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21 de maio de 2010

Uma seleção que não é a do povo

Que saudade de Didi, Nilton Santos, Zito, Belini, Garrincha, Pelé, Gérson, Clodoaldo, Rivelino, Tostão, que além de gênios do futebol foram craques fora de campo também, muito ao contrário da selecinha que via a Copa da África daqui a um mês para disputar mais um mundial de futebol.

Que saudade de Paulo Machado de Carvalho que comandou a Seleção em seus mínimos detalhes em 1958 e 1962, homem forte, caráter e ética a toda prova, generoso e firme com os atletas e a comissão técnica, um vitorioso.

Que saudade de João Saldanha, repórter sem medo da ditadura e de falar a verdade sempre, doesse a quem quer que fosse, sua língua afiada era temida pelos hipócritas e seu conhecimento do verdadeiro futebol brasileiro incomodavam tanto que os militares barraram sua presença à frente da seleção brasileira preferindo colocar um cordeiro chamado Zagallo para entrar para a história do futebol mundial.

Que saudade de Mestre Telê Santana, absoluto, conhecedor profundo do futebol, dos desejos dos atletas e das necessidades de um time campeão, sabia como poucos treinar a exaustão e transformar jogadores medianos em craques. Era íntegro, era honesto, avesso a conchavos, ético e com moral acima da média. Formou um dos mais incríveis esquadrões de futebol de todas as Copas, seu time não venceu, assim como o da Hungria em 1954 e o da Holanda em 1974.

Ao ver a convocação da nossa seleção que vai a copa da África, senti náuseas, senti nojo, a seleção não é mais do povo brasileiro, a seleção que só tem três jogadores que atuam no Brasil é da Rede Globo que detém absurda exclusividade e faz dela o que bem entende. A seleção é de Ricardo Teixeira, que vai completar em 2014, vinte e cinco anos à frente da CBF. Ele sim é o verdadeiro “Imperador”, não o bagaço do Adriano do morro.

A seleção é do Dunga, que nunca dirigiu nenhum clube antes, mas que agora dirige o time mais recheado de estrelas do futebol mundial graças a critérios que o povão desconhece, mas desconfia quais sejam. Sua convocação é um equivoco, não pelos eventuais bons jogadores que não foram sequer relacionados alguma vez nas centenas de jogos que a seleção fez desde 2006. Como Elias, Pierre, Neymar, Ganso, André, Arouca, Fred, Caio e tantos outros bons jogadores.

O grande problema está na relação de jogadores que são da confiança do técnico por motivos meramente sentimentais – tipo – “Ele deixou seu clube e veio jogar um amistoso contra Bangladesh e eu devo esse reconhecimento a ele”. Vai se catar Dunga, seleção é o lugar dos melhores jogadores na hora da convocação. Ponto final.

Ele está levando jogadores que não atravessam boa fase, outros que nunca atravessaram esse patamar, são reservas em suas equipes na Europa, não estão jogando por deficiência técnica, caso de Josué, Ramires, Elano, Michel, Felipe Melo (Que horror) entre outros. O atacante Grafite é a sua maior incoerência, pois jogou 79 minutos em um amistoso. Qual a diferença para um jogador que é craque, mas que não tenha jogado antes na seleção? 79 minutos?

É obvio que a seleção dele pode se sagrar campeão mundial, mas com certeza jamais irá se consagrar perante a torcida brasileira. Será no máximo, com muita benevolência uma versão melhorada da seleção do Rei do Pragmatismo Parreira de 1994.

Não terá a minha torcida, não sou obrigado a torcer por ela, assim como não sou obrigado a votar em Serra ou Dilma. Tenho a opção e vou fazer uso dela, que me desculpem os que pensam ao contrário.

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