O assassinato do garoto Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães num túnel da cidade do Rio de Janeiro que estava interditado mostra as várias faces de um só problema que a sociedade tem enfrentado quase sempre, com maior ou menor intensidade.
O local havia sido interditado para manutenção, que obviamente não estava sendo realizada, visto que os rapazes puderam praticar skate livremente pela própria pista. Não havia máquinas, nem trabalhadores nem nada que lembrasse uma interdição para manutenção.
As pessoas que estavam praticando skate, Rafael e mais dois amigos, estavam fazendo isso no início da madrugada numa cidade muito violenta, com seguidos casos de assalto, violência contra transeuntes e com diversos tiroteios e suas mortais balas perdidas.
Os rapazes tinham o direito de praticar skate no local, mas foi uma atitude impensada, pois numa terra sem leis ou ao menos onde elas não são cumpridas à risca, sempre é bom se resguardar e buscar alternativas a luz do dia ou em locais apropriados para a prática do esporte.
O atropelamento e a morte do rapaz aconteceram também por uma série de fatores simultâneos. Se a pista estava fechada para manutenção de quem é a responsabilidade pela entrada de dois carros tirando um racha na mesma?
Os motoristas tinham multas por excesso de velocidade e mesmo assim transitavam livremente pelas ruas cariocas, ou seja, aquela estória de 20 pontos, cassação temporária da CNH, tudo é coisa para gente honesta e simples, alguns mortais não sabem o que é isso, certo?
Agora neste episódio triste o pior ainda estava por vir, e só foi levado ao conhecimento público provavelmente pela dimensão que o caso tomou sendo o rapaz filho de alguém com fama e empregado da Rede Globo.
Os policiais que estavam na extremidade do túnel abordaram os veículos que tiravam racha inclusive o assassino de Rafael. Ao invés de guincharem o veículo ao pátio do CIRETRAN e submeterem os motoristas ao rigor da lei, os bons policiais resolverem extorquir os motoristas. Eles viram como o carro do assassino estava destruído pela pancada, sabiam que algo havia acontecido e era grave.
Em seguida entra em cena o pai do motorista assassino, esse põe a prova toda sua competência como pai severo e preocupado com a ética e a honestidade, concordando em subornar os policiais e correndo para uma funilaria para maquiar o veículo afim de que seu pobre menino pudesse enganar a todos e sair ileso do episódio.
Um belo exemplo que tivemos da administração da cidade do RJ, da Polícia Militar, dos cidadãos que dirigiam em altíssima velocidade em local proibido e de um pai de família que prefere corroborar com tiras corruptos para salvar a pele do filho do que ficar ao lado dele e assumir sua parcela de culpa na morte de um inocente.
Fica a dor para a família, em particular para a mãe do Rafael, dor que nem as leis, nem a prisão, nem desculpas, nem nada neste mundo poderá aliviar seu coração que ainda sangra e muito.
Fica por fim o exemplo para que os responsáveis pela cidade e as autoridades policiais façam uma reflexão profunda sobre o que estão fazendo e como estão fazendo seus trabalhos no comando de uma cidade que em muito breve será sede da Copa do Mundo de Futebol e de uma Olimpíada.
Um comentário:
Concordo com tudo que vc escreveu, porém infelizmente acho que o Brasil não tem solução, a corrupção, a desonestidade e a impunidade imperam em nosso país.Como posso acreditar num país onde assassinos são soltos diariamente, é só se comportar bem na prisão!!!!!! Bjo
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