“Não entende por que se impropera
uma sociedade tão perfeita, onde a
pobreza e o vilipêndio são o automático
castigo da iniquidade e da protérvia”
Antônio Sérgio, Ensaios.
Alguns analisaram as primeiras movimentações nas ruas como atos de violência e realizadas por “baderneiros”. Estavam redondamente enganados. A única violência praticada é a dos governantes que nos roubam bilhões por ano em desperdícios e licitações superfaturadas e fraudulentas. Violência é ver irmãos morrendo na fila do hospital, numa maca a espera de vaga ou leito na UTI.
Baderna é o que políticos praticam desde os tempos do Império. Roubando-nos o futuro, nos privando de sermos uma Nação forte e soberana, sem o viés da corrupção, da degradação das nossas instituições. Quebrar uma instituição nem de longe é jogar pedra ou fogo nela, mas sim ver políticos brasileiros quebrando empresas, bancos e tudo que é símbolo deste país com suas condutas inapropriadas.
“A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu. A lua cheia que vivia escondida surgiu. Minha cidade toda se enfeitou Pra ver a manifestação passar cantando coisas de protesto”
Nem Chico Buarque autor deste verso da canção “A Banda” poderia imaginar que este dia chegaria, que a paciência do povo brasileiro em especial de sua juventude se esgotaria.
As redes sociais desprezadas por políticos e empresários, pela mídia que sempre afirmou que elas eram alienantes, deu a volta por cima e foi o grande agregador de ideias, de plataformas e estratégias nesta grande manifestação popular.
Excessos? Sim, não se faz omeletes sem quebras ovos, diria o antigo ditado. Mas como reagir a tanta barbárie sem se inflamar em alguns instantes? Como entender que pagamos a maior carga tributária do planeta e ainda tenhamos passagens de transportes mais caras do mundo? Como entender que possamos construir estádios milionários sem termos mobilidade urbana, sem saúde pública ou sem escolas com qualidade?
Alguns jovens usaram a máscara famosa do personagem central do filme V de Vingança um filme produzido em 2006 onde em uma sociedade distópica num futuro próximo uma garota da classe trabalhadora deve determinar se o seu herói se tornou a grande ameaça a que está lutando contra um carismático defensor da liberdade disposto a se vingar daqueles que o desfiguraram.
Outros como o jornalista precavido na avenida paulistana usaram Vinagre na tentativa em vão de se livrar dos efeitos das bombas atiradas pelos policiais militares nas primeiras manifestações em São Paulo. O maior alivio não é o vinagre, mas sim ver milhares de brasileiros se insurgindo contra a turba de políticos corruptos e nefastos que assolam nossa gente há décadas.
Enfim, nem vingança nem vinagre, temos de dar um basta na situação em que estamos de povo Vilipendiado numa pátria maravilhosa, cujas bênçãos são muitas, desde o minério, ao solo, água e povo gentil. Chega! Bastam de prefeitos, vereadores, governadores, deputados e senadores hipócritas, que defendem apenas e tão somente seus partidos e quinhões apodrecidos pela lama que toma de assalto suas estruturas partidárias.
Que a marcha continue, que em outubro de 2014 como alguns conservadores e reacionários querem esta mesma movimentação das redes sociais e das ruas invadam as urnas nas eleições e tomem os mandatos destes pulhas que não trabalham para o povo, pelo povo e com o povo.
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