementar de R$ 282.037,00
(Duzentos e oitenta e dois mil e trinta e sete reais) para custeio de serviços
gráficos, assinaturas de revistas e jornais, deslocamento pela cidade e
materiais de escritório. Ou seja, por ano um vereador com direito a restaurante
vip, custa ao contribuinte paulistano à bagatela de R$ 2.450.000,00 (Dois
milhões, quatrocentos e cinquenta mil reais), se multiplicarmos pelos cinquenta
e cinco manganões que exercem o mandato na Câmara, teremos um custo aproximado
de R$ 1.348.000.00 (Um bilhão, trezentos e quarenta e oito milhões de reais).
O fornecimento
de lanches com verba oficial não se trata de um ato ilícito, segundo o Professor
da FGV, Mário Schapiro, porém, configura-se de uma improbidade administrativa.
Em minha
opinião, enquanto a sociedade brasileira não reagir, não tomar ciência dos
gastos nababescos e das improbidades cometidas pelos seus representante políticos
nas três instâncias de poder, ficaremos sujeitos a cada dia mais absurdos como
esse do restaurante e dos gastos desnecessários dos vereadores da cidade de São
Paulo.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
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