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13 de abril de 2011

Carta ao Ministro da Ciência e Tecnologia

Senhor Aloísio Mercadante
Ministro da Ciência e Tecnologia

Venho por meio da ouvidoria do MCT, até porque não existe outra forma de contato direto com Vossa Excelência, para tecer algumas considerações como cidadão que cumpre seus deveres nesta sociedade brasileira em que vivemos e pressupõe que tem o direito de expor suas idéias ao governo brasileiro da qual o senhor é parte importante.

A questão que desejo abordar é com relação a sua entrevista em Pequim na China, quando o senhor cita que "O governo brasileiro poderá taxar os proprietários de veículos movidos a gasolina sejam eles nacionais ou importados, a fim de incentivar o uso do etanol e angariar recursos para o desenvolvimento estratégico do País"

Difícil como cidadão que vive aqui dentro do nosso país e percebe como as coisas funcionam, entender sua lógica perversa em relação à minoria que se utiliza de veículos movidos a gasolina.

O Brasil desviou milhões de hectares de terras altamente produtivas para produção de alimentos para que as mesmas fossem utilizadas na monocultura da cana de açúcar, com o objetivo de incentivar e desenvolver o projeto do pró-Álcool.

O mesmo governo federal concedeu incentivos e até permitiu que a indústria automobilística desenvolvesse o motor com tecnologia "Flex". Motor que obviamente consome muito mais combustível e que em 99% dos carros usa etanol.

Ou ao menos usava antes que os usineiros resolvessem brincar com a população e começassem a fazer açúcar ao invés de etanol, fazendo com que o combustível chegasse a preços estrelares, claro que o senhor como ministro não abastece o carro, mas com certeza tem acompanhado a evolução dos preços dos combustíveis no país, inclusive a gasolina.

Esta mesma gasolina que tem 25% de etanol, que sofre com adulterações constantes, que tem água em sua composição em excesso e que é vendida no Paraguai e Argentina por um real a menos que no Brasil. Isto num país que alardeou aos quatro cantos do mundo que era auto-suficiente em petróleo. Imagino se não fosse o que estaríamos pagando nas bombas, talvez R$ 3,80 o litro?

Voltando a questão principal, anos depois e com todas as facilidades que o etanol possui na nossa enorme frota veicular, o senhor ainda quer punir parte considerável dos consumidores com um "Novo imposto"?

Senhor Ministro, acho que o que o nosso país menos precisa é de impostos, até porque a gasolina e demais combustíveis já tem uma incidência obscena de impostos e taxas que a fazem chegar ao abusivo preço que pagamos nas bombas.

Logo, penso que o país precisa de investimentos em Educação, Saúde, Segurança Pública, Saneamento Básico, mas nunca, jamais sobre a gasolina ou qualquer outro combustível, que precisam sim, de revisão dos preços para abaixar este preço que é um roubo que está sendo praticado até em cidades ao lado de usinas de álcool e açúcar.

Tributar parte da frota apenas demonstrará que o governo Dilma em nada difere dos anteriores, inclusive de FHC, Collor e Sarney, pois estes criaram impostos a revelia da sociedade sem que tivéssemos retorno palpável em forma de prestação de serviços e de educação, saúde e segurança para dizer o mínimo.

Tributar veículos movidos a gasolina é sinalizar aos usineiros que eles podem ficar tranquilos, o governo bonzinho vai acabar de vez com esta coisa chamada veículo que não utiliza o "seu" (deles) combustível.

Ninguém do MCT pensou em exigir que os novos veículos tenham maior autonomia por exemplo. Assim como o fazem os europeus com suas frotas. Ninguém pensou em buscar fontes alternativas de energia para o país, como energia eólica ou solar por exemplo.

Por fim Senhor Ministro, gostaria de ver o seu ministério assim como todo governo Dilma brigando para reduzir impostos, diminuindo a divida interna que é absurda, lutando pelos brasileiros que pagam muitos impostos e não enxergam melhoras na qualidade de vida.

Mas nunca criando um novo imposto, seja ele com qualquer finalidade, em minha opinião criar impostos é trair os eleitores, é trair o povo brasileiro, já saturado de pagar tantos impostos embutidos em tudo neste país.

Atenciosamente


Rafael Moia Filho

Um comentário:

Raphael de Lucca disse...

Caro Rafa,

Conte com a minha aprovação a tudo que foi dito no comentário acima e também segue uma sugestão.

Por que o Etanol não poderia ser direcionado a somente carros populares ou médios? Existe necessidade de uma pick-up 4x4 ser movida a etanol?

Acho que se um cidadão quer ter uma "nave espacial", ele que custeie com esse ônus e não aumente a demanda pelo produto.

Abraço,

Raphinha