“Só o erro é que precisa apoio do governo.
A verdade, essa fica de pé por si própria”.
Thomas Jefferson
Uma sucessão de erros, mentiras e discussões inócuas cercaram uma simples partida de futebol pelo torneio Libertadores da América, que culminou com a morte de um garoto de 14 anos de idade dentro do estádio do São José de Oruro na Bolívia na noite de 20 de fevereiro de 2013. São tantas mentiras, tantas coisas sem explicações plausíveis que fica difícil encontrar algo que tenha sido feito à luz da lei e das regras no Brasil e na Bolívia.
Os torcedores da Gaviões da Fiel saíram do Bom Retiro que é um bairro tradicional de São Paulo para uma viagem de quatro dias que atravessaria parte do Brasil e da Bolívia. No pacote estavam inclusos além do transporte de ônibus o ingresso para a partida entre Corinthians x São José.
Como pode um menor de idade ter feito uma viagem internacional sem o acompanhamento dos pais ou de um responsável ao menos? Como durante quatro dias o ônibus atravessou o Brasil e a Bolívia sem que nenhuma autoridade verificasse a presença do menor e os malditos sinalizadores navais que eles levavam para o estádio? Policiais rodoviários estaduais, federais e a Polícia Federal estavam aonde?
Com relação aos sinalizadores, até uma criança sabe que são vendidos livremente na Rua 25 de Março em São Paulo, parece que a polícia e as demais autoridades são as únicas que não perceberam isso ainda. Mas isto é outra história... A rua 25 de março é zona livre, pode tudo, contrabando, sonegação, objetos para fraudes, tudo pode.
Ao chegarem à cidade de Oruro na Bolívia, os torcedores entraram no estádio sem que fosse feita a tradicional revista em todos os portadores de ingressos. Sendo um jogo internacional, seria o mínimo exigir que os documentos dos mesmos fossem conferidos, neste momento, o menor deveria ter que dar explicações as autoridade bolivianas.
Mas nada foi feito e antes da partida de futebol completar seu décimo minuto um sinalizador foi disparado erroneamente segundo a versão dos torcedores e atingiu em cheio o garoto de 14 anos Kevin Espada, boliviano que era natural de Cochabamba e que veio a óbito.
A polícia local então após a morte constatada do garoto boliviano resolveu prender doze brasileiros que estavam no meio do tumulto, próximo da onde teria sido disparado o sinalizador mortal. Ninguém foi identificado por câmeras de vídeo, nem por fotografias, apenas foram presos aleatoriamente.
A Conmebol – Confederação Sul-Americana de Futebol que tal qual a CBF é administrada por gente ultrapassada, retrógadas e que não entendem nada de futebol, resolveu punir o clube brasileiro impondo que o mesmo faça suas partidas sem público em São Paulo.
Nem para punir o dono do estádio boliviano, nem para questionar e interditar estádios que continuam permitindo a entrada de fogos de artifícios e sinalizadores, armas brancas. Nada, apenas o time visitante será punido.
Infelizmente o futebol assim como a vida na América do Sul é permeada por episódios grotescos que nos remetem a Idade Média. A organização de eventos é medíocre, enquanto a justiça desportiva e comum é arcaica, omissa e injusta.
Em pouco tempo a morte do garoto será esquecida, com a conivência de todos os envolvidos, afinal não punir exemplarmente quem permitiu a entrada de menores de idade e adultos carregando sinalizadores e outras armas é um ato circense. Tanto é que no dia seguinte a tragédia, nos jogos da mesma competição assistimos às torcidas utilizando de sinalizadores e fogos sem serem admoestados pela polícia.
Este episódio deveria servir de alerta e dar um basta para nossas autoridades, que permitem comercialização de produtos proibidos nas ruas, viagens para longe de nossas fronteiras sem fiscalização e todo tipo de irregularidades cometidas por toda espécie de pessoas, sejam bandidos ou não.
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