“Um bom jogador é aquele que tem a visão plena do tabuleiro, sabe que o mundo não começa nem termina na “casa” em que se está. Sabe que ela é transitória, faz parte da viagem e nunca é o destino final. Jamais haverá um bem que sempre dure ou um mal que nunca acabe. Ou seja, em qualquer fase da vida em que nos encontremos, é sempre possível mover as peças e seguir em frente. A mudança é inevitável, o crescimento é opcional”.
Autor Desconhecido
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Na minha infância e juventude a ditadura militar impediu a todos de exercer o direito individual de elegermos nossos representantes aos principais cargos majoritários. Com o fim do regime e a queda dos militares veio a tão sonhada democracia e para variar no Brasil começou tudo errado, com pessoas erradas e a maldita síndrome da continuidade.
Ao invés de uma ampla eleição popular o que tivemos de aturar foi uma aliança do bem versus o mal numa eleição indireta, onde o mal esteve encarnado em Paulo Salim Maluf, homem de confiança do regime que foi derrotado por Tancredo Neves cuja única coisa ruim em seu propósito era seu vice José Sarney do Maranhão. O povo não votou, em seu lugar votaram os parlamentares em Brasília.
Como desgraça pouca é bobagem, antes de assumir o poder morre o político mineiro Tancredo Neves e assim tivemos de engolir um dos piores presidentes que o Brasil já teve. Ele pavimentou sua maléfica carreira política e construiu uma duradoura estrada que perdura até os dias atuais, os escândalos não nos deixam mentir sobre isso.
Em 1989 tivemos pela primeira vez a chance de eleger alguém ao cargo de presidente de nosso país e ao contrário do que todos sempre reclamam as opções no primeiro turno daquele pleito eram muitas, de todos os segmentos, ideologias e partidos. Tínhamos Ulisses Guimarães, Mário Covas, Brizola, Aureliano Chaves, Maluf (de novo), Gabeira, Ronaldo Caiado, Enéas, Roberto Freire, Collor e Lula, para ficar entre os principais nomes.
Mas a sociedade votou em peso em Collor e Lula, o primeiro era o candidato da classe média e preferido da mídia enquanto Lula era o sindicalista que havia participado da fundação do PT e era a opção dos trabalhadores e oposicionistas a tudo que havia no país até aquele momento. Venceu a classe média e as elites elegeram o carioca governador de Maceió, que foi deposto dois anos depois envolto a suspeitas que nos dias de hoje valeriam apenas uma página de jornal.
Itamar Franco seu vice então assumiu o poder em 1991 e levou o mandato até o seu final conseguindo eleger seu então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. Seu governo foi razoável, seu mérito maior foi dar condições para o próximo governo implementar medidas na economia com segurança.
Entra então no poder o sociólogo que tinha todas as idéias e ferramentas a disposição para promover as mudanças que o país tanto precisava. Seu grande mérito foi resolver o crônico problema da inflação. Lançou o Plano Real e acabou de vez com a inflação na economia brasileira.
Não resolveu os problemas de segurança, nem de saneamento básico, educação, saúde e ainda criou impostos demais (a CPMF é obra de seu governo), elevando a carga tributária e privatizando empresas de mineração, ferrovias, setor elétrico, telefonia a preços de banana e resguardando aos compradores todas as benesses possíveis para então deixar o ônus nas mãos dos consumidores. Vide a maldita Taxa da Telefonia Fixa.
Depois de longos e tenebrosos oito anos sem que os funcionários públicos federais tivessem um só reajuste salarial à sociedade cansada do modelito tucano resolve apelar e votar em Lula e sua trupe petista sindical.
Lula assume em janeiro de 2003 e aos poucos faz com seus eleitores percam a esperança de um governo voltado para o povo e em particular para a sofrida classe média. Conseguiu em oito anos elevar ainda mais a carga tributária, o que parecia ser uma tarefa impossível depois dos tucanos. Defendeu a CPMF até sua extinção pelo Congresso Nacional, a falta de combate a corrupção, não apoiou reformas políticas, tributárias nem implantou nenhum grande projeto educacional ou de saúde pública que minorasse a situação da sociedade brasileira.
Marcou sua gestão por viagens infindáveis ao exterior, por discursos engraçados tanto quanto estapafúrdios. Nos seus dois mandatos a corrupção correu solta e teve amparo total do seu governo e ao final quer nos fazer engolir sua candidata Dilma goela abaixo em outubro desse ano.
A sua candidata Dilma Roussef tem uma rejeição enorme da classe média, maior talvez até que a rejeição que Lula possuía quando era chamado de sapo barbudo pelos empresários que depois de oito anos de gestão Lula estão ainda mais ricos. Ela não tem carisma, não tem experiência anterior em cargos executivos e não consegue ser unanimidade nem entre os eleitores petistas. Se vencer terá de agradecer para sempre o enorme carisma de Lula.
Quanto a Serra, nada mudará em seu mandato em relação ao que FHC fez ou tentou fazer. Vai deixar os funcionários públicos quatro ou oito anos sem aumentos salariais. Não vai fazer nada pela segurança pública, educação, reforma agrária, saúde assim como seu partido o fez em dezesseis anos de poder em SP. Ainda vai tentar privatizar o que sobrou no governo federal. Odeia investigações e CPIs em seus governos.
Gasta muito com propaganda, mas engana o povo não dizendo quantos anos levou para concluir o que enaltece. Ex. Rodoanel. Essa obra ainda não foi concluída, a tática deles foi fazer inaugurações parciais, festas, rojões e o povo sem saber que depois de dezesseis anos o PSDB não teve capacidade para terminar a tal obra.
Vive de mentiras e de propagandas, basta conversar com gente séria dos setores da saúde, educação ou segurança e toda a fanfarronice tucana cai pelo ralo. Serra é o continuísmo de Lula por incrível que possa parecer, assim como seria inimaginável dizer que Lula foi o continuísmo de FHC.
Sim, Lula manteve a mesma política tributária de FHC, manteve a mesma política econômica e não fez nenhuma reforma que prejudicasse, ou melhor, não atendesse banqueiros, usineiros e os grandes empreiteiros do país. Ainda viajou mais do que FHC pelo mundo afora.
Não ajudou a classe média que por ironia do destino votou em FHC, Lula e agora se arvora em votar em Dilma. Uma dupla ironia, visto que a classe média critica o povo pobre por não saber votar, por eleger qualquer um esquecendo-se de olhar para seu próprio umbigo, ou melhor, nos dias atuais para seu próprio e-mail.
Por tudo isso e muito mais que não cabe num artigo, rejeitarei nas urnas a mesmice, os mesmos discursos e as mesmas cantilenas de sempre, votarei em outro candidato se houver ou anularei com um sorriso na face meu voto. Chega de ser complacente com essa escória, chega de ser conivente com essa gente.
Anular o voto faz parte das opções que a frágil justiça eleitoral me franqueia, então por que não usá-la quando não temos opções inteligentes e decentes para votar.
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