Há muitos
caminhos para chegar ao mesmo lugar.
Velho
ditado Apache
Ao final do
segundo turno para as eleições presidenciais no Brasil os dois lados e seus
milhões de eleitores começaram uma discussão ferrenha buscando saber quem foram
os responsáveis ou “culpados” pela derrota de um e a vitória do outro.
Difícil definir
de forma exata e matemática o porquê das duas coisas. A vitória e a derrota
numa eleição em segundo turno é normalmente difícil de ter explicações
resolutas, definitivas acima da emoção e do calor da forte disputa ocorrida
durante meses.
O que muito não
analisam e muitas vezes nem prestam a devida atenção é que votar é um direito
universal que conseguimos em sua plenitude depois de milhares de anos em que a
humanidade evoluiu lentamente desde os tempos matriarcais até o século XXI.
No princípio da
democracia mesmo no Brasil poucos tinham a oportunidade votar e eleger seus
representantes. Foi assim no começo da Proclamação de República, quando as mulheres,
analfabetos, escravos ou homens recém libertados da escravidão não podiam
exercer este direito sagrado de votar.
Hoje no Brasil
podemos votar livremente e somos milhões com este direito garantido em nossa
Constituição Federal, em acordos e tratados internacionais assinados pelo
Brasil e mesmo assim muito abrem mão deste direito e da participação na festa
da democracia nacional.
O Brasil possuía
no momento das eleições 149.962.964 eleitores aptos a exercer sua cidadania
votando na eleição de 2014. Porém tivemos apenas 105.542.273 votos válidos, ou
seja, 37.279.085 eleitores se “ausentaram” da eleição através da abstenção ao
voto, votando nulo ou branco.
Esse exército de
pessoas maior que a população do Canadá por exemplo, poderia e com certeza
faria a diferença no resultado final do pleito ora encerrado. Afinal de contas
a diferença entre os dois candidatos ao final do segundo turno foi de 3.459.963
votos. Tanto a vencedora poderia ter uma margem ainda maior como o perdedor
poderia ter ganho a eleição caso tanta gente não se ausentasse da eleição.
É normal que
haja em toda eleição um total de 10% a 15% de abstenções, mas no segundo turno
tivemos 21,10% no Brasil. Os eleitores que votaram nulo e branco somaram
7.141.606. Superando também a diferença entre os dois candidatos ao final da
eleição.
Essa ausência
pode e com certeza tem várias explicações, mas nenhuma delas consegue
justificar esse ato abominável do brasileiro de dar um jeitinho em tudo e
depois ficar reclamando dos demais. Esse exército de cidadãos de segunda classe
normalmente deveriam pagar impostos, enfrentar as mesmas dificuldades que todos
enfrentamos em nosso país, então porque o ato covarde de não exercer seus
direitos quando mais se precisam deles.
Como bem definiu
o Professor de Filosofia Silvio M. Maximino em texto publicado no Jornal da
Cidade: “A qualidade
dos eleitos só irá melhorar se a cultura mudar. Não é preciso que todos mudem.
Basta que uma massa crítica seja atingida. Alguns nos dirão: mas o poder
econômico nos esmaga e manipula o sistema, seja ele qual for. Parece uma luta
injusta: um Davi contra um Golias... mas Davi venceu por fim, mesmo sendo menor
e fisicamente mais fraco”.
As mudanças
têm de acontecer e elas envolvem o sistema eleitoral, passando por uma ampla
reforma política aonde o eleitor possa vir a discutir previamente com os
candidatos as propostas a serem levadas para a campanha. Mas uma coisa precisa
mudar com urgência: O cidadão brasileiro precisa levar a sério o ato de votar e
de sua participação em todo processo político do país, sem o qual fica
impossível atingirmos um patamar acima como Nação livre e democrática.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
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