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2 de dezembro de 2015

Frutos estranhos na UNESP - Bauru!


A tinta fresca da caneta golpeou alunas e alunos da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, a FAAC, pela segunda vez em 2015. Após as ofensas ao professor Juarez Xavier, em julho deste ano, um segundo ato de covardia se descortinou no campus da universidade, na manhã da última segunda-feira (30/11): inscrições machistas, racistas, homofóbicas, sexistas. O ódio escorreu pelas paredes da FAAC.
Um mural de podridão e de segregação. Tentativa de apagar o outro em suas diferenças. Sobretudo, a vontade de silenciar quem resiste e de humilhar quem, um dia, silenciou (mas, já não cala).
Enquanto você, leitor, passa os olhos ávidos por esta tribuna, as estudantes e os estudantes, que tiveram os seus nomes escarnados no banheiro da universidade, e o diretor da FAAC, Nilson Ghirardelo, provavelmente, fazem boletins de ocorrência na Central de Polícia Judiciária da cidade.
Racismo. Machismo. Homofobia! Os crimes – sim, crimes! – precisam do nosso repúdio. A UNESP não pode aceitar novos atos de mau-caratismo. Fascismo. Estupidez! O diálogo deve reinar no ambiente universitário; bem como a consciência coletiva, os valores democráticos e a aceitação universal do outro em suas diferenças. Não podemos, como denunciava a pianista e ativista Nina Simone (1933-2003), na canção “Strange Fruit” (1965), tolerar que o ódio e o preconceito “escorram” pelas veias da sociedade – e, pasmem alguns, no ambiente universitário.
Os “frutos estranhos” não podem mais sofrer – como sofreram os negros no Sul dos Estados Unidos, enforcados e pendurados em árvores por suas diferenças, como acusava Simone (“Corpos negros/ balançando na brisa do sul/ como fruto estranho pendurado”). As estudantes e os estudantes, as professoras e os professores, gays, negros e mulheres da Universidade Estadual Paulista não serão os próximos “frutos estranhos”.
Os atos covardes servem para fortalecer quem já luta há séculos. Resiste há décadas. A comunidade “unespiana” não pode tolerar a segregação e a discriminação. Solidariedade às ofendidas e aos ofendidos [em especial, a uma amiga de longa data]. A força, está com elas/eles! O tempo de mudança chegou.

O autor Gabriel Cortez é jornalista e mestrando no Programa de Pós-graduação em Comunicação da FAAC - UNESP/Bauru.

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