Certa vez presenciei um caso na empresa em que trabalhava onde um funcionário tido na ocasião como “exemplar”, raramente saia de férias, abdicava do direito sagrado e vendia seu período de férias e ficava sempre trabalhando incansavelmente.
Até que um belo dia a legislação trabalhista apertou o cerco e o gajo foi obrigado a sair em gozo de férias por trinta dias. Num certo dia o telefone tocou na hora do almoço e apenas a gerente da divisão ainda estava no local, arrumando suas coisas para almoçar.
Atendeu ao telefone e ouviu do outro lado da linha uma senhora pensionista desesperada reclamar que os valores de seu depósito estavam incorretos, diferentes daquilo que havia sido dito para ela pelo funcionário em férias.
A gerente anotou o telefone da senhora e foi procurar o processo nos arquivos. Deparou-se com uma fraude enorme, o gajo trabalhador e que não gostava de férias, desviava o dinheiro para uma conta de sua esposa. Foi demitido é claro, parte do dinheiro foi devolvida.
Contei esta história real para ilustrar o que muitas vezes leva algumas pessoas a não querer largar o cargo, por não poder deixar de estar ao lado de seu pequeno império em tempo integral ou por muitos anos.
O que me parece ser o caso do presidente eterno da CBF, Ricardo Teixeira, que já está à frente dos negócios e negociatas do futebol brasileiro há 23 anos consecutivos, sem que deixasse o mesmo por um dia sequer.
Eleição após eleição o dono da CBF é reconduzido por unanimidade por seus eleitores que são presidentes de federações de futebol estaduais, muitos deles também eternos, pois ocupam seus cargos há dezenas de anos.
Por que Ricardo Teixeira e alguns presidentes de federações não querem deixar o poder? Paixão pelo futebol? Apego ao cargo? Ou seria o medo de que ao saírem aconteça o mesmo que aconteceu com o rapaz da história que relatei no inicio deste artigo?
Como pode um país imenso não ter postulantes ao cargo? Como pode um homem com tanto poder e dinheiro jamais ter sido investigado pela receita federal no Brasil e em paraísos fiscais para ver se existem contas em seu nome naquelas localidades.
Qual a razão de não haver oposição na política da CBF? O que tanto Ricardo Teixeira faz que leva à cegueira total vinte e sete presidentes de federações de futebol estaduais há tantos anos?
Uma auditoria nos processos e contas da CBF seria um bom começo e poderia nos mostrar o que tem de tão interessante naquela Confederação de Futebol para fazer um sujeito deixar de lado a família e se dedicar tanto por tanto tempo de forma ininterrupta.
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