"A amizade é sublime:
nela resplandece a força da humanidade."
Franz Feuerbach.
Estava chegando a Bauru no final do ano de 1996, ainda residia em Bariri, há 65 quilômetros de distância, fiquei três anos me deslocando entre as duas cidades até poder comprar um imóvel em Bauru. A cidade de Bauru acabava de ter o resultado das eleições para prefeito definida. A oposição ganhará o pleito daquele ano e a cidade vivia um momento de ebulição política.
Eu aos poucos começava a conhecer a chamada cidade sem limites, seu tamanho não me preocupava nem me assustava, visto que nasci em São Paulo e havia vivido na capital paulista por 38 anos de minha vida. Minha preocupação era me adaptar ao ritmo de vida da cidade, conhecer suas peculiaridades e tudo de bom que pudesse nos oferecer.
Trabalhava numa empresa que ficava fora da área urbana da cidade, aproximadamente quatorze quilômetros distante do centro da cidade. Como a empresa não possuía refeitório, eu e o amigo Amauri, vínhamos até o centro para almoçar em um de seus restaurantes.
Estacionávamos o carro bem no centro da cidade, num estacionamento que fica até hoje no cruzamento das ruas Agenor Meira com Ezequiel Ramos, um lugar que nos possibilitava acesso fácil a várias opções de restaurantes e lanchonetes.
Foi neste ápoca que então conheci o “velho” João Cervantes, que trabalhava neste estacionamento, uma figura simpática, sempre sorridente, que brincava muito conosco, nos provocava às vezes, ria conosco e sempre tinha algo de bom para nos falar naqueles rápidos momentos em que deixávamos o veículo ou quando o retirávamos pra voltar ao trabalho. Esta convivência embora rápida, tornou-se para mim prazerosa pelo contato com aquela pessoa do bem.
Quando ele ficou sabendo que trabalhávamos na Cesp abriu um enorme sorriso e rapidamente nos contou que sua filha trabalhava na mesma empresa. Quem o ouvia falar dela pensava que era uma adolescente, tal o carinho e a intensidade com que falava das filhas, netos e esposa. Fui conhecê-la tempos depois e temos até hoje uma solida amizade entre nossas famílias.
Todos os dias na hora do almoço era o mesmo ritual, ele nos via, dirigia-se até o carro e ao sairmos nos provocava, brincava e às vezes nos contava uma piada. Essa rotina de segunda à sexta acabou fortalecendo uma linda amizade entre eu e o João.
Encontramo-nos várias vezes, fui conhecer sua casa e sua adorável esposa tempos depois e fiquei encantado com sua generosidade, sua simplicidade e a forma bonita como criou suas filhas e tratava a todos ao seu redor.
No ano de 2010, num daqueles enredos que somente Deus pode desvendar um dia aos pobres mortais, num curto espaço de tempo João e sua esposa foram ao encontro do pai celestial. Deixando a todos tristes pela ausência prematura, porém, ficou em meu coração o exemplo de vida, o respeito ao próximo, e o amor incondicional, imutável, indiscutível que João nutria pela “Dona Leonor” e por todos ao seu redor.
Onde quer que esteja, sabemos que está bem, que estão de mãos dadas, provavelmente caminhando e sorrindo para a nova vida. Espero um dia poder reencontra-los.
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