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5 de setembro de 2008

Lagosta à moda da pizza brasileira

“O poder da observação cuidadosa é chamado
cinismo por aqueles que não o possuem”
G. Shaw .

Dentro da unidade prisional Bangu na cidade do Rio de Janeiro existe uma ala que abriga os detentos com formação universitária e policiais. Em tese uma ala mais tranqüila e com menos periculosidade por metro quadrado que as demais sete alas daquele imenso presídio carioca.
Segundo denúncias que estão sendo apuradas através de uma sindicância interna aberta pela direção daquele complexo prisional, alguns detentos estariam fazendo pressão para alterar o cardápio existente em troca de um rico em frutos do mar e outras iguarias que normalmente não estão nos pratos dos presos e nem dos trabalhadores brasileiros.
A revolta da lagosta como imagino deva ser chamado esse movimento reivindicatório do pessoal da nata recolhido aquele xadrez, pode fazer escola e transformar a alimentação nos demais presídios de norte a sul em nosso país.
Ao invés de arroz, feijão, bife e batata frita, cardápio que faria milhares de brasileiros que passam fome delirarem à mesa de alimentação entra a lagosta a termidor, com aspargos, molho francês e um bom vinho porque ninguém é de ferro.
Essa é a dura vida de quem comete crimes do colarinho branco nesse país. Desviam milhões dos cofres públicos, são presos, às vezes condenados, mas nunca presos, pois fogem do país como Cacciola ou ainda impetram hábeas corpus para ficarem impunes no seio da nossa sociedade.
Mas quando são obrigados a ficar mesmo que temporariamente em celas no chamado regime fechado, conseguem burlar a regra, burlar a burocracia e impor um status quo que causa arrepios a toda sociedade. Só não incomoda a nossa justiça e aos nossos governantes, pois esses nunca se incomodaram em fiscalizar e banir do sistema carcerário brasileiro todo tipo de acinte e imoralidade vigentes.
Juntemos a lauta refeição dos magnatas às visitas obscenas que recebem em salas conjugais. As saídas denominadas “indultos” a cada novo feriado independente do motivo do mesmo. A aceitação do poder público em permitir visitas que introduzem celulares, drogas e armas para facínoras que a partir de então passam a comandar o tráfico da própria cadeia.
Nosso sistema prisional seja no complexo de Bangu, de onde recebemos ligações de bandidos nos intimidando com falsos seqüestros de parentes ou em qualquer outro menos conhecido, é falido e precisaria de uma reforma moral, estrutural e científica para que pudéssemos enfim ter a certeza de que uma vez presos, os criminosos teriam o que merecem, nada mais do que isso.
Provavelmente o governador do Rio de Janeiro que estava tentando conseguir apoio para trazer a olimpíada de 2016 para seu Estado não soubesse dessa e de outras imoralidades que acontecem à luz do dia em seu Estado. Assim fica fácil ser governante ou criminoso, duro é ser operário, aposentado e cidadão honrado.

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