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6 de novembro de 2014

A vitória na democracia dos ausentes!

Há muitos caminhos para chegar ao mesmo lugar.
Velho ditado Apache

Ao final do segundo turno para as eleições presidenciais no Brasil os dois lados e seus milhões de eleitores começaram uma discussão ferrenha buscando saber quem foram os responsáveis ou “culpados” pela derrota de um e a vitória do outro.
Difícil definir de forma exata e matemática o porquê das duas coisas. A vitória e a derrota numa eleição em segundo turno é normalmente difícil de ter explicações resolutas, definitivas acima da emoção e do calor da forte disputa ocorrida durante meses.
O que muito não analisam e muitas vezes nem prestam a devida atenção é que votar é um direito universal que conseguimos em sua plenitude depois de milhares de anos em que a humanidade evoluiu lentamente desde os tempos matriarcais até o século XXI.
No princípio da democracia mesmo no Brasil poucos tinham a oportunidade votar e eleger seus representantes. Foi assim no começo da Proclamação de República, quando as mulheres, analfabetos, escravos ou homens recém libertados da escravidão não podiam exercer este direito sagrado de votar.
Hoje no Brasil podemos votar livremente e somos milhões com este direito garantido em nossa Constituição Federal, em acordos e tratados internacionais assinados pelo Brasil e mesmo assim muito abrem mão deste direito e da participação na festa da democracia nacional.
O Brasil possuía no momento das eleições 149.962.964 eleitores aptos a exercer sua cidadania votando na eleição de 2014. Porém tivemos apenas 105.542.273 votos válidos, ou seja, 37.279.085 eleitores se “ausentaram” da eleição através da abstenção ao voto, votando nulo ou branco.
Esse exército de pessoas maior que a população do Canadá por exemplo, poderia e com certeza faria a diferença no resultado final do pleito ora encerrado. Afinal de contas a diferença entre os dois candidatos ao final do segundo turno foi de 3.459.963 votos. Tanto a vencedora poderia ter uma margem ainda maior como o perdedor poderia ter ganho a eleição caso tanta gente não se ausentasse da eleição.
É normal que haja em toda eleição um total de 10% a 15% de abstenções, mas no segundo turno tivemos 21,10% no Brasil. Os eleitores que votaram nulo e branco somaram 7.141.606. Superando também a diferença entre os dois candidatos ao final da eleição.
Essa ausência pode e com certeza tem várias explicações, mas nenhuma delas consegue justificar esse ato abominável do brasileiro de dar um jeitinho em tudo e depois ficar reclamando dos demais. Esse exército de cidadãos de segunda classe normalmente deveriam pagar impostos, enfrentar as mesmas dificuldades que todos enfrentamos em nosso país, então porque o ato covarde de não exercer seus direitos quando mais se precisam deles.
Como bem definiu o Professor de Filosofia Silvio M. Maximino em texto publicado no Jornal da Cidade: “A qualidade dos eleitos só irá melhorar se a cultura mudar. Não é preciso que todos mudem. Basta que uma massa crítica seja atingida. Alguns nos dirão: mas o poder econômico nos esmaga e manipula o sistema, seja ele qual for. Parece uma luta injusta: um Davi contra um Golias... mas Davi venceu por fim, mesmo sendo menor e fisicamente mais fraco”.
As mudanças têm de acontecer e elas envolvem o sistema eleitoral, passando por uma ampla reforma política aonde o eleitor possa vir a discutir previamente com os candidatos as propostas a serem levadas para a campanha. Mas uma coisa precisa mudar com urgência: O cidadão brasileiro precisa levar a sério o ato de votar e de sua participação em todo processo político do país, sem o qual fica impossível atingirmos um patamar acima como Nação livre e democrática.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.

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