“A opinião pública já
mandou Cristo ao Calvário"
Viana Moog
O IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas divulgou uma nova edição do seu Sistema de Indicadores de Percepção Social a respeito da tolerância social à violência contra as mulheres no Brasil. O estudo aponta que o brasileiro médio se posiciona em sua maioria pela punição severa aos agressores, porém vê certa naturalidade nas afirmações que indicam uma complacência maior com a violência do gênero.
Causou espanto generalizado que mais de 50% dos entrevistados também culpam as mulheres pela motivação de agressões sexuais sofridas por elas em todo país. O espanto se transforma em absurdo medieval quando ficamos sabendo que 65,1% dizem concordar totalmente ou parcialmente com a afirmação obscena “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Já 58% concordam com a afirmação igualmente estapafúrdia que “Se as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, não os estupradores”.
A pesquisa do IPEA conclui que, por trás dessas afirmações machistas, ignorantes e insensatas, “está à noção de que os homens não conseguem controlar seus apetites sexuais; então as mulheres, que os provocam, é que deveriam saber se comportar, não os estupradores”.
Estamos vivendo o ano de 2014 – Século XXI, mas ao que parece o Brasil e sua gente bronzeada ainda não atravessou a fronteira distante do Século XVIII. Afirmações como estas assimiladas e transcritas na pesquisa do IPEA deixam claro o lado sombrio, ignorante e distante da realidade com o qual o povo brasileiro em uma parcela significativa vive e pensa.
Não é a toa que temos políticos tão corruptos e um sistema de governo tão banal e propenso a agir em causa própria deixando de lado projetos de desenvolvimento e de investimento em Educação, Saneamento, Segurança e Habitação. Um povo que diante de um crime hediondo como o estupro culpa a mulher por sua vestimenta é algo impensável e muito próximo dos povos da idade medieval e suas barbáries.
Difícil acreditar que com toda evolução da humanidade, com toda tecnologia e disponibilização de informações no século em que vivemos ainda tenhamos uma parcela maior que a metade dos brasileiros pensando de forma tão machista, ignóbil e obtusa.
Parece que esta gente pesquisada que deu esta opinião não tem mãe, nem avós, nem irmãs, nem filhas ou esposas. Devem ser apenas e tão somente protozoários acéfalos que vivem como amebas no fundo de um lodaçal sem fim.
PS: A pesquisa do IPEA ouviu 3.810 pessoas em todas as regiões do País.
PS¹: O IPEA após alguns dias assumiu que sua pesquisa estava incorreta, que não seriam 65,1%, mas sim algo em torno de 26%. O erro só vem agravar ainda mais a situação exposta na pesquisa original.
PS¹: O IPEA após alguns dias assumiu que sua pesquisa estava incorreta, que não seriam 65,1%, mas sim algo em torno de 26%. O erro só vem agravar ainda mais a situação exposta na pesquisa original.
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