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23 de março de 2018

O saudável hábito da leitura em dúvida!

A maior parte das pessoas
prefere morrer a pensar;
na verdade, é isso que fazem.
Bertrand Russell
A população de Bauru está muito próxima de 400 mil habitantes, uma cidade que fica no centro oeste paulista e tem seu ponto forte no comércio, na prestação de serviços, como polo universitário e na sua privilegiada localização no centro do Estado de SP, próxima dos Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e da capital paulista.
 Impressionante que numa cidade dessa dimensão tenhamos hoje em dia menos de dez bancas de Jornal e Revistas a disposição dos leitores. Num primeiro momento a justificativa mais fácil é o avanço da tecnologia com o fim gradual dos jornais em papel e de muitas revistas. Também podemos acrescentar a esta situação à crise financeira pela qual o país passou e ainda reluta em sair.
O Jornal da Cidade conhecido por todos como JC, desenvolveu vários pontos de vendas em estabelecimentos comerciais diversificados da cidade, que ajudam muito na distribuição e venda do mesmo.
Mesmo assim, estas duas afirmações que embora pareçam óbvias, não me convencem, pois não contemplam uma terceira alternativa - O brasileiro lê pouco, tanto jornal quanto livros   e revistas, sejam estas especializadas ou não. Pois se gostassem de ler, estariam migrando para as plataformas digitais e lendo os jornais e revistas em Tablet, Celulares, Desktop, etc.
A tecnologia apenas está mascarando uma situação que é antiga em nosso país. A leitura não é definitivamente algo que o brasileiro faça como forma de buscar conhecimento, informações e prazer.
Claro que, levo em consideração que os tempos estão mudando numa velocidade assustadora. Minha filha lê muito mais no Aplicativo Kindle do que nos livros em papel, mas lê muito mais hoje em dia com esta nova tecnologia do que sempre fez em seus 25 anos de vida. Em 2017 ela leu 56 livros e neste começo de 2018 já leu 10 livros.
Na verdade o cerne da questão está na preguiça, comodidade, na falta de exemplos dos pais, na ausência de incentivo na escola. Enfim, estamos vendo gerações crescerem sem o saudável hábito da leitura. A cidade de Bauru, por exemplo, não tem uma grande Biblioteca nem Feira de Livros, muito menos um projeto de leitura na praça ou algo similar.
Com isso há uma diminuição nas assinaturas de jornais e revistas, redução da compra nas bancas e livrarias, fazendo com que os grandes grupos editoriais demitam e passem há operar cada dia mais nas plataformas digitais.
É uma pena, uma triste realidade, pois não acredito que essa mudança irá algum dia modificar este péssimo hábito dos brasileiros não ler. Ficar nas redes sociais não faz com que as pessoas se instruam, consigam informações e possam usá-las na sua vida pessoal ou profissional.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

21 de março de 2018

Um coronel em busca dos seus efêmeros 15 minutos de fama!

“A mente de um fanático é
como a pupila do olho:
quanto mais luz incide sobre ela,
mais se irá contrair.”
Oliver Wendell Holmes.

Embora esteja distante milhares de quilômetros do Rio de Janeiro, sem envolvimento profissional ou pessoal com tudo que está acontecendo naquele Estado, um coronel da polícia militar resolveu falar sobre o assassinato da Vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Entretanto suas palavras não foram para ajudar a elucidar o caso do assassinato numa emboscada cujos assassinos e os mandantes ainda não foram descobertos pela polícia civil do RJ. Ele resolveu escrever para ofender a vitima e se dizer indignado com a comoção das milhares de pessoas em relação à Marielle e Anderson.
Claro que, ele nunca se indignou com as milhares de vitimas de balas perdidas, homicídios e chacinas no Rio de Janeiro nem sequer em seu Estado natal. Claro que, este coronel nunca veio a público para manifestar sua contrariedade para com os casos de violência policial, corrupção, ou até mesmo para com os seus colegas de farda que não recebem salários em dia em vários Estados há muito tempo.
  Ao contrário, o coronel ficou indignado com aquilo que não deveria. Disse entre outras asneiras o seguinte: “Por que tanta tentativa de transformar essa vereadora em mártir? Ela representa o povo? Que povo? Qual segmento do povo? Do cidadão de Bem?
Não é difícil coronel responder suas perguntas recheadas de racismo, soberba e ignorância. Vamos lá coronel:
1º Ninguém no país estava tentando transformar as vitimas em mártires, apenas demonstraram sua indignação com relação à forma cruel, covarde que os assassinos utilizaram para calar uma pessoas que exercia de forma correta seu mandato político;
2º Ela representava o povo sim coronel, não o povo que o senhor conhece, mas aqueles das comunidades pobres e abandonadas pelo Estado brasileiro nas favelas criadas pela falta de competência dos nosso governantes de dar habitação e dignidade a nossa gente;
3º Ela tinha o respaldo de 46 mil votos, do povo pobre, sofrido, negro e branco da cidade do Rio de Janeiro, destas mesmas comunidades abordadas no item anterior;
4º O coronel pergunta se ela representava gente do Bem. Neste caso, com certeza gente melhor e mais honesta e esclarecida do que aquelas que ao invés de ficar caladas ou se solidarizarem preferem falar asneiras preconceituosas e racistas como o senhor coronel.
A situação do país é gravíssima, não precisamos de intolerância, ignorância e nem de extremismos de ambas as partes, nem do lado das pessoas próximas as vitimas, muito menos dos desconhecidos que usam redes sociais e a mídia para vociferar bobagens e difundir ainda mais ódio.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

20 de março de 2018

Os ignorantes e as redes sociais!

Nossas mães contam algumas mentiras que dificultam ter sentimentos de humildade e simplicidade. É provável que lhe tenha dito: meu filho, você nasceu para ser feliz! Mentira, você nasceu e até pode ser feliz, mas vai ter quer dar uma "raladinha" antes! Teremos que trabalhar com competência, compreender o mundo e batalhar demais na estrada do autoconhecimento.
Maioria das pessoas que se informam pelas redes sociais não querem questionar suas certezas absolutas: iludidas, pensam que sabem!
Outras mentiras foram: "Você é insubstituível! Você é o mais lindo do mundo! Ninguém é mais inteligente que você! Meu filho você sabe tudo!". Esta criança, agora adulta, acredita piamente nisto, afinal foi sua mãe que lhe disse e nossa progenitora quase sempre é a principal referência. Os outros estarão sempre errados e assim surgem os profissionais soberbos que nunca erram diagnósticos, cálculos e nem emitem conceitos errados!
E assim surgem as pessoas que nunca pedem perdão e reconhecem erros, por mais explícitos que sejam! Se possível nunca fale estas frases para os filhos, pois não elevam a autoestima e criam um soberbo! O filho pode ser lindo e inteligente, mas não precisa ser o melhor do mundo, sempre haverá os tão inteligentes quanto ele; nem por isto deixará de ser amado e admirado! O céu apenas com uma estrela seria muito sem graça.
A humildade verdadeira nos coloca na real insignificância no universo enquanto indivíduo e a simplicidade nos permite dividir esta visão com todos, visto que todos têm a mesma significância no universo, ou seja, nenhuma! Que me desculpem os soberbos, orgulhosos, poderosos, gurus e intelectuais, a sabedoria se manifesta apenas quando se soma simplicidade com humildade!
O excesso de informação promove a ignorância, tanto quanto a falta dela! Excesso de informação faz as pessoas acreditarem nas redes sociais. Não acreditem em nada do que se lê nas redes sociais. Simples assim. Sempre, sempre mesmo, confira em fontes confiáveis de jornais e instituições sérias. Claro, é difícil viver desconfiado, mas somos liderados por Temer, Trump, Putin, Theresa May, Maduro e outros, não temos como confiar em nada de primeira!
GATO POR LEBRE
Quando recebo alguma informação, vou conferir antes de comentar. Recebi como manifestação de pesar pela morte do cientista Stephen Hawking uma postagem com seus olhos e um de "seus" pensamentos. Depois de apreciar o pensamento decidi aproveitá-lo nas minhas reflexões e descobri que o referido conteúdo não era de Hawking, mas sim de Daniel Joseph Boorstin, um historiador, professor e escritor norte-americano que atuou como diretor da Biblioteca do Congresso Americano, uma das mais importantes do mundo contemporâneo.
"O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mas sim a ilusão de conhecimento", afirmava Boorstin, que morreu em 2004. As pessoas, por receberem muita informação, pensam que adquiriram conhecimento, quando na realidade apenas se informaram, ficaram sabendo que aquilo existe. Quem recebe e guarda a informação em arquivos, não significa que obteve o conhecimento que advém da reflexão, compreensão e abstração.
Informação vem pronta, já conhecimento é mentalmente construído por cada um em sua memória! A maioria das pessoas tem a ilusão de que tem conhecimento, quando verdadeiramente não o tem! Talvez, em um bar, Boorstin diria: o pior ignorante é aquele que se acha esperto, inteligente e bem informado! Hoje poucos são ignorantes por que não têm acesso à informação. A maioria dos ignorantes digitais estão iludidos e são incapazes de refletir. Esta incapacidade vem: 1) da fonte da certeza absoluta em tudo que fazem e pensam, 2) da correnteza dos dogmas insanos e 3) da tranquilidade dos mares da preguiça mental em questionar, ingerindo tudo pronto como verdade.
Quem me presenteou com Stephen Hawking, por engano me deu Daniel Joseph Boorstin. E perguntei pessoalmente: qual a razão do envio da mensagem? O amigo disse: "A mídia toda só falava da morte dele e como recebi eu repassei para muitas pessoas, me pareceu interessante e chique! ". Mal sabia o amigo que a obra mais importante de Boorstin é o livro "A imagem" que discorre sobre como a mídia influencia o comportamento social, como ela comanda a sociedade.
Que coincidência!

Autor: Alberto Consolaro é professor titular da USP - Bauru. Escreve todas as terças-feiras no Jornal da Cidade - JC.

19 de março de 2018

As mentiras de um prefeito que nunca foi prefeito!

Em apenas quinze meses de gestão, João Agripino da Costa Doria Jr. (PSDB-SP) viajou muito, excessivamente, e na maioria absoluta das viagens nunca tratou de assuntos que pudessem ser revertidos em ações concretas para o município de SP. Em 90% de suas viagens praticamente tratou de sua carreira política, de seus negócios presentes e futuros. Assim como José Serra prometeu governar por quatro anos, porém, antes mesmo do segundo ano de gestão abandona a cidade nas mãos de um vice-prefeito. Um dia quem sabe o eleitor paulistano vai aprender a identificar distinguir o carreirista egocêntrico do gestor público, neste dia, dificilmente pessoas como Doria conseguiram enganar novamente seus eleitores.
Nos 15 meses que esteve no cargo de Prefeito da maior cidade da América do Sul Dória fez o seguinte:
   a. Instalou telas para esconder moradores de rua em grande avenida da cidade. Alegou que não e foi desmentido pelos próprios funcionários da prefeitura.
Fonte: http://sao-paulo.estadao.com.br/…/geral/tela-oculta-morador…
   b. Declarou guerra contra a arte de rua e pintou painéis urbanos de cinza. Meses depois, disse que avaliou mal a questão e inaugurou painéis pela cidade.
Fonte: https://g1.globo.com/…/doria-diz-que-avaliou-mal-a-questao-
   c. Visando o populismo, o prefeito se fantasiou de gari para iniciar o programa Cidade Linda, que buscava ampliar os serviços de limpeza e zeladoria na cidade. Até dezembro, todos os índices de zeladoria apresentaram resultados piores que no ano anterior.
Fonte: https://oglobo.globo.com/…/doria-se-veste-de-gari-para-lanc…
Fonte: http://sao-paulo.estadao.com.br/…/geral,sob-doria-servicos-…
   d.Resolveu mudar o nome do Bom Retiro para “Little Seul”. Após críticas, alegou que o nome não seria mudado oficialmente.
Fonte: https://exame.abril.com.br/…/doria-quer-renomear-bom-retir…/
   e. Desmantelou a Virada Cultural em cinco palcos em bairros diferentes. Ao descaracterizar e descentralizar o evento, que tinha a ideia de fazer as pessoas transitarem pelo centro de São Paulo ao se locomoverem entre as atrações, o evento registrou seu menor público desde a criação, em 2005.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/1886201-programacao-descentr…
   f. Em seu ato mais desastroso, visando acabar com a Cracolândia, João Dória promoveu uma ação de guerra contra civis. Com total desrespeito à dignidade e a existência humana, o prefeito usou de violência, demolição de um abrigo com pessoas dentro e pediu ao MP a internação compulsória de usuário de drogas. A ação espalhou os usuários de crack pela cidade e iniciou diversas “minicracolândias”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/1886039-apos-acao-policial-s…
Fonte: https://g1.globo.com/…/cracolandia-se-expandiu-da-luz-para-…
   g.Semanas depois, João Dória anuncia o lançamento do projeto “Nova Luz”, que visa à demolição da arquitetura histórica de parte do centro para renovação e construção de modernos edifícios aos moldes da Berrini. O que justificaria a barbárie na Cracolândia.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/1886253-alckmin-adota-discur…
   h. O prefeito mandou aplicar jatos d’água em moradores de rua. Ao ser questionado, o prefeito alegou “foi um descuido”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/1902707-com-frio-recorde-mor…
   i. Tentou distribuir farinata ou “ração humana”, para a população carente. Ao ser duramente criticado pela adoção do “alimento”, João Dória alegou “o pobre tem fome, o pobre não tem hábito alimentar”. Ao ver a medida se transformar em publicidade negativa, o prefeito voltou atrás com o projeto.
Fonte: https://oglobo.globo.com/…/um-mes-apos-defender-farinata-do…
   j. Durante grande parte do ano, viajou a outros estados para receber premiações em um esforço de pré-campanha presidencial. Ao ser criticado, alegou que consegue administrar a cidade pelo celular. Ao ver sua popularidade e aprovação despencaram pela população e pelo partido, João Dória voltou atrás.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/…/mp-investigara-viagens-de-…
   k. Para mascarar números da gestão, Dória age para dificultar acesso a dados e viola a Lei de Acesso à Informação. Secretário da Comunicação disse em gravação que vai “botar pra dificultar” pedidos de jornalistas.
Fonte: http://sao-paulo.estadao.com.br/…/geral,gestao-doria-dificu…
   l. Com suas “doações”, a gestão Dória concedeu diversos “favores” aos doadores. Operou livremente a mão invisível do mercado. Um exemplo disso foram às doações de remédios próximos ao fim da sua validade, onde as empresas se livraram dos custos de descarte e ganharam R$66 milhões em isenções fiscais.
Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/…/GESTAO-DORIA-DESCARTA-ATE…
   m. Publicou um “showreel” da cidade e anunciou o maior programa de privatizações de São Paulo. O prefeito queria realizar 55 privatizações e PPPs leiloando São Paulo à iniciativa privada. Nada fez.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/1920739-camara-da-aval-a-dor…
   n. Contrariando tendências mundiais, lançou o programa Marginal Segura que aumenta a velocidade máxima nas pistas das Avenidas Marginais Tietê e Pinheiros. O prefeito dificultou o acesso às informações públicas e não é possível obter informações concretas sobre o número de acidentes, mas foram registradas 20 mortes no período.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/…/1881765-marginais-sob-doria-…  
   o. Sem construir um único quilômetro de ciclovia, João Dória burocratizou o processo de ampliação da malha cicloviária. E em alguns pontos, removeu a ciclovia em prol de comerciantes que alegavam perder vagas de estacionamento em seus negócios. Só em 2017, foram 32 ciclistas mortos em São Paulo.
Fonte: https://g1.globo.com/…/mortes-de-ciclistas-crescem-55-em-sa…
   p.Cortou a verba da saúde e com isso, paralisou as obras nos hospitais da Vila Brasilândia e Parelheiros, que atendem parte da demanda das periferias norte e sul da cidade.
   q. Cortou o transporte escolar e disse aos pais para mudarem filhos de escola.
Fonte: http://www.agora.uol.com.br/…/1934686-doria-quer-mudar-alun…
   r. Em uma posição autoritária, João Dória demitiu ou afastou diversos funcionários que fizeram declarações contrárias a suas decisões.
Fonte: https://oglobo.globo.com/…/doria-demite-subprefeito-ameaca-…
                 Aumentou exponencialmente o investimento em propaganda, enquanto cortou orçamento de diversas secretarias importantes. Anunciou o fim da rede de atendimento ambulatorial, as AMAs. E irá encerrar as atividades de 108 ambulatórios que prestam atendimento a população de baixa renda.
Por final, deixo aqui o último tópico que pretendo acrescentar a essa lista (que não teria fim, afinal, novos fatos vão surgindo a todo o momento).
João Agripino Dória, que se vendeu como sendo parte da nova política e se posicionou como um gestor e não um político, se lançou como pré-candidato ao governo de São Paulo e irá abandonar a prefeitura nas mãos de Bruno Covas.
É mais um que se junto ao grupo de estelionatários eleitorais, enganando seus eleitores e os demais cidadãos do município, ao trocar seu mandato, para o qual foi eleito, por uma nova chance eleitoral como candidato a governador do Estado de SP.
Espero que os eleitores paulistanos e paulistas tenham aprendido com estes exemplos, e possam nas eleições de 2018 e 2020 dar o troco, tirando este senhor da vida pública ao negar seus votos a este tucano promessinha.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

https://theintercept.com/2018/03/18/o-unico-compromisso-de-doria-e-com-a-gestao-da-sua-carreira-politica/

12 de março de 2018

Sobre a segurança pública no RJ!

A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos,
ela se afasta dois passos. Caminho dez passos,
ela se afasta dez passos. Por mais que eu caminhe
jamais a alcançarei. A Utopia serve para que
jamais deixe de caminhas em sua direção.
Eduardo Galeano

Com relação a terrível situação de insegurança vivida pelo povo do Rio de Janeiro, que, aliás, não é um dissabor apenas do Estado do RJ, mas sim de vários Estados brasileiros atingidos por esta situação de descalabro, penso que apenas a presença de um grupamento militar não vai resolver o problema.
Para que isso começasse a surtir efeito, seria preciso planejamento, recursos, coragem, inteligência e a união de esforços dos 3 poderes constituídos no país. Pois, o tempo foi passando no Brasil e a única coisa que evoluiu foram à corrupção, os desmandos no poder público e as organizações criminosas.
Portanto, a solução está no começo de um processo que deveria englobar vários aspectos que dificilmente veremos no nosso país. Nossos políticos no Congresso e nas Assembleias Estaduais, bem como nossos governantes e demais autoridades, não estão preocupadas em fazer o certo, em resolver os problemas de forma definitiva.
Preferem ações de marketing, sem no entanto, usar os recursos públicos de forma parcimoniosa, começando com um planejamento integrado das mudanças a serem realizadas.
Ao contrário, colocam os militares do exército nas ruas com seus blindados e esperam que todos os problemas de segurança pública desapareçam como num passe de mágica. 
Para começar listo algumas providências que deveriam ser planejadas e executadas pelas autoridades brasileiras, não necessariamente nesta ordem exposta:
      A.  Reestruturação completa das forças policiais do Estado;
      B.  Pagamento dos salários atrasados aos servidores públicos do RJ; 
      C.  Demissão dos policiais corruptos ou que cometeram crimes de quaisquer naturezas;
      D.  Troca de todo o comando da Policia Civil e Militar do Estado;
      E.   Aquisição em caráter emergencial de armas, viaturas, munições, coletes, e demais equipamentos necessários para a atividade policial;
      F.   Construção e ampliação do sistema prisional do RJ;
      G.  Envio de lideres das organizações criminosas para presídios federais de segurança máxima;
      H.  Bloqueio completo da entrada de armas de quaisquer naturezas e drogas no Estado seja pelo mar, terra ou ar;
      I.    Fazer uma completa varredura nos presídios e eliminar qualquer contato destes meliantes presos com suas gangues fora do presídio e do Estado;
      J.   Implantar um trabalho de aproximação das forças policiais com as comunidades de toda cidade e aos poucos fazê-lo no restante do Estado;
      K.  Implantar nas comunidades, Postos de Saúde, Novas Escolas, principalmente unidades técnicas e profissionalizantes;
      L.   Começar a reprimir nas ruas os pequenos delitos com a máxima de que o pequeno marginal de hoje será o traficante do amanhã. Evitando que o comando do tráfico possa se alimentar do produto dos roubos e da mão de obra destes pequenos bandidos;
      M. Investimento redobrado em Educação;
      N.  Implantação de Programas de Esporte, Cultura e Lazer nas comunidades localizadas nas favelas e periferia, assim como, na Baixada Fluminense;
Claro que as medidas isoladamente não vão resolver os problemas graves que colocaram o RJ na UTI da violência. Porém, sem fazer nada ou apenas colocando tanques nas ruas é que não serão resolvidos em tempo algum.

Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

10 de março de 2018

Admirável mundo novo!

Mais uma vez o Brasil é retardatário. Ainda estamos com os dois pés no século 20, tentando responder a uma agenda de reformas necessárias que há tempos deveria ter sido equacionada. A velha polarização esquerdo-direita, um anacronismo reduzido à insignificância em países como a França e a Alemanha, ainda dá o tom na política brasileira. 
A Europa e os Estados Unidos concentram suas energias na corrida da inovação e em busca de respostas para os desafios de um mundo em intensa transformação. Estão focados na Quarta Revolução Industrial e no mundo novo que virá a partir da disseminação da inteligência artificial e da robótica.
Já as nossas estão voltadas para fazer a reforma de uma previdência estruturada quando estávamos na era da segunda revolução industrial, com produção intensiva de mão de obra. Também pensamos reformar o sistema tributário com os olhos focados no retrovisor, sem levar em conta as alterações no modo de produzir e de como a sociedade vai se estruturar com as mudanças advindas da neorrevolução tecnológica.
Certamente, não estamos respondendo como será o sistema tributário da sociedade do “não-trabalho” e qual será o sistema de proteção social para o imenso exército dos sem-trabalho. O desafio, portanto, será bem maior do que o de  ter um sistema previdenciário exequível.
Não se pode reagir diante da robótica e da inteligência artificial da mesma maneira da classe operária inglesa descrita por Engels. Nos meados do Século XIX operários destruíam máquinas para impedir a substituição da manufatura por máquinas industriais. 
Em todas as eras as revoluções tecnológicas trouxeram enormes benefícios para a humanidade. Não será diferente com a Quarta Revolução. Sem dúvida, impactará, e para melhor, em nossas vidas.
Surpreendentemente foi Luciano Huck quem fez uma boa provocação por meio do artigo “Tá Ligado?” publicado recentemente no jornal Folha de S. Paulo. Ali ele dá uma pálida ideia do admirável mundo novo que se anuncia: “sim, os carros serão autônomos muito em breve. Sim, o córtex humano estará conectado à nuvem. Sim, vamos poder fazer download de nossa memória. Sim, vamos usar minérios vindos do espaço. Sim, você poderá escanear seu corpo em casa, gerando um diagnóstico imediato. Sim, a inteligência artificial é uma realidade e irá engolir o mundo”.
De fato, haverá enormes ganhos para a humanidade. Pela primeira vez está dada ao homem a possibilidade de se livrar do trabalho enfadonho e repetitivo, podendo direcionar sua energia e tempo para a sua realização pessoal.
Nos meados do século XIX, quando a jornada de trabalho era de 12 horas, o escritor e jornalista francês Paul Lafargue escreveu sua obra polêmica “O Direito à Preguiça”. Pois bem, não estão distantes os dias em que o homem poderá usufruir desse direito sem ter a sua sobrevivência ameaçada.
A globalização iniciada nas últimas décadas do século passado retirou centenas milhões de pessoas da linha da pobreza e democratizou o consumo tornando os produtos acessíveis para camadas antes excluídas do mercado de massas. Esse processo se intensificará em escala exponencial com a Quarta Revolução Industrial. A massa de riqueza gerada será suficiente para resolver as crises humanitárias e para financiar um mundo ambientalmente sustentado.
Mas como as revoluções industriais antecedentes, a Revolução 4.0 também terá seus impactos negativos.  A robótica e a inteligência artificial substituirão 47% da mão de obra tradicional. O novo desafio é o que fazer com esse exército de deslocados, tanto para dar sentido a suas vidas, como para garantir a sua sobrevivência.
Propostas antes tidas como lunáticas são debatidas no santuário da inovação tecnológica, o Vale do Silício.  Mentes arejadas como a de Bill Gates apontam a tributação dos robôs como um dos caminhos para o financiamento da alocação do contingente dos “sem-trabalho” em outras atividades sociais. A ideia da renda mínima universal é experimentada na Finlândia é admitida por políticos antenados como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
O grande desafio para as próximas décadas é definir como serão repartidos os benefícios gerados pela robotização e pela inteligência artificial. Com elas, estarão criadas as condições objetivas não apenas para o homem se livrar do trabalho pesado e repetitivo. Também estarão dadas as condições para a conquista da igualdade, bandeira que a humanidade persegue desde a Revolução Francesa.
Nesse quadro a questão da distribuição da riqueza é o grande objetivo a ser perseguido na primeira metade do século 21, assim como a democracia foi o grande valor que se afirmou ao final do século 20.
Não se trata de um simples retorno ao Estado de Bem-Estar Social, pois isto seria inexequível. Mas de reinventá-lo nas condições da sociedade do conhecimento. Por aí o admirável mundo novo poderá ser o reino da prosperidade, da liberdade e da felicidade.
Autor: Hubert Alquéres é professor e membro do Conselho Estadual de Educação (SP). Lecionou na Escola Politécnica da USP e no Colégio Bandeirantes e foi secretário-adjunto de Educação do Governo do Estado de São Paulo.

4 de março de 2018

Aquecimento global põe o Ártico em polvorosa!


Em uma época em que o sol não se levanta, foi quebrado o recorde de temperaturas positivas: 61 horas seguidas.
Não há novidade em dizer que toda a região em torno do polo Norte –Alasca, Groenlândia, Svalbard, Rússia– está esquentando com o dobro da velocidade do restante do planeta. O povo pode não prestar atenção, como de hábito. Mas os cientistas sabem disso há bastante tempo, e até eles estão surpresos com a velocidade da mudança climática por lá.
Neste inverno, o Ártico enlouqueceu. Numa época em que o sol não se levanta, bateu o recorde de temperaturas positivas: 61 horas seguidas. A marca anterior era de 16 horas. Se isso não for capaz de chocar o leitor, como deveria, aqui vai outra forma de apresentar essa anomalia: o termômetro registra 10°C a 20°C acima do que seria normal para a estação.
Na semana que passou, choveu em Svalbard, a meros 1.300 km do polo, onde é no mínimo incomum chover no inverno. A temperatura subiu a 3°C, enquanto a Europa mergulhava na onda de frio que se apelidou de Fera do Leste.
O mar ao norte da Groenlândia ficou livre de gelo, outra raridade num mês de fevereiro. Especialistas acompanham por satélite a extensão do gelo marinho –a famosa calota polar– e vêm medindo em 2018 a menor cobertura durante o inverno. Há boas razões para crer que se iniciou uma reação em cadeia.
Com a sucessiva redução da calota nas últimas décadas, o gelo que sobra de um ano para outro torna-se cada vez menos espesso. Ele se quebra e dispersa rápido sob a ação de tempestades mais frequentes e poderosas, vindas do sul, que levam ar quente para as imediações do polo.
O gelo, branco, reflete grande parte da luz do sol (diz-se que ele tem um albedo alto). Já a água do mar exposto quando a calota desaparece, escura, absorve radiação e se aquece. Menos gelo se forma, e assim por diante.
Alguns pesquisadores preveem que em breve o Ártico ficará livre de gelo no verão. Consideram o processo irreversível nos próximos séculos. Seria o “novo normal”, expressão que se populariza. Habitantes de outras partes do planeta talvez considerem que a transformação do Ártico pouco afeta suas vidas. Quando muito se compadecem do destino dos ursos polares, coitadinhos, que precisam da calota polar para caçar focas desavisadas.
Estão errados. O clima global é um sistema todo interconectado. O que acontece no Ártico não fica no Ártico. A muralha de ar enregelante que se assenta sobre o polo ganha buracos, por onde escapam massas de ar frio que turbinam os invernos rigorosos na América do Norte e na Europa. Há evidências de que a mudança do clima ártico desencadeia as secas que assolam a Califórnia, por exemplo.
Quem circula pelas ruas de Oslo vê uma quantidade enorme de carros elétricos. Na Alemanha, cogita-se banir os carros a diesel de Stuttgart, cidade natal da Daimler Benz. A Índia segue o caminho da China e começa a rever o consumo de carvão. Para tanto, passa a investir pesado em fontes alternativas de energia, eólica e solar.
O mundo está mudando, embora não no ritmo necessário. Enquanto isso, o Brasil anda para trás. O desmatamento, ainda a nossa maior fonte de emissões de gases do efeito estufa, dá sinais de recrudescer –e o Supremo Tribunal Federal, mesmo assim, chancela um Código Florestal que anistiou quem devastou floresta ilegalmente.
Atrasos têm consequências funestas, aprenderemos logo.


Marcelo Leite - É repórter especial da Folha, autor dos livros 'Folha Explica Darwin' (Publifolha) e 'Ciência - Use com Cuidado' (Unicamp). Escreve aos domingos e às segundas.