Pecar pelo silêncio, quando se deveria
protestar, transforma homens em covardes.
Abraham Lincoln
Em pleno século XXI a Igreja Católica ainda tem resquícios de sua atuação em tempos de censura, ligação com os nobres, ditadores ou com a classe dominante. Em Bauru o Padre Beto, como é conhecido por grande parte dos fiéis foi praticamente obrigado a renunciar ao sacerdócio ou pelo menos dele se licenciar. Suas recentes declarações sobre a verdade dos nossos tempos, incomodaram o Bispo da Igreja Católica em Bauru e alguns de seus fiéis seguidores. Isso culminou num pedido do Bispo ao Pe. Beto para que este pedisse perdão publicamente.
Engraçado que mesmo no auge das denúncias de pedofilia, não vimos um Bispo ou Cardeal exigir perdão publicamente? Quando dos escândalos envolvendo figuras proeminentes do Vaticano não vimos nenhuma exigência de perdão, renúncia ou seja lá como for por parte do alto clero. Conheço Padre Beto, um religioso culto, muito inteligente e igualmente próximo da juventude e das coisas do nosso tempo. Conhece tão bem o evangelho que prega quanto tudo que acontece nas ruas, nos lares, estando sempre pronto para dar sua palavra de conforto e aliviar corações em aflição.
Sua imagem contrasta com aquela dos padres tradicionais, dos Bispos antigos, dos Cardeais distantes do povo. Talvez tenha na modernidade das roupas e dos gestos sua maior virtude e marketing para ser ouvido por gente de 10 a 90 anos na cidade. A intransigência e a hipocrisia do pedido de sua renúncia com certeza não vão calar Padre Beto, um homem que prima pela democracia, que ama ao seu povo e que não vai calar diante de tudo que está vendo de errado na Igreja, na sociedade e na alta cúpula da Igreja.
Perde neste episódio o Bispo, que se mantém distante da realidade das ruas, os fiéis que frequentam as missas e cultos do Beto. Perde sobre tudo a Igreja que poderia começar a agir com mais humildade de forma democrática, inteligente e serena como pede o Papa Francisco.
Perde por fim a sociedade que se vê privada da discussão de assuntos polêmicos, coisas do nosso cotidiano que normalmente são jogadas para debaixo do tapete das casas, da igreja e que com o Pe. Beto eram sempre tratados com respeito, coragem e inteligência. Esperemos então sua volta, num momento em que com certeza tenhamos mais liberdade de expressão dentro ou fora da Igreja Católica bauruense. Que seja breve!
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