Os que
repudiam a violência podem repudiar,
pois outros
praticam violência em nome deles.
George Orwell
Uma série de
mentiras e conversas mal explicadas tomou conta da semana esportiva em São
Paulo. As vésperas do clássico entre Palmeiras x Corinthians a ser realizado no
domingo 08/02/15, pela primeira vez desde que o Parque Antártica foi reformado.
O Ministério
Público atendendo um pedido do presidente do Palmeiras Paulo Nobre baixou uma
recomendação de que o jogo tivesse torcida única, apenas do dono da casa. A
Federação Paulista comandada por gente que não ama o futebol, acatou de
imediato a recomendação.
A desculpa que
o MP usou seria a de conter a violência entre as torcidas organizadas dos dois
clubes, mentira que eles próprios com certeza não acreditam. Em SP das 279
mortes ocorridas por violência entre torcedores, apenas sete foram dentro ou
nas imediações dos estádios.
A maioria das
brigas, mortes acontecem em locais muito distantes dos estádios. Ontem à noite
(07/02/15) houve um jogo no Pacaembu entre o São Paulo e o Xv de Piracicaba. Quando
a partida começou às 19h30min horas, já havia o registro de uma briga intensa
entre torcedores do SPFC e do Corinthians na Estação Carrão do Metrô.
Ou seja, a
tese do promotor caiu por terra um dia antes do clássico entre Palmeiras e
Corinthians. A briga foi longe do estádio e envolveu outra torcida, cujo time
não jogava naquela noite.
O promotor não
entendeu ainda que para conter a violência não adianta proibir a entrada de
bandeiras dos clubes, não servir cerveja dentro dos estádios e querer torcida
única. Para começar a solucionar esse problema de brigas e mortes entre
torcedores é necessário o cumprimento das leis existentes.
De que adianta
a polícia militar prender arruaceiros e criminosos envolvidos em brigas com
mortes de torcedores se os meliantes saem das delegacias rindo impunemente para
voltar às sedes de suas torcidas para planejar novo ataque?
É preciso que
a Justiça omissa, lenta e obscura do Brasil reaja, endureça as penas das leis e
coloque atrás das grades sem regime aberto e sem benesses os criminosos,
independente de serem torcedores ou não.
A proposta do
promotor na verdade escamoteou um pedido de ordem financeira do presidente do
Palmeiras, que queria utilizar a área que seria destinada aos torcedores rivais
e todo o entorno que a Polícia Militar exige para vender ingressos (aproximadamente
12 mil) e lucrar com a partida.
A medida foi
tão inócua, mentirosa e sem sentido que o MP sequer se preocupou em determinar
que ela fosse cumprida em todos os clássicos, independente do estádio
utilizado.
A mentirinha
era apenas para o jogo deste domingo, nos jogos no Morumbi, Pacaembu, Vila
Belmiro. A cessão de cinco por cento dos ingressos para torcidas visitantes
permaneceria inalterada. A briga na estação do Metrô num dia sem clássicos,
prova que o MP, a PM, a Justiça e o Governo tem muito que aprender e muito trabalho
para solucionar um problema que passa muito longe dos estádios de futebol no
Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário