Não há silêncio que não termine.
Pablo Neruda
Uma boa parte do contingente de funcionários públicos do governo federal está em greve. Por razões nem sempre iguais, porém convergindo sempre quando a reivindicação é salarial, policiais federais, professores, técnicos alfandegários, enfim, empregados de diversas áreas cruzaram seus braços.
Dilma do PT se iguala e nivela suas ações como gestora de recursos humanos à FHC, que durante seus oito anos de governo tratou os funcionários públicos a pão e água e em bebedouro distante. Durante aquele período a categoria sequer recebeu a correção da inflação pelo período de oito anos.
Podemos questionar os percentuais pedidos em cada categoria, podemos questionar o direito ou não à greve, o momento e a estratégia utilizada pelos seus representantes, mas uma coisa não se pode discutir, os trabalhadores têm de receber seus salários em dia, corrigidos anualmente pelos índices de inflação.
Dinheiro existe e em grande quantidade, pois se a crise europeia, tão utilizada em discursos por Dilma assustasse de verdade nosso país não estava embarcado nos devaneios da realização de Copa do Mundo e Olimpíadas em 2014 e 2016.
Na hora de fazer discursos lá fora de forma ufanista o governo federal cita realizações e a organização destes eventos, quando precisa justificar a má conduta e a sua ausência nas mesas de negociações salariais, diz que o mundo está em crise.
O petismo perdeu a coerência quando assumiu a função de governo, rasgou estatutos, jogou no lixo seu ideário, passando a agir como um relés partido de direita que embevecido pelo poder perde repentinamente a memória e faz tudo que criticava ferozmente antes de ser Poder.
Claro que, muitos podem criticar o funcionalismo público, entretanto, precisam distinguir o joio do trigo, pois quem não trabalha são os funcionários sem concurso e que foram contratados pelos nossos governantes para exercerem funções de assessoria, chefia, enfim, não são os professores, técnicos, policiais, gente que bate ponto, carregando nas costas um patrão que se faz ausente em tempo integral.
Desde o governo Collor a única coisa que deveria ter sido feita para resolver esta questão e que simplesmente nenhum governante (Collor, FHC, Lula e Dilma) quis fazer é uma reestruturação completa do serviço público federal neste país. Uma revolução administrativa que deveria conter o seguinte:
Ø Redimensionamento do quadro de pessoal;
Ø Enxugamento da máquina estatal, com remanejamentos entre órgãos e pessoas se necessário;
Ø Plano de carreira com definições claras de alcance para cada segmento;
Ø Premiar por eficiência, adotando um plano de correção salarial que leve em conta experiência anterior e no cargo ocupado, formação acadêmica, pontualidade, criando pagamento de bônus e mérito por meio de ferramentas de controle e averiguação técnica de produtividade e criatividade.
Ø Adotar correção salarial por índices como FIPE, por exemplo, corrigindo distorções existentes nas categorias de forma separada, tratando os iguais de forma diferente.
Ø Por fim, o governo federal deveria investir em treinamento, qualificação e modernização do seu quadro de funcionários possibilitando a diminuição dos gastos com folha de pagamento.
O que não pode é o país semiparalisado ouvindo Dilma discursar ao vento. Se reclamarmos do PIB baixo a gerentona engrossa a voz para dizer que prefere investir na criança e adolescente. Se funcionários estão em greve ela diz que prefere investir em empregos no setor privado.
Então Dilma, faça ambas as coisas que prega, pois você foi eleita pela maioria para gerenciar tudo, inclusive crises. Faça pelo jovem, invista na busca por emprego com carteira assinada, sem deixar de gerenciar com competência o quadro de funcionários públicos federais.
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