O Produto Interno Bruto – PIB... mede tudo...
exceto aquilo que faz a vida valer a pena.
Robert
F. Kennedy
Há muitos anos ouvimos e lemos no Brasil
a necessidade de reformas estruturais. Foram muitos os discursos a favor destas
reformas, que incluíam a Reforma Trabalhista, Previdenciária, Tributária e a
Política.
Nunca ninguém se preocupou com o fato de
que estas reformas estruturais seriam elaboradas e/ou aprovadas pelo Congresso
Nacional, não importando quem seria o presidente da república. Isso implica
dizer que uma reforma já foi aprovada (Trabalhista) e a outra está praticamente
aprovada e os resultados ainda são muito aquém das promessas.
A Trabalhista foi aprovada a toque de
caixa no governo espúrio de Michel Temer, um homem com sete processos de
corrupção às costas e que se dizia um reformista. Não se poderia esperar algo
moderno, reformador e que trouxesse a CLT e o trabalho para respirar os ares do
Século XXI.
Muito ao contrário, a reforma é tão
pífia e descaradamente favorável aos setores empresariais que mantém diversas
coisas inaceitáveis para o nosso tempo. Não atualiza e regulariza novas
profissões surgidas nos últimos quarenta anos no país. É tão mal escrita que no
seu bojo o Estado do Acre é descrito como Território. O Acre é Estado desde
1962, tempo suficiente para que quem escreveu, relatou e aprovou o texto
devesse perceber...
A Reforma da Previdência segue o mesmo
rito, foi aprovada na Câmara e está em fase final de aprovação no Senado, em
ambas as casas o governo tem maioria e, portanto, não teve nem terá dificuldade
alguma em aprova-la.
Trata-se de uma reforma que penaliza os
que um dia gostariam de se aposentar, massacra os mais pobres, as pensionistas
e não altera nada em relação aos devedores de quase um trilhão de reais ao
sistema previdenciário nacional. Não altera forma de custeio, nem define
claramente a questão das desigualdades entre o setor privado e o público.
Mantém do mesmo jeito a situação caótica da Previdência nos Estados e nos
munícipios, com rombos estratosféricos. Os militares são um capítulo à parte
dentro da confusa nova sistemática que não define com clareza e transparência
como ficarão as aposentadorias e pensões desta classe.
O que imaginar da futura Reforma Tributária
e Fiscal? Pelo andar da carruagem e pelas proposições que escapam na mídia, a
classe média terá ainda mais problemas pela frente quando esta for aprovada.
Fala-se em acabar com os abatimentos de Saúde e Educação no acerto anual com o
I.R., querem criar novos impostos, enfim, o sonho de uma carga tributária menor
e mais enxuta não passa de uma utopia.
A Câmara e o Senado não se entendem
sobre alguns pontos importantes no começo da discussão sobre a reforma fiscal e
tributária. Entenda as diferenças entre as propostas de reforma tributária das
duas Casas:
UNIFICAÇÃO
Senado
- IPI, PIS, Cofins, IOF, CSLL, Cide, Salário Educação (federais); ICMS
(estadual); ISS (municipal).
Câmara
- IPI, PIS, Cofins (federais), ICMS (estadual), ISS (municipal).
ALÍQUOTAS
Senado
- Definidas por cada Estado e município.
Câmara
- Definição pelo Comitê Gestor do IBS.
IMPOSTO SELETIVO COM ALÍQUOTAS
DIFERENCIADAS
Senado
- Bebidas alcóolicas e não alcoólicas, fumo, veículos, comunicações,
energia elétrica, petróleo e gás natural.
Câmara
- Fumo e bebidas alcoólicas.
INCENTIVOS E DESONERAÇÕES
Senado
- Imposto zero para remédios e alimentos. Outros incentivos definidos por
cada Estado e município.
Câmara
- Não prevê incentivos e desonerações.
TRANSIÇÃO ATÉ NOVO MODELO
Senado
- 15 anos
Câmara
- 10 anos, além de 50 anos para compensar eventuais impactos a Estados e
municípios.
O grande problema no nosso sistema
democrático está no fato de que quem manda é o Poder Executivo, porém, quem dá
as cartas é o Poder Legislativo. Sendo assim, os deputados federais e os
senadores eleitos pelo povo brasileiro, que em sua maioria representam diversos
setores menos o povo, não permitem que nenhum avanço seja realizado em nenhuma
lei ou projeto, muito menos numa reforma estrutural.
Quem manda são os Banqueiros, Latifundiários,
Setores do Agronegócio, Industria Farmacêutica, Petrolífera, Empresários de
grandes conglomerados. Tanto que no Congresso Nacional existe a Bancada da
Bala, Evangélica, da Bola, só não tem a bancada do povo representada em todos
os sentidos.
Para piorar, o eleitor brasileiro em
geral, se preocupa com o nome do candidato a presidência e relega a terceiro
plano sua escolha pelo deputado federal e senador. Escolhe sem critério, sem
perceber que será este grupo eleito irá definir o futuro do país e da sociedade
através de leis, projetos, decretos que afetam o seu próprio cotidiano.
Não falei sobre a Reforma Política por
que estou tratando de coisas que podem acontecer ou que já e tornaram realidade,
não posso discorrer de assuntos que são ficção científica, coisas inatingíveis
e sem perspectivas nos próximos vinte anos.
Autor:
Rafael Moia Filho é Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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