A base da vergonha não é algum erro que cometemos,
mas que essa humilhação seja vista por todos.
Milan
Kundera
Desde sua posse em primeiro de janeiro
deste ano Dilma Rousseff prega a necessidade de aprovar no Congresso Nacional o
Ajuste Fiscal. Abdicou de governar para falar deste item da sua política
econômica. Seu novo ministro da fazenda Joaquim Levy também só fala deste
assunto para os parlamentares, para as plateias aonde profere palestras, para a
mídia nacional e internacional, enfim, estamos com overdose de ajuste fiscal.
Preocupa-nos saber que nestes seis
meses o desemprego cresceu assustadoramente e põe a perder anos de índices
positivos de carteiras assinadas. Assusta ver e sentir nos bolsos que a
inflação também colocou suas asas de fora, deixando tudo mais caro e a classe
média em polvorosa (Ela que sempre arca com os maiores prejuízos).
Sem contar que combustíveis estão com
preços surreais e ajudando a empurrar a inflação e o desânimo para patamares
que achávamos não existir mais no país. Sem esquecer que o governo também
elevou a conta da energia elétrica, aquela mesma que teve privatizadas diversas
empresas estatais e se supunha estar nas mãos de empresas sérias e prontas a
investir na expansão do setor com ou sem crise hídrica.
A única certeza que temos é que o país
está andando para trás há muito tempo, porém, aumentou a velocidade dessa marcha
à ré nos últimos seis meses de forma impressionante.
E o governo? Que governo? Dilma acuada
pelo reacionário e ambíguo PMDB além das acusações que só crescem contra seu
partido, contínua falando que o Ajuste Fiscal vai resolver tudo.
Não sou economista e nem quero ser, porém,
imagino que esse ajuste seja igual àquelas garrafadas que são vendidas em
feiras do norte e nordeste do país. Aquelas que anunciam curar AIDS, impotência
sexual, gripe, má digestão e tudo mais que possa existir de doenças na face da
terra.
O projeto de ajuste fiscal do governo
Dilma, na verdade esconde novos aumentos na carga tributária que já é obscena
para a maioria dos brasileiros. Fica latente a inexistência de planejamento, e,
também a não realização dos cortes necessários de gastos com a máquina pública,
bem como, das despesas que deveriam ser cortadas para reduzir drasticamente a
dívida pública interna e externa.
Ao contrário, o governo se mantém
dentro de uma zona de conforto navegando por inércia e muitas vezes por osmose.
Se alguém reclama, dá-lhe ajuste fiscal, de hora em hora ou quatro vezes ao dia
como remédio barato que não resolve, mas alivia a dor.
A garrafada ao menos tem elogios entre
seus adeptos, enquanto esse ajuste fiscal é pior que pinga batizada no fundo de
uma bodega paraguaia.
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