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5 de abril de 2011

O ultrajante preço dos combustíveis

O nosso país sofreu durante muitos anos com a dependência total do petróleo vendido a preço de ouro pela OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Eram tempos difíceis onde o Brasil em plena ditadura militar fazia das tripas coração para manter o abastecimento.

Era criança e me lembro das restrições para poder abastecer um veículo, finais de semana os postos ficavam fechados, incluindo estradas. Fechavam a meia noite de sexta feira e só reabriam na segunda feira às seis da manhã.

Os preços eram altos, a inflação e a disparada dos preços do barril por qualquer motivo faziam o liquido precioso subir mais que a grama do ouro. Sempre que havia reajustes anunciados pelo governo as filas nos postos davam voltas em quarteirões.

Pois com o passar dos anos o Brasil conseguiu dominar a tecnologia para usar o etano álcool combustível em sua frota. A princípio com motores a álcool e a gasolina separados. No início da década de ’80 começaram a circular vários modelos a álcool e os proprietários começaram a transformar seus antigos carros movidos a gasolina para álcool.

O novo combustível era mais barato, menos poluente e começou a cair nas graças dos consumidores. Eram outros tempos e a dissidência política começava lentamente em nosso país com a transição do regime para o que temos nos dias atuais.

Com a aceitação do álcool combustível, a indústria automobilística recebe sinal verde do governo federal e começa a desenvolver a tecnologia Flex com motores bi-combustíveis.

Nos últimos 20 anos a Petrobrás descobriu inúmeras bacias de petróleo, além disso, com a descoberta da tecnologia para perfurar na camada do pré-sal, ficamos auto-suficientes em petróleo.

Um cenário perfeito para se ter abundância de combustíveis a preços justos, mas não no Brasil. Aqui o povo deverá pagar sempre um preço maior por tudo independente do que seja, da onde venha e quem o esteja fabricando.

Trocamos milhões de hectares de terras férteis para alimentação por cana de açúcar, incentivos fiscais foram dados, motores Flex garantiram o uso do Etanol, porém a ganância fala mais alto e joga tudo por terra.

Usineiros mandam no negócio e se sobrepõe ao governo inerte do nosso país. Aumentam o preço do álcool para patamares jamais vistos, subvertem a ordem e fazem com que o consumidor use gasolina ao invés do etano. Dizem que preferem exportar açúcar e dão uma banana aos consumidores.

Pela primeira vez o consumidor brasileiro está descontente com o etanol, não com o combustível, mas sim com o preço que já supera o da gasolina nas contas de consumo. O custo do etanol na usina não deve superar R$ 0,40 por litro, mas está chagando ao consumidor por R$ 2,25 o litro em Bauru.

O governo mostra-se incapaz de defender o consumidor, preferindo se omitir diante das consequências que esta situação tem trazido para toda frota nacional de veículos. A inversão do consumo faz com que a gasolina comece a desaparecer de algumas bombas. Com isso seus preços disparam e em breve teremos um caos.

Nossos governantes se acostumaram nos últimos 16 anos a aumentar a arrecadação tributária como forma de disfarçar o déficit interno, gigantesco e sem freios. Com isso, sempre que uma medida deve ser tomada e interfira na arrecadação ela fica jogada meses num canto. Essa omissão faz com que as premissas iniciais que justificaram a adoção do etanol sejam todas jogadas no lixo da história.

Afinal de contas o combustível poluente voltou a ser usado e com preços ainda mais atrativos que o xodó dos usineiros gananciosos.

O biogás morreu quando Evo Moralez o tresloucado índio boliviano tomou posse alguns anos atrás, portanto não resta ao governo do Brasil nenhuma alternativa que não seja tomar novamente as rédeas do processo e mostrar se governa para o povo com o povo.

Ou o governo assume para todos que se apequenou diante de seus investidores de campanhas políticas que ao que tudo indica são como diria Antonio Rogério Magri – “Imexíveis”.

Um comentário:

Raphael de Lucca disse...

Caro Rafa,

Me lembro quando o Lula, então presidente do país, passou a percorrer diversos países divulgando o sucesso Etanol brasileiro.
Nessa época, Fidel Castro chegou a divulgar alguns textos onde dizia que Lula estava errando ao trocar campos de produção de alimentos por campos destinados a alimentar máquinas.
Pior que na época chegaram a chamar o velho Castro de louco. Quem será o louco nessa história? Quem sempre defendeu o interesse social?
Infelizmente nossa sociedade ainda não busca analisar friamente cada caso e acaba por aceitar situações como essa.
Um abraço, Rafa! Parabéns pelo blog!