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17 de outubro de 2008

Existem greves não políticas?

Sempre que uma greve é deflagrada e o governo não consegue resolve-la através da manutenção do diálogo e do respeito aos trabalhadores envolvidos, o Governador aparece com a conversa mole de que a greve é política. Interessante, qual greve não é política? Existem movimentos em que o trabalhador acorda pela manhã e liga para o companheiro e diz:
_ Oi Zé, vamos fazer uma greve hoje? Vamos encaminhar uma reivindicação ao Governador por melhores salários e condições de trabalho?
Claro que o processo de negociação trabalhista é político, envolve diversos fatores, diversos poderes em jogo, envolve a essência da arte de fazer política, que é o diálogo. Ocorre que no Brasil e em particular no Governo de SP, não existem diálogos e a via é de mão única, sempre em direção ao Estado.
Se um governo que está no poder a 14 anos e não conseguiu após tantos anos equacionar a questão de plano de carreira, piso salarial decente e demais benefícios aos seus professores, policiais civis e militares, que moral tem para jogar a culpa do movimento em um partido que nunca foi poder no Estado?
Incompetência? Desprezo pelos funcionários públicos? Desprezo pela sociedade que fica à mercê não dos grevistas, mas da falta de atitude de um governo que está preocupado única e exclusivamente com a sua possibilidade de êxito na eleição de 2010 para Presidência da República.
A sociedade assiste a tudo passivamente, não se posiciona e sofre calada pela ausência dos policiais civis em seus postos e ainda por cima vota em candidatos do mesmo partido.
Haja passividade, haja tolerância, haja falta de engajamento e de um mínimo de leitura do quadro que está posto para quem quiser ver. Se o leitor tem alguma dúvida, converse com um membro da policia civil ou com um familiar deste, pergunte ao interlocutor há quanto tempo seu parente não recebe um aumento de salário, pergunte qual é o salário dos policiais civis e compare com o de Estados como o Maranhão, Pará, e pelo Brasil afora, veja a discrepância. O Estado mais rico da nação e com os maiores índices de criminalidade quer pagar aos policiais civis e militares também salários miseráveis.
Justamente os profissionais que dão segurança ou que pelo menos tentam fazer seu trabalho apesar da falta absoluta de condições, equipamentos, treinamentos adequados e freqüentes, faltam nas delegacias na cidade de São Paulo até papel higiênico, com isso fica desnecessário alongar ainda mais a discussão.
Contra fatos não há argumentos, o piso inicial para Delegado no Estado de SP, comandado há 14 anos pelo PSDB é o mais baixo entre todos os Estados brasileiros. Aqui o piso é de R$ 3.926,00 enquanto no Acre é de R$ 5.874,00. Se depois de quatorze anos os tucanos não conseguiram equacionar a questão salarial de seus policias, professores e demais funcionários públicos, é melhor mesmo continuar a culpar o Lula, a Martha, o Quércia...

Um comentário:

Ly disse...

Crônicas sobre os últimos acontecimentos políticos escritas de forma leve e sarcástica.

Mosaico de Lama:
www.mosaicodelama.blosgpot.com

Boa leitura!